O acupunturista Julyo Ganiko decidiu montar a sua casa do zero na regi�o de Guarulhos, na Grande S�o Paulo. Comprou um im�vel antigo e percebeu que, para a resid�ncia ficar ao seu gosto, era melhor destruir e construir tudo de novo. Uma de suas preocupa��es era com a quest�o da eletricidade: ele queria que tudo na sua casa fosse movido por energia el�trica, at� mesmo o fog�o. Com receio de ter de pagar uma conta alta l� na frente, come�ou a pesquisar sobre a energia solar. Decidiu instalar pain�is solares na resid�ncia de 220 metros quadrados de �rea constru�da, que ficou pronta em 2019, onde mora com a mulher e os dois filhos. O investimento foi de R$ 25 mil.
"Hoje, pago R$ 70 na minha conta de luz todos os meses. Conversando com pessoas que moram pr�ximas e que t�m h�bitos de consumo parecidos, elas gastam mais de R$ 300", afirma Ganiko.
Com o aumento do custo de energia, � prov�vel que os vizinhos do acupunturista vejam a conta subir ainda mais. No fim de junho, foi anunciado o reajuste de 52% para a taxa extra embutida nas contas de luz, a chamada bandeira vermelha 2. Por causa disso, os brasileiros dever�o pagar, em m�dia, 8,12% mais, segundo os c�lculos do economista Andr� Braz, coordenador dos �ndices de Pre�os do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre/FGV).
Esses aumentos, que devem continuar sendo constantes com a crise h�drica, est�o ajudando a acelerar a ado��o da energia solar por resid�ncias, baseada principalmente na gera��o distribu�da. Ela consiste na instala��o de placas solares em telhados das casas, ind�strias e at� mesmo em pequenos e m�dios estabelecimentos. Para 2021, a Associa��o Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar) estima que a gera��o distribu�da deve saltar de 4,4 gigawatts para 8,3 gigawatts. Os investimentos nessa �rea, tanto de consumidores, quanto de fabricantes, devem chegar a R$ 17,2 bilh�es.
"Antes, fal�vamos que era uma energia do futuro, mas j� se tornou uma energia do presente, mesmo estando instalada ainda em 0,7% do total de casas", afirma B�rbara Rubim, vice-presidente da Absolar. Segundo proje��es realizadas pela Bloomberg New Energy Finance, cerca de 21,5% de toda a matriz energ�tica brasileira ser� de responsabilidade da gera��o distribu�da em 2050.
Em alta
De olho nesse potencial, a empresa paulistana Sunenergia foi criada em 2016. Ainda que boa parte do faturamento seja originado de pequenos e m�dios estabelecimentos comerciais, como concession�rias de ve�culos, o neg�cio residencial tem crescido ano a ano. Foi a Sunergia, por exemplo, que instalou as placas solares na casa de Ganiko.
A companhia cresceu 51% em 2020 e pretende triplicar de tamanho neste ano. Segundo Eduardo Sibulka, diretor comercial da empresa, a instala��o j� faz sentido para quem paga contas a partir de R$ 250 mensais. Obviamente, quanto mais cara a conta, mais r�pido ser� o retorno do investimento.
"� um sistema que se paga rapidamente, e o aumento exacerbado das contas de energia est� trazendo um movimento de procura muito grande", afirma Sibulka. Segundo o executivo, o processo de instala��o tamb�m est� sendo bem r�pido: do primeiro contato at� a �ltima fase da instala��o, s�o 70 dias.
De acordo com um levantamento realizado pela empresa de solu��es em energia Comerc em capitais de todo o Pa�s, o tempo m�dio de retorno do investimento de empresas e de consumidores residenciais na gera��o distribu�da varia entre quase 4 anos, em Cuiab� (MT), e 6 anos e meio, em Curitiba (PR). Em S�o Paulo, que possui maior quantidade de consumidores, a conta costuma fechar em 5 anos e 10 meses. A Comerc leva em conta tanto o potencial de gera��o energ�tica (que � a incid�ncia solar na regi�o), quanto o pre�o m�dio cobrado pelas distribuidoras em cada localidade.
De acordo com o marketplace de energia solar 77Sol, a demanda est� crescendo de maneira muito acelerada. A empresa conecta 3 mil parceiros (entre empresas e instaladores) a clientes.
Vendo o aumento da procura, a startup est� preparando um curso para formar mais instaladores - mesmo sem esse curso, a plataforma tem visto o n�mero de profissionais crescer de 300 a 400 por m�s.
"Precisamos correr atr�s da oferta, pois, se n�o tivermos capacidade suficiente para atender � demanda, vamos frustrar o mercado", diz Nicola Giani, presidente da 77Sol.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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