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Estado de Minas ECONOMIA

Geadas em 3 Estados prejudicam cafezais


24/07/2021 15:20

Quando a meteorologia previu uma geada forte para a noite do �ltimo dia 19, o agricultor Fernando Lopes, de Mandaguari, no norte do Paran�, foi obrigado a adotar uma medida extrema. Ele cobriu com terra, um por um, 50 mil p�s de caf� plantados recentemente que, se ficassem expostos ao tempo, seriam torrados pela camada de gelo. Lopes salvou as mudas pequenas, desenterradas tr�s dias depois, mas n�o conseguiu evitar as perdas em outros 650 mil cafeeiros de at� 15 anos espalhados por 146 hectares da fazenda. "Foram danos vari�veis, mas, na m�dia, teremos uma quebra de 30% na safra do ano que vem", disse.

Produtores de caf� ar�bica dos Estados de Minas Gerais, S�o Paulo e Paran�, que abrigam algumas das principais regi�es produtoras do Brasil, contabilizam os preju�zos causados por duas geadas consecutivas que atingiram as lavouras. De origem africana, o cafeeiro � sens�vel ao frio e, dependendo da intensidade, a geada pode at� matar a planta. O governo federal tem usado imagens de sat�lite para dimensionar o tamanho do estrago, mas j� admite o impacto na safra de 2022.

O pre�o do caf� ar�bica disparou no mercado internacional. A saca de 60 kg, que era vendida a R$ 606 em dezembro de 2020, atingiu R$ 960 ontem em S�o Paulo - alta de quase 60%.

Muitos produtores ter�o de arrancar os cafezais mais danificados. � o que pode ter acontecido em algumas lavouras de Lopes. "Ainda n�o temos certeza, mas � poss�vel que tenhamos de fazer a recepa (corte baixo do tronco, com perda da copa) em alguns talh�es", disse. Ele mant�m tratores e pessoal a postos para, eventualmente, enterrar outra vez os cafeeiros novos. "H� outra previs�o de geada para o fim do m�s."

O pesquisador Jos� Donizeti Alves, especialista em caf� da Universidade Federal de Lavras (UFLA), em Minas, disse que essa �ltima geada foi mais severa do que a anterior, na noite de 30 de junho. "Desta vez, a extens�o da �rea foi muito maior, atingindo 15% do cerrado mineiro, 20% das lavouras do sul de Minas e 10% na regi�o da Mogiana, com vari�vel alta de queima, entre 50% e 100%. Ainda � preciso aguardar at� duas semanas para conhecer a extens�o dos danos, mas a quebra � irrevers�vel e deve passar de 4 milh�es de sacas", disse. O Brasil produz uma m�dia de 60 milh�es de sacas de caf� por ano.

Na regi�o cafeeira da Alta Mogiana, que abrange sete munic�pios do sudoeste de Minas Gerais e 15 paulistas, a quebra na safra de 2022 poder� chegar a 35% devido �s condi��es clim�ticas adversas. "J� prev�amos uma perda de 25% em fun��o da seca e agora, com as geadas, podemos ter at� 10% a mais de quebra", disse o presidente do Sindicato Rural de Franca, Jos� Henrique Mendon�a. Ele contou que a primeira geada, mais fraca, havia atingido de 1,5 mil a 1,8 mil hectares de caf�, causando a queima das folhas e danos superficiais - a chamada geada de capote, que atinge mais a parte externa da planta.

A segunda, entre a noite de 19 e madrugada do dia 20, foi mais severa e deixou preju�zos maiores. "Infelizmente, essa �ltima foi grave. Na regi�o, este ano � de produ��o baixa, devido � bienalidade da lavoura. Por isso, a maioria dos produtores usou a t�cnica do esqueletamento do cafezal (corte dos ramos laterais), apostando em uma boa produ��o no ano de 2022. Essas lavouras foram pegas em cheio pela geada e pelo frio intenso." Com o esqueletamento, a planta fica mais exposta �s intemp�ries.

A regi�o da alta Mogiana produz em m�dia 5 milh�es de sacas de caf� ar�bica por ano.

O produtor Lu�s Cl�vis Gonzaga, de Pedregulho (SP), conta que, ap�s uma colheita em 2020 prejudicada pela estiagem e pelo calor intenso, ele e outros cafeicultores da regi�o decidiram preparar a lavoura este ano para uma boa produ��o em 2022. N�o contavam com geadas t�o fortes. "Tivemos uma geada em 1994 que afetou bastante os cafezais, mas tenho certeza de que esta foi muito mais forte e intensa", disse.

No Paran�, a primeira geada havia atingido a regi�o central do Estado, enquanto a segunda pegou com mais for�a os cafezais do chamado norte pioneiro, segundo o especialista em caf� do Departamento de Economia Rural (Deral), Paulo S�rgio Franzini. "Estamos com quase 50% da safra atual j� colhida, ent�o o impacto ser� pequeno, com perda na qualidade do caf�. J� a safra de 2022 ter� um comprometimento maior, por�m ainda � cedo para quantificar", disse. Segundo ele, a geada pegou as plantas estressadas pela seca e pela colheita, o que pode potencializar os danos. "Mais de 50% da nossa �rea do caf� foi atingida, mas s� a partir de agosto � que aparece o efeito canela, ent�o precisamos aguardar." A chamada geada de canela � provocada pelo vento que sopra morro abaixo em noites de frio intenso, congelando a seiva que passa pelo caule do cafeeiro, que s�o necrosados e ficam escuros. A planta precisa ser cortada.

Equipes da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), vinculada ao Minist�rio da Agricultura, enviou equipes ao campo para avaliar os estragos. "Pelo que j� sabemos, entre 150 mil e 200 mil hectares de cafezais foram afetados", disse o diretor de Pol�tica Agr�cola e Informa��es, S�rgio De Zen. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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