No momento em que o Banco Central reconhece fortes chances de estourar a meta de infla��o em 2021, o Conselho Monet�rio Nacional (CMN) deu continuidade � estrat�gia de reduzir a meta a ser perseguida pela autoridade monet�ria nos pr�ximos anos. Para 2024, o objetivo ser� uma infla��o de 3%.
A meta de infla��o � o norte do Banco Central em suas decis�es sobre o rumo dos juros no Pa�s. Al�m do alvo central, ela tem uma margem de toler�ncia, que ser� de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos em 2024. Isso significa que a infla��o dever� ficar entre 1,5% e 4,5%.
O �ndice de oficial de infla��o � o IPCA, divulgado mensalmente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) e que mede o impacto da varia��o de pre�os para fam�lias com renda entre um e 40 sal�rios m�nimos.
A nova redu��o da meta para 2024 � uma tentativa de mostrar compromisso com a ancoragem das expectativas para a infla��o, isto �, que ela seguir� sob controle apesar do estouro em 2021.
Em nota, o Minist�rio da Economia informou que a fixa��o da meta de 2024 em 3,0% � "coerente com a elevada credibilidade da pol�tica monet�ria". Segundo o governo, a expectativa de infla��o futura, projetada no Boletim Focus, "mostrou-se ancorada" � trajet�ria de redu��es da meta anteriores, assim como a vari�ncia das expectativas de infla��o tem ca�do substancialmente. "Tais evid�ncias revelam que a pol�tica monet�ria e as metas s�o cr�veis, o que elimina os poss�veis custos de redu��o de seus percentuais", disse.
Nos �ltimos dias, analistas se dividiram entre as apostas de 3,0% ou 3,25% para a meta porque a busca de uma infla��o ainda menor poderia, para uma ala, representar maior custo em termos de juros.
Mais ambicioso
O objetivo fixado pelo governo � mais ambicioso do que nos anos anteriores e d� sequ�ncia ao processo de redu��o gradual da meta de infla��o, iniciado em 2017. Desde aquele ano, o CMN tem cortado o objetivo em 0,25 ponto porcentual a cada ano.
Na �poca, a meta de infla��o era de 4,5%, objetivo que foi mantido para 2018. Em seguida, o porcentual caiu para 4,25% em 2019 e 4,0% em 2020.
Neste ano, o objetivo perseguido pelo Banco Central � de 3,75%, tamb�m com margem de toler�ncia de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos. Os pr�prios analistas, por�m, j� esperam um estouro da meta em 2021.
Alta nos pre�os de alimentos, c�mbio e mais recentemente a perspectiva de aumento nas tarifas de energia el�trica, diante da seca hist�rica que amea�a o abastecimento, s�o fatores que t�m impulsionado a infla��o. O Boletim Focus, coletado pelo Banco Central junto a analistas de mercado, mostra que as proje��es apontam alta de 5,90% no IPCA em 2021. O pr�prio BC v� 74% de chance de estouro do teto da meta.
Em mar�o, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) reagiu � alta de pre�os e come�ou a subir a taxa b�sica de juros, a Selic, que at� ent�o estava no piso hist�rico de 2% ao ano. Desde ent�o, j� foram tr�s altas seguidas, e a Selic agora est� em 4,25% ao ano.
No �ltimo comunicado, o Copom destacou que o horizonte relevante para essas decis�es incluem o ano de 2022 - para o qual as expectativas est�o em 3,78%, dentro da meta de infla��o j� estipulada para o per�odo, hoje confirmada em 3,5%, com margem de 1,5 ponto porcentual para mais ou menos.
Para 2023, a meta de infla��o foi mantida em 3,25%, com a mesma margem de toler�ncia.
Hoje mais cedo, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, reafirmou que a institui��o usar� "todos os instrumentos" para atingir a meta de infla��o em 2022. Divulgado hoje, o Relat�rio Trimestral de Infla��o (RTI) do BC trouxe proje��o de 5,8% para a infla��o este ano e de 3,5% para o pr�ximo. Se estes porcentuais se confirmarem, o BC ter� descumprido a meta de 2021, mas cumprido a de 2022.
Ambiente favor�vel
Para o Minist�rio da Economia, a nova meta de infla��o para 2024 "reduz incertezas e aumenta a capacidade de planejamento das fam�lias, das empresas e do governo". Al�m disso, na avalia��o do governo, o processo de consolida��o fiscal da economia cria um ambiente favor�vel para uma redu��o estrutural da infla��o e dos juros de equil�brio.
"Medidas como o teto de gastos e a reforma da Previd�ncia produziram expectativas de uma redu��o na trajet�ria de gastos, enquanto a Emenda Constitucional 109/21 (PEC Emergencial) estabeleceu gatilhos para ajuste de gastos da Uni�o, Estados e munic�pios e se somou � aprova��o de outras leis complementares que refor�am o equil�brio fiscal dos entes federativos", disse a pasta.
"Mesmo diante de choques adversos, o compromisso do governo com o equil�brio fiscal intertemporal, refletido na manuten��o do teto, mant�m o ambiente favor�vel � estabilidade macroecon�mica", acrescentou.
A Economia disse ainda que a infla��o traz "custos substanciais" para a sociedade, reduzindo os rendimentos reais de capital e trabalho e desestimulando a atividade produtiva. "A redu��o da meta produz, portanto, um ambiente est�vel e previs�vel, estimulando o investimento e a produ��o e elevando o bem-estar da sociedade brasileira", afirmou.
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