'A Getnet planeja entrar na Europa no ano que vem'

Ap�s se expandir para Chile, Argentina e M�xico, a Getnet, empresa de maquininhas do Santander Brasil, est� de malas prontas para desbravar a Europa em 2022. No ano seguinte, o destino ser�o os Estados Unidos. De uma startup, criada no Rio Grande do Sul em 2003, a empresa se tornou pe�a-chave nos planos do espanhol Santander de criar uma plataforma global de pagamentos.

Ao Estad�o/Broadcast, o presidente da Getnet, Pedro Coutinho, falou sobre os desafios no caminho para atingir esse alvo. Abaixo, os principais trechos da entrevista:

O Banco Central devolveu aos lojistas os receb�veis. A ado��o da regra foi marcada por problemas operacionais, com empurra-empurra entre as registradoras. Quais s�o as suas expectativas?

Esse � um projeto de quase dois anos. N�o � simples. � um projeto que cria um novo modelo para o mercado, d� mais transpar�ncia aos receb�veis e a oportunidade de escolha aos estabelecimentos. A gente j� sabia que n�o seria uma implementa��o f�cil pelo ecossistema, que envolve bancos, clientes, registradoras e credenciadoras. Tivemos dois dias bem dif�ceis e conseguimos colocar para funcionar (o novo modelo) com uma ou outra intermit�ncia. J� foi muito melhor.

Para o lojista, a nova regra deve representar mais cr�dito, a menores taxas?

A nova regra vai gerar uma competitividade maior, dar a oportunidade de mais empresas brigando pelo cliente e, a exemplo do que vimos em outros neg�cios, como no cr�dito consignado (com desconto em folha), financiamento de ve�culos e imobili�rio, que cresceram exponencialmente nos �ltimos dez anos, acredito que isso tamb�m vai acontecer com os receb�veis.

O PIB brasileiro veio melhor do que o esperado, mas o cen�rio de retomada � acompanhado de uma vacina��o lenta, ru�dos pol�ticos e crise energ�tica. De que forma esse ambiente se reflete no desempenho do mercado?

O setor de meios de pagamentos tem se demonstrado ao longo dos �ltimos 11 anos resiliente. No ano passado, a gente cresceu. No primeiro trimestre, crescemos 11,3%. Muita gente n�o acreditava que a ind�stria de pagamentos poderia crescer dois d�gitos com a retirada do aux�lio emergencial, e n�s crescemos.

Para 2021, a expectativa (de crescimento) se mant�m entre 18% a 20%?

Sim. Acredito neste n�mero. O varejo em maio foi muito bem, e o setor est� no meio desse processo. A gente ajuda os estabelecimentos, que ainda n�o s�o, a se bancarizar e se digitalizar. Quando a gente olha para o mundo digital, estamos vendo alguns estabelecimentos vendendo mais depois da pandemia. Estamos em uma ind�stria que est� crescendo porque tem ajudado os clientes a venderem mais.

Ent�o, a proje��o ser� alcan�ada mesmo em um cen�rio macro ainda desafiador?

A gente acredita que sim. Outro ponto importante � que a previs�o de que os gastos das fam�lias atrav�s dos meios de pagamentos digitais chegariam a 60% em 2022 ser� batida tamb�m.

A pandemia teve algum papel no alcance dessa meta?

Sem sombra de d�vidas, sim, de tr�s formas. A primeira foi o aux�lio emergencial. A gente viu um peda�o da popula��o se bancarizar e se digitalizar. O segundo ponto � que as empresas de e-commerce tiveram um papel important�ssimo. O terceiro � que, quando veio a pandemia, n�o foi uma orienta��o do CEO ou do diretor de tecnologia. Quem mandou foi a covid. A covid disse o seguinte:"Arruma aqui o mundo digital, porque sen�o vai ficar para tr�s". A gente viu as empresas se transformarem. Os pequenos que n�o vendiam nada (no digital) passaram a vender.

A Getnet se prepara para ser uma empresa solo e listada em bolsa. Como est� o processo?

Ao longo dos �ltimos dois anos, trabalhamos com a �rea global do banco, que entende que a Getnet pode ser multiplicada. Temos uma equipe de tecnologia separada, dedicada para essa empresa global. O banco tomou a decis�o de que, para esse processo e gera��o de valor, teria de fazer um spin-off da Getnet do Santander Brasil. Isso foi feito e autorizado no fim de mar�o. N�s ingressamos com o pedido junto ao Banco Central e esperamos que isso (a autoriza��o) ocorra at� o fim de setembro. Mas est� na m�o do regulador. Temos de esperar. Estamos seguindo o processo de que tem de ser feito junto � CVM (Comiss�o de Valores Mobili�rios) e � Nasdaq.

A listagem vem neste ano?

Se tudo der certo, como a gente acredita que vai dar, ser� no quarto trimestre.

Em quais pa�ses a Getnet quer estar que ainda n�o chegou?

A gente j� implantou a Getnet no M�xico. Estamos operando na Argentina e no Chile. Temos um planejamento para ingressar na Europa no ano que vem e, em 2023, nos EUA.

H� mais aquisi��es no radar?

Nos �ltimos anos, fizemos algumas aquisi��es que completassem nossa oferta de valor e melhorassem nossos servi�os. O que est� no nosso alvo? Nesse momento, nada. Nosso foco est� em consolidar as empresas que compramos, e, ao mesmo tempo, a prioridade � todo o tema da expans�o da Getnet em outros pa�ses.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.