O Brasil vive a segunda grande crise energ�tica em 20 anos e a pergunta que fica �: existe solu��o para esse c�rculo vicioso? Uma das sa�das para o problema � a diversifica��o da matriz energ�tica, que j� come�ou e vai ganhar velocidade a partir dos pr�ximos anos.
Segundo Cl�udio Frischtak, s�cio da consultoria Inter.B, o risco para a energia hidrel�trica aumentou bastante nos anos recentes, com as mudan�as clim�ticas e o desmatamento na Amaz�nia. "O desmatamento tem efeito enorme no regime hidrol�gico", diz Frischtak.
Se a quest�o do desmatamento n�o est� resolvida, conforme mostram os sucessivos recordes de destrui��o da floresta, a matriz energ�tica brasileira vai ficar bem mais diversa nas pr�ximas d�cadas. Em 2050, segundo estudo da consultoria Bloomberg New Energy Finance, cerca de 32% da energia nacional viria do sol, enquanto a hidrel�trica cairia para 30%. A e�lica, por sua vez, subiria para 14,2%.
Para os pr�ximos anos, o governo estima que ser� necess�rio incrementar a matriz energ�tica em 6 gigawatts por ano. Boa parte desse n�mero deve vir da energia solar. Somente em 2021, a Associa��o Brasileira da Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) estima que os investimentos ser�o de R$ 22,6 bilh�es, o que geraria um crescimento de 4,9 gigawatts. "O Brasil tem boa incid�ncia solar de Norte a Sul, ent�o d� para gerar energia el�trica com competitividade", diz Rodrigo Sauaia, CEO da Absolar.
Algo que pode potencializar esses ganhos e aumentar a escala da gera��o distribu�da, que � a modalidade de gerar luz para consumo pr�prio com placas solares. Tramita no Congresso o projeto de lei 5829/19, que � o marco legal da gera��o distribu�da e traria mais seguran�a jur�dica para investidores.
Atualmente, h� instabilidade jur�dica no segmento, j� que toda a regulamenta��o ocorre por resolu��es da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel). Nas contas da Absolar, o marco legal ajudaria a acelerar R$ 139 bilh�es em novos investimentos at� 2050.
Por�m, h� resist�ncia de distribuidoras e tamb�m de institui��es ligadas � defesa do consumidor. O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec), por exemplo, diz que h� incentivos atuais para o setor que est�o pesando o bolso dos mais pobres, que pagam contas de energia mais caras, enquanto os mais ricos conseguem se utilizar dos benef�cios. A Aneel calcula que subs�dios dever�o ser de R$ 55 bilh�es at� 2035.
As empresas defendem que o marco viabilizar� investimentos. A Arax� Solar, por exemplo, estima que ir� investir em R$ 750 milh�es na constru��o de 45 usinas de gera��o distribu�da. Segundo Rodolfo Pinto, presidente da empresa, esse valor pode aumentar caso o projeto seja aprovado no Congresso.
J� a gigante Enel tem plano de investir � 5 bilh�es no Brasil entre 2021 e 2023. Hoje, cinco projetos (quatro e�licos e um solar) est�o na fase de investimentos. "As discuss�es do futuro n�o podem ser atrapalhadas pela atual crise. N�o podemos colocar em d�vida o destino do Brasil de ser uma pot�ncia em energia limpa", diz Nicola Cotugno, presidente da Enel Brasil.
No entanto, na aprova��o da MP que pode permitir a capitaliza��o da Eletrobr�s, foi colocado um jabuti que obriga o governo � contrata��o de energia de usinas termoel�tricas a g�s natural, que geram uma eletricidade at� dez vezes mais cara.
Segundo Rodrigo Pedroso, diretor de energia da Federa��o das Ind�strias de S�o Paulo (Fiesp) e CEO da Pacto Energia, a utiliza��o das termoel�tricas deveria ser desestimulada. "Precisamos ter um programa robusto de inser��o massiva das renov�veis para que tenhamos energia boa e barata", diz.
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