O aumento do peso dos financiamentos atrelados ao IPCA e � caderneta de poupan�a chega num momento de or�amentos familiares j� apertados e desemprego em alta. "Estamos vendo um impacto grande na parcela dos mutu�rios e no saldo devedor", afirma Paulo Chebat, presidente da consultoria Melhor Taxa.
Simula��o da consultoria mostra que o valor da parcela de um empr�stimo de R$ 400 mil corrigido por IPCA subiu 6,3% em um ano. Foi de R$ 2.325, em junho de 2020, para R$ 2.472 em junho passado. Pelas proje��es do Boletim Focus de alta para a infla��o no acumulado do ano, essa parcela subir� ainda mais, atingindo R$ 2.544 em dezembro - o que vai representar uma alta de 9,4%.
Pela mesma simula��o, o saldo devedor cresceu de R$ 395,3 mil para R$ 413,5 mil, de junho de 2020 para o mesmo m�s de 2021. A proje��o � que chegue a R$ 422 mil em dezembro, com crescimento total de 6,7% no per�odo. Ou seja, a d�vida dos mutu�rios ficou maior.
No caso do mesmo financiamento feito com TR, a simula��o mostra que as parcelas partiram de um patamar mais alto, por�m ca�ram gradativamente no mesmo per�odo. Considerando que a redu��o � constante ao longo do tempo, o pagamento final nesta modalidade acaba sendo menor.
O presidente da Associa��o Brasileira das Incorporadoras Imobili�rias (Abrainc), Luiz Fran�a, foi um dos articuladores da cria��o das linhas p�s-fixadas. Ele concorda que essas modalidades pesam no bolso em momentos de deteriora��o da economia. Na sua avalia��o, essas linhas s�o recomendadas para quem quer aproveitar os juros baixos, mas tamb�m est� em um momento de crescimento de carreira para suportar oscila��es nas parcelas.
"� importante que a pessoa esteja preparada para suportar uma eventual subida nos juros. Para quem puder suportar esses aumentos, � uma boa op��o, pois o financiamento pode sair mais barato no longo prazo. J� a modalidade tradicional, com TR, � a mais segura e tem a garantia que valor da parcela n�o sobe", diz.
Um ponto positivo at� aqui tem sido o perfil cuidadoso das origina��es de cr�dito. Em geral, os bancos t�m sido mais conservadores nos empr�stimos p�s-fixados, exigindo um valor de entrada maior dos mutu�rios na compra dos im�veis, al�m de menor comprometimento de renda e prazo mais curto para pagamento. A ideia � ter um colch�o para amortecer os impactos sobre mutu�rios quando o valor das parcelas sobe.
Inadimpl�ncia
Essa � a vis�o adotada pelo banco Inter, por exemplo, que oferece linhas de cr�dito imobili�rio corrigidas por TR, IPCA e poupan�a. "Olhamos com mais cuidado a capacidade de pagamento dos clientes com acesso � modalidade de IPCA", diz o superintendente do banco, Vitor Botelho. Segundo ele, a carteira consolidada de cr�dito imobili�rio tem inadimpl�ncia de 0,6%, abaixo da m�dia de mercado de 1,7%.
O �nico movimento sentido foi a queda no volume de financiamentos corrigidos por IPCA e Selic. "Continuamos produzindo, mas elas (as opera��es) v�m perdendo for�a desde o segundo trimestre por causa da alta da infla��o e da Selic", diz Botelho. "Chegamos a ter 90% das origina��es nesse perfil. Hoje, s�o menos de 20%."
Para ele, essas linhas podem voltar a ganhar for�a no futuro, se houver maior estabilidade no Pa�s. "� um produto que vai continuar tendo seu espa�o, mas pede a calibragem da economia."
Caixa, Ita� e Bradesco tamb�m foram procurados, mas n�o deram entrevista. O Santander n�o trabalha com cr�dito corrigido por IPCA para pessoas f�sicas.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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