Pressionado pela combina��o de infla��o, desemprego em alta e menor abrang�ncia e disponibilidade de recursos do aux�lio emergencial, o brasileiro reduziu as quantidades compradas de alimentos, bebidas e produtos de higiene e limpeza no primeiro semestre deste ano. Houve diminui��o de volumes em praticamente todas as cestas. A prioridade do consumo di�rio ficou concentrada nos alimentos b�sicos: o arroz e o feij�o.
O or�amento mais curto das fam�lias tamb�m mudou o consumo de itens at� ent�o n�o considerados t�o b�sicos, como empanados de frango e de peixe, por exemplo. No primeiro semestre, o produto estreou em 3,4 milh�es de domic�lios como uma alternativa de prote�na animal mais barata � carne vermelha, que subiu 31,31% em 12 meses at� agosto, segundo o IPCA-15 do m�s - indicador que � uma pr�via da infla��o oficial do Pa�s, o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). � o equivalente a tr�s vezes a infla��o geral no mesmo per�odo (9,30%) pelo indicador da pr�via da infla��o.
Esse rearranjo nas compras aparece em uma pesquisa da consultoria global Kantar, obtida com exclusividade pelo
Estad�o
. Mensalmente, a consultoria tira uma fotografia da despensa de 11 mil domic�lios para projetar o consumo de 58,8 milh�es de lares do Pa�s.
De janeiro a junho, o volume de unidades compradas de uma cesta de 107 categorias foi 4,4% menor em rela��o a igual per�odo de 2020. Mas o gasto subiu 6,9%, puxado pelo aumento m�dio de 11,8% dos pre�os desses produtos. No curto prazo, do primeiro para o segundo trimestre, as commodities, com alta de 16%, e os perec�veis, com 15%, estiveram no topo das cestas com os maiores aumentos de pre�os, aponta a pesquisa. Isso abriu caminho para que os empanados, sin�nimo de praticidade, come�assem a fazer parte regularmente da lista de compras de todas as classes sociais.
Mudan�a a contragosto
Respons�vel pelo preparo das refei��es da fam�lia, a aposentada Maristela Colleoni Soares, de 54 anos, passou a incluir na rotina o produto empanado para economizar na carne. Antes, esses alimentos industrializados eram consumidos esporadicamente. "Sou supercontra empanados e qualquer alimento processado, s� que, com a alta do pre�o da carne, ficou invi�vel. Da�, comecei a comprar", diz.
A cada refei��o que prepara para a fam�lia de cinco pessoas - ela, o marido, o casal de g�meos e a m�e -, Maristela gasta um pouco mais de 1 quilo de carne, cerca de R$ 50 a R$ 60. Pelos empanados, desembolsa perto de R$ 40 por um saco de dois quilos e usa em v�rias refei��es.
"Foi uma substitui��o for�ada por conta do aumento do gasto com alimenta��o, eletricidade, g�s, tudo subiu", afirma a aposentada. Entre a carne e outros itens, como iogurte, por exemplo, Maristela cortou em cerca de 10% as quantidades compradas de alimentos, produtos de higiene e limpeza e, mesmo assim, est� gastando 40% mais. Sem os cortes, acredita que teria um acr�scimo de 70% nos gastos.
"O consumidor teve de fazer escolhas e abandonou uma s�rie de categorias para fazer o or�amento funcionar com menos recursos no bolso", afirma Renan Morais, gerente de Solu��es da Kantar. No caso dos mais pobres, a maioria dos brasileiros, ele lembra que o aux�lio emergencial, que beneficiou no ano passado 55% da popula��o com recursos de R$ 600 nos primeiros tr�s meses, chegou a 39% dos brasileiros no primeiro semestre deste ano. E com cifras bem modestas, entre R$ 150 e RS 250 mensais.
Isso fez a popula��o da base da pir�mide social cortar o consumo de sup�rfluos. A pesquisa revela que quase um milh�o de domic�lios das classes D e E, com receita mensal entre R$ 270 e R$ 1,6 mil, tirou o achocolatado em p� das compras no primeiro semestre deste ano. No polo oposto, tamb�m quase meio milh�o de lares das classes A e B, com renda m�dia mensal familiar acima de R$ 7,2 mil, deixou de comprar cerveja em igual per�odo.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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