Da constru��o ao e-commerce, confira os empregos abertos em Minas

Mapear a gera��o de empregos formais, neste ano, � como rascunhar sobre estat�sticas de recupera��o ainda t�midas, mas que jogam luzes no cen�rio de incerteza que cobre o mercado de trabalho no pa�s desde o in�cio de 2020, quando as contrata��es se afunilaram at� quase desaparecer.

Em Minas Gerais, s�o os homens, em n�mero bem maior que as mulheres, com idade entre 18 e 39 anos e o ensino m�dio completo que mais se beneficiam da reabertura de vagas nas empresas desde janeiro.

Boa parte desse movimento consiste na retomada de cargos eliminados depois do avan�o da pandemia de COVID-19 no setor de presta��o de servi�os, na ind�stria e no com�rcio, que voltaram a trabalhar num ambiente de menor restri��o � circula��o de pessoas em v�rias cidades do estado e do Brasil afora.

Profissionais das �reas de programa��o e desenvolvimento de sistemas de computa��o e do marketing digital, al�m de vendedores tanto em modo on-line quanto presencial lideram a rela��o de vagas mais ofertadas  apurada pelo Estado de Minas junto a tr�s das maiores ag�ncias de recrutamento de m�o de obra em Minas, o Sistema Nacional de Emprego, o grupo Selpe e a Conape Recursos Humanos.

Os sal�rios t�m larga faixa de varia��o. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), o rendimento m�dio real no pa�s (descontada a infla��o) de R$ 2.532 mensais entre fevereiro e abril caiu 1,7% frente ao trimestre anterior e 1,5% ante o mesmo per�odo do ano passado.

T�cnicos industriais das �reas de minera��o, siderurgia, produ��o de alimentos e ve�culos tamb�m est�o entre as fun��es mais contempladas, ao lado de trabalhadores da sa�de, sobretudo enfermeiros e t�cnicos de enfermagem, e do transporte.

Com destaque, surgem, da mesma forma, as admiss�es na constru��o civil, que t�m puxado a rea��o do emprego com carteira assinada, assim como a boa not�cia da volta dos programas de est�gio e trainee em grandes organiza��es.

Na briga pela recoloca��o, diante do n�mero recorde de desempregados, – em Minas alcan�a 1,5 milh�o –, o bom curr�culo n�o garante a contrata��o. As exig�ncias das empresas costumam crescer em tempos de crise e os candidatos �s vagas precisam mostrar atributos como saber trabalhar em equipe, ser proativo, ter criatividade e inventividade, buscar ampliar os conhecimentos com cursos de forma��o de longa e curta dura��es.

O desempenho excepcional do com�rcio eletr�nico e a necessidade que as empresas tiveram de investir na tecnologia para garantir o funcionamento do trabalho remoto e a seguran�a dos seus sistemas s�o fundamentais para entender a retomada do emprego e n�o s� das vagas formais, como destaca Hegel Botinha, s�cio-diretor do Grupo Selpe, que mant�m unidades para recrutamento de m�o de obra em Belo Horizonte, Contagem, Conselheiro Lafaiete, Uberl�ndia, S�o Paulo, Recife e Goi�nia.

“O mundo digital cresceu muito, assim como toda a parte de seguran�a da informa��o, estimulado pelo boom do e-commerce; e os programas de trainees e est�gio est�o voltando. Isso significa que as empresas vislumbram crescimento”, afirma.

Outro fator que explica a rea��o da oferta de vagas � a reabertura das empresas do setor de servi�os, as mais afetadas pelas medidas necess�rias de distanciamento social para deter o coronav�rus, junto � campanha de vacina��o contra a COVID-19.

 

 

Foram motivos suficientes de comemora��o para o desenvolvedor de softwares Gustavo Arnaldo da Silva, de 32 anos, contratado em junho para trabalhar na empresa Reev, com sede em BH, especializada em servi�os de gest�o comercial. Graduado em ci�ncias da computa��o e p�s-graduado em desenvolvimento full stack, ele v� com otimismo a expans�o desse mercado.

