O presidente da Associa��o Brasileira do Agroneg�cio (Abag), Marcello Brito, abriu na manh� desta segunda-feira, 2, o Congresso Brasileiro do Agroneg�cio 2021 com um discurso no qual condenou a grilagem de terra e afirmou que n�o � poss�vel se manter em sil�ncio. "Entramos no 9� ano seguido de aumento no desmatamento ilegal. N�o podemos ver isso em meio a um sil�ncio ensurdecedor", afirmou ele durante o evento transmitido pela internet, com a presen�a prevista de ministros e importantes executivos do setor do agroneg�cio. "Chamamos responsabilidade dos governos e de n�s, cidad�os de bem do Pa�s, que temos feito do sil�ncio nossa cumplicidade. A Amaz�nia n�o � s� ativo ambiental, mas principalmente ferramenta de acesso a mercados e acordos internacionais. No mundo ESG, vence quem tem melhor ativo a negociar, e n�s estamos destruindo o nosso."
Brito afirmou, ainda, que a imagem negativa do Brasil no exterior est� se consolidando. "Estamos quase chegando ao ponto em que, sozinhos, n�o poderemos facilmente reverter essa curva. N�o precisa ser mestre em Rela��es Internacionais para entender a gravidade dessa situa��o e poss�veis impactos de longo prazo sobre produtos com a marca Made in Brazil", disse ele. "O resgate da imagem tem de come�ar aqui dentro." Nesse sentido, Brito elogiou o trabalho da Sociedade Rural Brasileira (SRB) e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina que, afirmou Brito, "tem trabalhado diuturnamente na melhoria da governan�a p�blica para o setor".
Um lado positivo citado por Brito foi que come�ou a se observar que a m�dia internacional vem separando a maior parte da produ��o nacional em rela��o � Amaz�nia dos que desmatam ilegalmente - embora isso ainda n�o seja t�o visto na pecu�ria.
Brito questionou se o Brasil ser� protagonista nos tr�s grandes eventos que acontecer�o este ano: a c�pula dos sistemas alimentares, em setembro, a confer�ncia da biodiversidade, em outubro, e a confer�ncia do clima, em novembro. "Qual ser� papel do Brasil nas tr�s confer�ncias? Seremos meros participantes ou protagonistas?", indagou o presidente da Abag. "Na c�pula dos sistemas alimentares, seremos lideran�a com a ministra Tereza Cristina. Ficamos na torcida pelas outras duas."
'Sustentabilidade tem guiado as a��es'
A ministra Tereza Cristina reafirmou nesta segunda-feira que a sustentabilidade tem guiado as a��es da pasta da Agricultura e que o Brasil ser� um dos principais fornecedores de alimentos de baixo carbono na pr�xima d�cada. "A agropecu�ria brasileira � a solu��o para os desafios da produ��o sustent�vel que enfrentamos", disse ela no evento.
Tereza Cristina mencionou como parte desses esfor�os o lan�amento de um Plano Safra "mais verde", especialmente em virtude da amplia��o de 101% na linha de cr�dito do Programa ABC, o Plano Setorial de Mitiga��o e de Adapta��o �s Mudan�as Clim�ticas para a Consolida��o de uma Economia de Baixa Emiss�o de Carbono na Agricultura. "Estamos garantindo um financiamento para reflorestamento e tamb�m para sistemas de gera��o de energia renov�vel, como com biog�s e biometano", acrescentou, ao dizer que o Plano Safra 2021/22 apresentou o ABC+, com diretrizes para a pr�xima d�cada.
Outro projeto citado pela ministra foi o protocolo de carne carbono neutro ou de baixo carbono, lan�ado em parceria entre a Embrapa e o setor privado. Segundo ela, a empresa estatal de pesquisas j� est� desenvolvendo a mesma tecnologia para outras principais commodities agr�colas.
Do ponto de vista do produtor e do compromisso de avan�ar na efetiva implementa��o do C�digo Florestal, um destaque � o "Analisa CAR", um sistema que utiliza tecnologia de geoprocessamento para avan�ar na an�lise automatizada do Cadastro Ambiental Rural (CAR), a fim de regularizar as propriedades agr�colas. "Precisamos da ajuda dos Estados para implementar essa ferramenta. � fundamental para que o Brasil consiga conciliar a produ��o com a conserva��o ambiental", disse Tereza Cristina.
Quanto aos t�tulos verdes, a ministra acredita que o Pa�s pode se tornar l�der da agenda global. Estima-se que, por enquanto, cerca de R$ 30 bilh�es estejam investidos em gest�o desses ativos no Brasil. No exterior, comenta a ministra, j� s�o mais de US$ 1 trilh�o de recursos investidos em fundos sustent�veis internacionais.
Tereza Cristina, que acabou de retornar de Roma, ap�s a pr�-c�pula dos sistemas alimentares, comentou que na reuni�o houve, pela primeira vez, um acordo e uma pol�tica �nica entre todos os pa�ses da Am�rica do Sul e do Caribe. "Essa � uma uni�o importante para que a agenda que ser� debatida e lan�ada na C�pula de setembro, em Nova York, englobe 16 pontos comuns que os pa�ses das Am�ricas tiraram como principais", avaliou.
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