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Estado de Minas ECONOMIA

Nova diretora do IFI, economista Vilma da Concei��o � filha de pescador e gari


09/07/2021 13:45

Filha de pai pescador e m�e gari, a economista Vilma da Concei��o Pinto, de 31 anos, teve o seu nome aprovado nesta semana pelos senadores para um cargo de dire��o na Institui��o Fiscal Independente (IFI), uma esp�cie de "c�o de guarda" das contas p�blicas. Ao Estad�o, ela diz esperar que sua trajet�ria, como mulher negra, contribua como inspira��o e que haja uma evolu��o para que n�o seja mais motivo de surpresa ver uma negra ou negro ocupando cargos de lideran�a.

A Rede de Economistas Pretas & Pretos (REPP) disse que a aprova��o do seu nome para a diretoria da IFI � uma inspira��o para uma gera��o de economistas negros e negras. Esperava essa rea��o?

Eu me surpreendi. N�o esperava tanta repercuss�o. Fiquei muito feliz com o apoio que recebi da rede e de tantas outras pessoas nas redes sociais. � uma rede de apoio, criada como resposta � falta de representatividade negra na economia, busca conectar profissionais negros do campo para que possam compartilhar ideias e criar uma rede de colabora��o.

Acha importante essa afirma��o no momento atual pol�tico e social em que vive o Pa�s?

Com certeza, sim. At� hoje tem chegado mensagens por conta dessa quest�o da representatividade. Eu espero que possa contribuir como inspira��o para outras pessoas.

A sra. pode falar dos preconceitos por ser mulher e tamb�m racial na sua trajet�ria.

Nunca sofri um preconceito expl�cito. Mas acredito que alguns fatores possam ser associados a isso. Seria mais uma percep��o do que uma a��o expl�cita de preconceito. Por exemplo: a dificuldade inicial de conseguir um primeiro est�gio, a surpresa das pessoas quando eu ia num evento ou reuni�o importante.

Como foi sua trajet�ria at� chegar a um cargo de dire��o da IFI?

Eu sou de fam�lia pobre. Morava numa comunidade em Niter�i. Meu pai era pescador. Ele faleceu no meu �ltimo ano da faculdade, no finalzinho de 2013. E minha m�e era gari e se aposentou h� pouco tempo. Tenho cinco irm�os e sempre estudei em escola p�blica e trabalhei desde cedo. Quando eu fiz 16 anos procurei e fiz um est�gio, mas antes de entrar eu fazia cursos gratuitos comunit�rios que me ajudaram. Eu assistia muito jornal e prestava muita aten��o quando ouvia os economistas falando de pre�os, infla��o. Despertou meu interesse. Eu entrei na UERJ por meio de cotas.

Na IFI, qual ser� o seu foco de atua��o?

Temos de ter claro o foco de atua��o da IFI. Ela foi criada para trazer transpar�ncia para as contas p�blicas e divulgar proje��es sobre elas. N�o � fun��o da IFI fazer uma recomenda��o de pol�tica, dizer o que � melhor fazer. Tamb�m quero avan�ar em estudos especiais, como a estima��o do resultado fiscal estrutural das contas p�blicas, conjuntura fiscal dos entes subnacionais e outros temas relevantes que venham surgir.

Como v� a trajet�ria da d�vida p�blica e das contas p�blicas para o per�odo p�s-pand�mico?

O cen�rio fiscal de curto prazo est� melhorando, mas a melhora n�o elimina a necessidade de continuar com a agenda de reformas para o reequil�brio fiscal. Posso citar alguns desafios a serem suplantados no per�odo posterior a pandemia, como o baixo n�vel de investimento p�blico, a demanda por novos gastos, principalmente nas �reas sociais. Observamos que a contribui��o para a queda da rela��o d�vida/PIB est� ocorrendo por conta do denominador maior (crescimento nominal do PIB) e, no que diz respeito ao numerador, h� uma contribui��o do resultado prim�rio, dado maior receitas em fun��o da atividade melhor. Mas ainda estamos em uma situa��o aqu�m do necess�rio para estabilizar a rela��o. Segundo o �ltimo relat�rio da IFI, a d�vida bruta vai estabilizar apenas em 2026 e ao elevado n�vel de 87,1% PIB.

Como especialista em contas dos governos regionais, como v� a situa��o dos Estados?

Neste ano os Estados e munic�pios n�o podem aumentar as despesas obrigat�rias, n�o podem dar aumento salarial por conta da lei que deu aux�lio do governo federal para a pandemia. Eles n�o podem fazer medidas que impliquem em aumento de despesas obrigat�rias. Esse aumento de receita que est� acontecendo � devido � melhora da conjuntura econ�mica. Se essa melhoria na arrecada��o � algo tempor�ria e n�o estrutural, e aparentemente � por conta do ciclo de commodities e efeito inflacion�rio relevante, � um pouco arriscado e temer�rio em aumento de gastos obrigat�rios.

Com o repique da infla��o, o teto de gastos ganha sobrevida?

Essa folga vai permitir que o governo consiga cumprir mais alguns anos a regra. At� 2024, o risco de descumprimento � baixo e at� 2026, moderado. O relat�rio da IFI mostra que reduziu bastante o risco de descumprimento do teto de gastos para os pr�ximos anos. O que eu queria alertar em rela��o ao teto � que tem a quest�o desse risco, mas por outro lado iniciou uma discuss�o que se fazia de uma forma muito rasa no Brasil, que � a das prioridades or�ament�rias. Hoje, vemos avan�os na avalia��o da qualidade do gasto e de tentar fazer um ajuste fiscal do lado da despesa, algo que antes fazia muito pelo lado da receita ou cortando investimento.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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