O Brasil "parece flertar perigosamente com o passado", afirma documento divulgado pelo fundo Verde, do gestor Luis Stuhlberger, em refer�ncia � tend�ncia de tomadas de decis�o do governo federal que apontam para um cen�rio de descontrole das contas p�blicas e desrespeito ao teto de gastos.
O alerta consta na carta mensal do fundo Verde sobre o cen�rio econ�mico. "As seguidas discuss�es recentes sobre tirar gastos do teto, com vistas a opera��es de cunho eleitoral, sinalizam uma preocupante vontade de reviver de modo permanente o 'acelerador fiscal'", diz o texto. Na vis�o do fundo, esse direcionamento "tende a dificultar a performance dos ativos de risco brasileiro e reverter, ou prejudicar, o processo de aprofundamento e sofistica��o do mercado de investimentos no Brasil".
Na carta, a gestora de Stuhlberger indica que � bem prov�vel que investidores ter�o perdas caso essa "volta ao passado" se concretize. "O fundo n�o est� posicionado para esse cen�rio. N�o temos convic��o de que isso vai acontecer, embora nossas d�vidas sejam crescentes. Mas essa transi��o, ou incerteza entre os dois modelos, tem tornado o processo de gest�o muito mais complexo", escreveram os gestores.
Os gestores da Verde apontam ainda que acreditavam que seria tempor�rio o uso de "dois aceleradores, fiscal e monet�rio, simultaneamente" - t�tica justificada, no ano passado, pelos efeitos da pandemia de covid-19 na economia. Em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro apresentou retra��o de 4,1%.
No entanto, essa amplia��o de gastos n�o foi freada neste ano. "O primeiro semestre de 2021, em parte por conta das variantes mais contagiosas, em parte por conta das falhas em acelerar a vacina��o, acabou n�o vendo isso", diz o texto.
"Tivemos mais gastos fiscais, enquanto a autoridade monet�ria se via �s voltas com v�rios desafios de calibragem da taxa de juros, dada uma s�rie de choques de oferta que tem afetado o pa�s e o mundo (cadeias de suprimento globais sofrendo com retomada, faltas de chuva no Brasil etc.)", acrescentaram os gestores da Verde.
Preju�zo em julho
No documento, os gestores mostram que foram surpreendidos n�o s� pelo desvio de rota na pol�tica fiscal, mas tamb�m pelo desempenho dos pre�os dos ativos dom�sticos. "O mercado brasileiro vem sofrendo nos �ltimos dois meses, indo na dire��o contr�ria da nossa expectativa, que associava a acelera��o da vacina��o com a reabertura econ�mica, melhora de expectativas, e, portanto, boa performance de ativos de risco", escreveram.
Em julho, o fundo multimercado (Verde FIC FIM) de Stuhlberger teve queda de 2,16%, devolvendo boa parte do ganho acumulado em 2021 at� junho. No fim de julho, os cotistas do fundo tinham ganho de 1,28%, menos do que o CDI (+1,63%), principal investimento de renda fixa, no per�odo.
Na carta, a gestora demonstra que houve perda nas tr�s carteiras: moedas, renda fixa e a��es. A perda mais significativa veio dessa �ltima. Julho teve queda generalizada de pre�os no mercado acion�rio brasileiro, e o Ibovespa perdeu 3,94%, interrompendo uma sequ�ncia de quatro meses com sinal positivo.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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