“Existem muitas oportunidades de emprego com bons sal�rios e benef�cios. � uma �rea em constante evolu��o, inclusive com a cria��o de novas especializa��es e profiss�es. Estimativas para o setor indicam que o n�mero de empregos aumentar� mais r�pido do que o n�mero de profissionais qualificados”, diz Gustavo Silva enumera vantagens de atuar no setor de tecnologia, como plano de carreira e hor�rios flex�veis.

O campo de trabalho alcan�a as empresas inovadoras e com capacidade de expans�o r�pida, conhecidas como startups.

Gustavo tem aspira��es de se qualificar mais na atividade, e essa � umas das recomenda��es de Hegel Botinha a quem est� buscando emprego. “O entusiasmo pelo aprendizado, a automotiva��o, duas ou tr�s forma��es diferentes, al�m das forma��es de curta dura��o, s�o buscados pelas empresas nesse mundo novo”, afirma.

Os trabalhadores com forma��o t�cnica, por sua vez, tiveram destaque no perfil das contrata��es feitas no mercado formal em Minas Gerais que o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Minist�rio da Economia, captou de janeiro a maio �ltimo. Houve 857.392 admiss�es no estado e 704.249 demiss�es, perfazendo diferen�a positiva de 153.143 vagas.

O saldo voltou a crescer ap�s ter diminu�do durante dois meses. No ano passado, as dispensas haviam superaram as contrata��es em maio e dezembro, quando 38.559 e 7.092 oportunidades, respectivamente, foram eliminadas.

A demanda desses profissionais reflete a expans�o de ramos da ind�stria e dos prestadores de servi�os impactados em cadeia at� mesmo pelo setor de sa�de, devido � crise sanit�ria, observa Jos� Carlos Teixeira, diretor comercial da Conape Recursos Humanos.

“Determinadas �reas tiveram crescimento durante a pandemia. A pr�pria sa�de puxou segmentos da ind�stria como os de produtos de limpeza, de equipamentos e os pr�prios equipamentos de prote��o individual e eles n�o deixaram de contratar”, diz.

Fruto desse domin� na produ��o e que repercute no setor de servi�os, a t�cnica de seguran�a Glausiene Santos Costa, de 39, conseguiu recoloca��o profissional em janeiro �ltimo, ap�s ter enfrentado o desemprego durante dois anos.

“Queria muito voltar � trabalhar na �rea. Consegui entrar em uma empresa do ramo de combate a inc�ndios que cumpre com as normas. � uma �rea nova e que tem crescido bastante”, conta. Especializada em controle de inc�ncios, a empresa Rival do Fogo, com sede em Contagem, na Grande BH, apurou aumento de 10% de sua receita e contratou oito pessoas nos �ltimos meses.

 

 

Com 133 unidades de atendimento em 120 municipios de Minas Gerais, parte delas abrigadas em pr�dios das prefeituras, o Sistema Nacional de Emprego (Sine-MG) captou 8.454 vagas formais no mes passado, quase o dobro das oportunidades que a rede de ag�ncias ofereceu no mesmo m�s do ano passado (4.399). A diferen�a requer cautela em qualquer an�lise sobre o resultado, tendo em vista a base fraca de compara��o dos dados com 2020, per�odo em que o combate � COVID-19 exigiu o fechamento de v�rios servi�os oferecidos pelo setor p�blico.

A oferta do emprego praticamente secou e s� voltaram a surgir vagas, aos poucos, no fim de 2020, depois da flexilibiza��o da quarentena, informa �ngela M�rcia Alves de Souza, diretora de Gest�o do atendimento ao trabalhador da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese). “O ano de 2020 foi t�o atipico que chegamos a imaginar que nem sequer dever�amos contabiliz�-lo na nossa estat�stica”, afirma.

