Com um potencial de transporte ferrovi�rio pouco aproveitado, o Brasil tem a chance de virar essa chave e chegar em 2035 em situa��o pr�xima � de pa�ses como Estados Unidos e China no uso de ferrovias. A avalia��o � do ministro da Infraestrutura, Tarc�sio de Freitas, que faz a aposta com base no novo modelo de opera��es liberado na �ltima semana por medida provis�ria, pelo qual o setor privado ter� maior liberdade para construir e usar o modal. Atualmente, as ferrovias transportam cerca de 20% das cargas no Pa�s. Com a novidade no setor e outros projetos de concess�o em andamento, o ministro calcula que a participa��o do modal possa beirar os 40% em 2035.
O modelo de autoriza��o est� em vigor h� uma semana, e o governo j� recebeu 11 pedidos para constru��o de ferrovias por esse regime. S�o mais de 3 mil quil�metros em novos trilhos e R$ 59,5 bilh�es em investimentos previstos. "Vamos colocar algumas dezenas de bilh�es para dentro com as ferrovias autorizadas", disse o ministro ao
Estad�o/Broadcast
. A seguir, os principais trechos da entrevista.
O governo j� vinha trabalhando com um plano nacional de log�stica com proje��es at� 2035. Como o novo regime de ferrovias mexe nesse cen�rio?
Fizemos um exerc�cio no plano com aquilo que est�vamos elaborando em termos de concess�o, renova��o antecipada e investimento cruzado. J� sairia de 20% para 35% de participa��o do modal ferrovi�rio. Com a chegada das ferrovias autorizadas, � poss�vel que possamos chegar em 2035 beirando os 40%. Vamos ter uma participa��o de ferrovias na matriz semelhante � de pa�ses desenvolvidos, similar � da China e Estados Unidos.
Quando esses investimentos v�o se materializar?
Os primeiros investimentos podem come�ar j� no ano que vem, algo em 2023 e 2024, que � o tempo de obten��o de licen�a, atividade de desapropria��o e consolida��o dos projetos.
Como esse quadro mexe no transporte rodovi�rio?
Muda a natureza dos deslocamentos. O que sempre temos procurado deixar claro aos caminhoneiros, que ficam assustados, � que voc� muda o tipo de deslocamento. Alguns fretes de longa dist�ncia v�o ser substitu�dos por fretes de curta dist�ncia. Vai desgastar menos o caminh�o. O motorista vai dormir em casa, vai dirigir menos cansado, se acidentar menos e ter receita maior. N�o preciso de uma refer�ncia nacional de frete.
Com o novo modelo, o produtor vai trabalhar num cen�rio de competi��o para toda malha ferrovi�ria que j� opera hoje?
Ningu�m vai empreender ferrovia, com o super custo de capital, para sofrer uma concorr�ncia predat�ria de outra ferrovia. A n�o ser que realmente tenha carga para todos. Se isso ocorrer, tem a possibilidade de a ferrovia concedida ter seu contrato reequilibrado ou de migrar para o regime de autoriza��o. E h� uma hip�tese adicional: se a concession�ria aumentar a capacidade da ferrovia que opera em pelo menos 50%, permitimos adapta��o do contrato, uma esp�cie de b�nus (j� que o regime de autoriza��o tem um fardo regulat�rio menor que o de concess�o).
O sr. tem chamado o m�s de �setembro ferrovi�rio�. Al�m dos 11 pedidos para constru��o de ferrovias, o que o governo tem planejado para agora?
Tivemos a assinatura do contrato de concess�o da Ferrovia de Integra��o Oeste-Leste (FIOL), e teremos o in�cio das obras de constru��o da Ferrovia de Integra��o Centro-Oeste (FICO). J� temos R$ 30 bilh�es de investimentos ferrovi�rios contratados, agora vamos colocar algumas dezenas de bilh�es para dentro com as ferrovias autorizadas. Tamb�m vamos assinar aditivo para viabilizar a linha de monotrilho que vai ligar a �ltima esta��o da CPTM aos tr�s terminais do aeroporto de Guarulhos (em S�o Paulo), e temos o projeto de lei que vai viabilizar a concess�o da linha 1 e linha 2 do metr� de Belo Horizonte.
At� o fim do primeiro semestre, havia uma perspectiva mais otimista com a economia. Agora, os indicadores preocupam. O cen�rio econ�mico n�o pode afetar o interesse de empresas em projetos com investimento t�o intensivo?
Como a infraestrutura � algo de longo prazo, os investidores acabam vendo o potencial do neg�cio num cen�rio de muito longo prazo. Come�am a ver a estabilidade regulat�ria, o potencial de crescimento do mercado, taxas internas de retorno. N�o podemos esquecer que temos um excesso de liquidez. O Brasil tem potencial imenso.
Mas e quanto aos indicadores?
A infla��o n�o � exclusividade brasileira, est� acima do esperado no mundo inteiro. Uma parcela consider�vel da infla��o brasileira � internacional. A outra, sim, � exclusividade brasileira, que � a quest�o de energia. Dependendo do que acontecer no Congresso nos pr�ximos dias em rela��o ao espa�o fiscal, o mercado vai entender que h� um compromisso com a solv�ncia. Vimos certo temor com rela��o � quest�o fiscal, mas o que estamos vendo no fim das contas � uma rela��o d�vida/PIB decrescendo.
Temos 2022 e o receio de o governo abrir os cofres para gastar e promover eleitoralmente o presidente Jair Bolsonaro.
O governo n�o vai abrir os cofres de maneira irrespons�vel pela elei��o do presidente. Isso est� fora de quest�o.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
ECONOMIA