A Organiza��o para Coopera��o e Desenvolvimento Econ�mico (OCDE) analisa em relat�rio o que considera "um salto" no descontentamento pelo mundo ao longo da �ltima d�cada. A entidade aponta que as pessoas j� estavam insatisfeitas antes da pandemia, mesmo que na m�dia a renda per capita global tenha avan�ado sem interrup��es pelos pa�ses de todos os n�veis de renda entre 1990 e 2018, crescendo inclusive mais r�pido entre as na��es em desenvolvimento.
A OCDE diz que h� quatro elementos para ajudar a entender o descontentamento, apesar do desempenho econ�mico forte do per�odo: a desigualdade; indicadores de bem-estar multidimensionais, os quais fornecem uma compreens�o mais ampla sobre a qualidade de vida; as press�es sobre a for�a de trabalho global, com maior informalidade e vencimentos insuficientes para trabalhadores, sobretudo nos pa�ses em desenvolvimento; e "a catastr�fica deteriora��o do meio ambiente nas �ltimas d�cadas".
Nesse contexto, a pandemia da covid-19 ainda "reverteu parte dos ganhos feitos nas �ltimas tr�s d�cadas", nota a OCDE. As economias encolheram, estima-se que 255 milh�es de pessoas perderam seus empregos pelo mundo, enquanto cerca de 100 milh�es delas ca�ram na extrema pobreza. "Milh�es s�o amea�ados pela fome", diz a OCDE. Nas economias avan�adas, a recupera��o a n�veis de antes da crise deve ocorrer neste ano, ajudada por pacotes de est�mulo e acesso mais r�pido �s vacinas. Entre muitos emergentes, por�m, essa recupera��o demorar� "muito mais", com cicatrizes na economia mais severas, adverte. "Enquanto isso, as desigualdades se aprofundaram dentro dos pa�ses de todas as faixas de renda."
O descontentamento analisado pela OCDE n�o est� vis�vel apenas nas ruas, diz a entidade, ao citar um recuo na confian�a no governo, perda de apoio � democracia e recuos de longo prazo na taxa de comparecimento nas elei��es como evid�ncias de insatisfa��o.
'Reconstru��o'
A solu��o defendida no relat�rio passa por uma "reconstru��o melhor" do choque da covid-19, segundo a OCDE. Ela sugere que os governos busquem ganhar mais a confian�a da popula��o, que sejam estabelecidas redes e conhecimento que constituam capital social e, ao promover uma participa��o de base ampla, os pa�ses possam escapar das armadilhas da baixa produtividade, de institui��es fracas e vulnerabilidade social que n�o apenas cont�m o desenvolvimento, mas tamb�m s�o fatores importantes por tr�s do descontentamento.
A OCDE argumenta que essas abordagens precisam ser pensadas em conjunto em estrat�gias de desenvolvimento nacional. O relat�rio ainda reconhece as dificuldades que abordagens desse tipo podem ter no mundo p�s-pandemia, sobretudo em Estados mais enfraquecidos em suas finan�as p�blicas e com uma maior desigualdade.
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