Confrontado com o universo de 17.579 trabalhadores que o Sine/MG encaminhou aos processos de sele��o de m�o de obra abertos pelas empresas e as 66.745 pessoas atendidas nos postos, torna-se mais evidente a percep��o da batalha dos trabalhadores � procura de emprego. A estat�stica de atendimentos inclui quem vai as ag�ncias para pedir o seguro -desemprego e, por norma do �rg�o, � cadastrado de imediato na busca por uma oportunidade de voltar a trabalhar.

Os empregos oferecidos a profissionais da constru��o civil lideram a recupera��o da  capta��o de vagas do Sine/MG, seguidos por motoristas de caminh�o, trabalhadores nas linhas de produ��ao da ind�stria, soldadores, eletricistas de manuten��o eletroeletr�nica e vendedores do com�rcio varejista. �ngela Souza destaca que as oportunidades surgidas para os motoristas s�o reflexo do arsenal de entregadores que se tornaram necess�rios para viabilizar o com�rcio virtual ap�s a crise sanit�ria provocada pelo coronav�rus.

Concentra��o na faixa de 18 a 24 anos

A maioria das vagas oferecidas por meio da rede do Sine em Minas requer candidatos com idade entre 18 e 49 anos e que tenham o ensino m�dio completo. Com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Minist�rio da Economia, entre janeiro e maio os trabalhadores com 18 a 24 anos concentraram 60,3% do saldo do emprego formal em Minas, que foi de 153.143 vagas.

Quando considerada a soma dessa faixa et�ria �s de pessoas com 25 a 29 e 30 a 39 anos, o resultado alcan�a concentra��o de 80% do saldo de postos de trabalho, ou seja, a diferen�a entre as admiss�es e demiss�es. o perfil dos contratados no estado � composto por 65% de homens e 35% de mulheres. Na an�lise por forma��o escolar, 70,4% dos empregos com carteira assinada foram preenchidos por pessoas com o ensino m�dio completo e incompleto.

Do ponto de vista dos setores que mais influenciaram na recupera��o do emprego formal em Minas, a fun��o de trabalhador na produ��o de bens e servi�os industriais concentrou 39% do total. Juntando a esse grupo os profissionais da �rea de servi�os em geral, com�rcio e mercados, chega-se a dois ter�os das vagas. Os maiores saldos em Minas nos primeiros cinco meses de 2021 foram observados nas regi�es central, Sul e no Tri�ngulo. Destacaram-se os municipios de BH, Uberl�ndia, Betim, Contagem e Ipatinga.

A despeito da prefer�ncia pelos mais jovens na sele��o de m�o de obra, Hegel Botinha, diretor do Grupo Selpe, e tamb�m head de transforma��o digital, lembra que grandes empresas t�m adotado programas de equidade nas contrata��es. “� um processo que come�a, � saud�vel e veio para ficar. Preocupadas, grandes empresas abriram o leque para contratar mulheres e negros e se abriram tamb�m a uma amplitude maior de faixas et�rias”, afirma.

�ngela M�rcia Souza, da Sedese, observa que o governo estadual lan�ou um programa, batizado de Recome�o, com o objetivo de buscar oportunidades para trabalhadores vulner�veis inscritos no chamado Cad�nico e que perderaram emprego devido � crise sanit�ria. A capta��o de vagas � feita em articula��o de representantes do estado junto a grandes empresas se sindicatos de trabalhadores.

Cadastramento

O Sine/MG atendeu 1,9 milhao de pessoas na forma presencial em 2019. Neste ano, at� maio, realizou 350 mil atendimentos com a presen�a de trabalhadores. Devido �s necess�rias medidas de distanciamento social, o cadastramento e a procura de vagas t�m sido estimulados pelo site https://imo.maisemprego.mte.gov.br/imoweb/ e por aplicativos. A rede tem feito atendimentos por agendamento. (MV)