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Estado de Minas ECONOMIA

Mulheres lideram setor de pesquisa em cana-de-a��car


20/06/2021 07:40

Num setor tradicionalmente comandado por homens, duas mulheres foram escolhidas para comandar as pesquisas do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) - empresa l�der na ci�ncia da cana-de-a��car. Adriana Capella e Silvia Yokoyama s�o as respons�veis pelo desenvolvimento de novas variedades, mais eficientes e resistentes �s pragas. O objetivo � dar ao setor um ganho de produtividade semelhante ao que ocorreu com o milho e a soja no Brasil.

Adriana, de 49 anos, � bi�loga formada pela Universidade de S�o Paulo (USP) e com mestrado em bioqu�mica pela Unicamp. Trabalhou na multinacional Monsanto, na �rea de transforma��o gen�tica de plantas, e passou os �ltimos quatro anos em Saint Louis, nos Estados Unidos, trabalhando com outras culturas agr�colas. No ano passado, recebeu proposta para liderar a �rea de pesquisa e desenvolvimento do CTC e voltou ao Brasil com o desafio de desenvolver tecnologia capaz de melhorar a efici�ncia dos canaviais.

Antes de Adriana, a engenheira de alimentos Silvia, de 55 anos, tamb�m havia sido convidada para integrar a equipe do centro de tecnologia e liderar a �rea de regula��o das novas descobertas. Com mais de 15 anos de experi�ncia e mestre em agroneg�cio pela FGV, ela teve passagens pela Monsanto e Dow, trabalhando com outras culturas agr�colas, como soja, milho e algod�o.

Agora, as duas v�o trabalhar em parceria no CTC: uma desenvolvendo variedades geneticamente modificadas e outra trabalhando para a aprova��o das tecnologias nos �rg�os respons�veis. E h� muito trabalho pela frente. Ao contr�rio do que ocorreu com a soja e o milho, a cana-de-a��car n�o apresentou o mesmo aumento de produtividade e, em alguns casos, houve at� a regress�o por causa da mecaniza��o, diz Adriana.

Produtividade

"O papel da minha �rea � elevar essa produtividade da cana para ter um retorno maior da �rea plantada." Isso s� ser� poss�vel com o melhoramento gen�tico convencional e variedades geneticamente modificadas. Na avalia��o de Adriana, apesar de o setor produtivo ter muita inova��o, como a mecaniza��o, a quest�o da biotecnologia da cana ficou atrasada em rela��o a outras culturas que s�o mais globais.

Uma das metas da bi�loga � criar variedades que ainda n�o existem para controle de doen�as. Atualmente, o CTC tem seis variedades para o controle de pragas. Em maio deste ano, as duas profissionais conseguiram aprovar uma nova variedade de cana-de-a��car geneticamente modificada para combater a broca da cana, a mais importante praga que infesta os canaviais do Pa�s e causa preju�zos estimados em R$ 5 bilh�es por ano.

"Com essa aprova��o, o CTC passa a ter um portf�lio de variedades transg�nicas resistentes � broca que cobre todo o territ�rio da cana no Pa�s, adaptado �s lavouras dos variados climas e solos", diz Silvia. "Todo produto novo passa por novos ensaios para averiguar se realmente funcionam e se s�o seguros para serem consumidos." O trabalho � submetido aos �rg�os regulat�rios e ambientais e tamb�m enviado para pa�ses que importam do Brasil.

Mulheres

Apesar do ambiente predominantemente masculino do setor sucroalcooleiro, Adriana e Silvia n�o se sentem intimidadas. Hoje, 65% dos funcion�rios do CTC s�o homens, e a interlocu��o com o setor � basicamente feita com executivos, diz Silvia. Na �rea de ci�ncia, que inclui o Departamento Regulat�rio e Pesquisa e Desenvolvimento (P&D;), s�o 161 funcion�rios, sendo 50% mulheres. "Aqui n�o sinto nenhum tratamento diferente por ser mulher em rela��o a outros l�deres da empresa", diz Adriana.

Mas, em empresas anteriores, ela percebia a desigualdade e a falta de mulheres em posi��o de lideran�a. "Participei de in�meras reuni�es para tomada de decis�es em que eu era a �nica mulher entre 15 homens." A quest�o incomodava a bi�loga, que discutia o assunto com homens da fam�lia em posi��o de lideran�a e eles sempre argumentavam que escolhiam os profissionais por compet�ncia.

"Quando perguntava quantas mulheres tinham em cargos de lideran�a, ouvia que nenhuma. Ou seja, n�o havia nenhuma mulher competente para assumir a lideran�a de alguma �rea?", questionava. "Eles realmente n�o viam problema nisso."

Para Adriana, ter duas mulheres � frente da tecnologia do CTC tem um significado muito importante e representa uma inspira��o para outras. "N�o somos s� l�deres da ci�ncia, mas do neg�cio do CTC. Somos respons�veis pela tomada de decis�es que afetam o dia a dia e o futuro do neg�cio."

Bolsa

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) � uma empresa de biotecnologia e inova��o e uma das l�deres mundiais em ci�ncia da cana-de-a��car. Det�m um dos maiores bancos de germoplasma (material gen�tico de uma esp�cie) da cana no mundo, com mais de 4 mil variedades.

Atualmente, tem dois laborat�rios: um em Piracicaba (SP) e outro em Saint Louis (EUA). Nos dois locais, os cientistas desenvolvem trabalhos em transgenia e edi��o gen�tica. O portf�lio da companhia re�ne variedades de cana de alta produtividade e resistentes a doen�as e pragas.

Criado em 1969, o CTC tem entre seus principais s�cios a Copersucar, Ra�zen, S�o Martinho e o bra�o de participa��es do BNDES, o BNDESPar. Em outubro do ano passado, a empresa decidiu olhar novas oportunidades de crescimento e fez um pedido de registro para sua oferta inicial de a��es (IPO, na sigla em ingl�s). O objetivo era buscar recursos para investir em projetos de sementes sint�ticas, em sele��o gen�mica e em novos neg�cios.

Em janeiro, no entanto, com a deteriora��o do mercado, decidiu adiar a opera��o. Retomou em fevereiro e, no final de abril, interrompeu novamente o processo.

A empresa n�o desistiu de abrir o capital, mas vai aguardar o melhor momento para retomar o processo. Inicialmente, a ideia era fazer uma oferta prim�ria (dinheiro que entra no caixa da empresa) e uma secund�ria (dinheiro que vai para os acionistas que vendem seus pap�is). As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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