Sem o supercomputador Tup�, que pode ser desligado j� no m�s que vem por falta de verbas previstas no or�amento do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), ficam prejudicadas decis�es nacionais de seguran�a alimentar, energ�tica e h�drica - h� ainda impacto econ�mico e cient�fico no Brasil.
Os dados processados pelo Tup� s�o fornecidos para o Centro Nacional de Desastres Naturais (Cenad), a Ag�ncia Nacional de �guas (Ana), a Diretoria de Hidrografia e Navega��o da Marinha (DHN), o Departamento de Controle do Espa�o A�reo da Aeron�utica (Decea), o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), o Minist�rio de Minas e Energia, o Minist�rio da Agricultura, Pecu�ria e Abastecimento, o Operador Nacional do Sistema El�trico (ONS), al�m de centros estaduais de meteorologia.
A import�ncia se acentua quando � considerado o fato de que o Brasil atravessa a pior crise h�drica dos �ltimos 91 anos, segundo o governo federal. "Em plena crise, podemos ter um apag�o dessas informa��es", explica Gilvan Sampaio, coordenador-geral de ci�ncias da Terra no Inpe. Sem o recurso, ficar�o prejudicadas as previs�es clim�ticas de longo prazo, especialmente importantes para eventos clim�ticos extremos, como per�odos de seca.
A aus�ncia desses dados tamb�m pode causar impacto econ�mico. Segundo relat�rio de mar�o deste ano do Banco Mundial, a previs�o meteorol�gica tem impacto de US$ 160 bilh�es na economia mundial. No Brasil, a agricultura seria um dos setores prejudicados.
Segundo Douglas Lindermann, professor da Faculdade de Meteorologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), a falta de informa��es clim�ticas a longo prazo pode influenciar diretamente no planejamento do plantio e da colheita, e o impacto seria importante para pequenos produtores, pois o Inpe fornece todas essas previs�es gratuitamente.
"A gente n�o tem como fazer uma previs�o t�o assertiva a longo prazo, mas conseguimos passar para o produtor uma ideia de comportamento. Por exemplo, a �ltima safra atrasou o in�cio do per�odo chuvoso, que impactou no atraso da soja. A maioria das empresas que trabalham com consultoria tamb�m usa o produto que o Inpe gera."
Preju�zos. As previs�es de longo prazo do supercomputador tamb�m s�o fundamentais para os relat�rios que o Brasil produz no �mbito do Painel Intergovernamental sobre Mudan�a do Clima (IPCC), programa das Na��es Unidas que visa informar governantes de todo o mundo sobre mudan�as clim�ticas. "Se n�o tivermos os dados do Tup�, o Brasil vai recorrer a modelos feitos por outros pa�ses? Ser� que esses modelos s�o precisos?", diz Sampaio.
Alfredo Goldman, professor do Instituto de Matem�tica e Estat�stica da Universidade de S�o Paulo (USP), explica que a opera��o de um supercomputador como o Tup� � uma ferramenta pol�tica. Segundo ele, � necess�rio ter o equipamento e justificar quais s�o os benef�cios para o Pa�s.
Os preju�zos tamb�m s�o cient�ficos. Para que modelos de previs�o clim�tica sejam precisos, eles necessitam do processamento constante de informa��es - quanto mais dados, mais afiados eles ficam.
"Da mesma forma que voc� n�o desliga o seu freezer para economizar energia � noite, voc� n�o desliga um supercomputador", diz Goldman.
Sem uma m�quina desse porte, o Brasil tamb�m corre o risco de perder os cientistas especializados em modelos clim�ticos. "O modelador � um ser raro. Ele � quem encontra as solu��es para termos as previs�es mais precisas. Se n�o tivermos como trabalhar com isso, eles podem come�ar a deixar o Brasil", explica Sampaio.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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