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Estado de Minas Crise

Consumidores travam batalha contra infla��o recorde em 21 anos

Pressionada pela gasolina e alimentos, infla��o de 0,87% s� perde para mesmo per�odo de 2000. Fam�lias fazem malabarismo na tentativa de cortar despesas


10/09/2021 04:00 - atualizado 10/09/2021 00:26

Os aumentos dos pre�os dos combust�veis ganharam for�a em agosto, tendo exercido press�o suficiente para al�ar o �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) de 0,87% � maior alta para o m�s desde 2000 (1,31%), informou ontem o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). Dona do maior impacto individual sobre o indicador oficial da infla��o no Brasil, a gasolina encareceu 2,80%, mas n�o esteve sozinha no carro-chefe dos reajustes. Houve destaque tamb�m para as remarca��es de 4,50% do etanol, 2,06% do g�s veicular e 1,79% do �leo diesel. As fartas altas preocupam em meio � tens�o provocada pela crise entre o Pal�cio do Planalto e o Judici�rio, que frustra as expectativas no mercado financeiro para a recupera��o da economia e tende a refor�ar a eleva��o do custo de vida.

Com o aumento registrado em agosto, a infla��o acumula varia��o de 5,67% neste ano e fura a meta definida pelo Banco Central para 2021, de 3,75%, considerando-se, ainda, margem de toler�ncia de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Em um ano, o IPCA atingiu 9,68% na m�dia nacional e se depara com o fantasma dos dois d�gitos em oito regi�es metropolitanas, de Curitiba (12,08%), Vit�ria (11,07%), Goi�nia (10,54%), Campo Grande (11,26%), S�o Lu�s (11,25%), Porto Alegre (10,42%), Rio Branco (11,97%) e Fortaleza (1,20%).

A Grande Belo Horizonte mostrou a menor varia��o do IPCA em agosto no pa�s, de 0,43% – num empate com a �rea metropolitana de Fortaleza –, mas n�o significa al�vio. O IBGE destacou alta importante do transporte por aplicativo na Regi�o Metropolitana da capital mineira, de 0,94%. N�o fossem as quedas de 20,05% do pre�o das passagens a�reas e de 13,73% da taxa de �gua e esgoto, a press�o sobre a infla��o teria sido bem maior. O IPCA subiu 5,06% no acumulado do ano e 9,67% no per�odo dos �ltimos 12 meses em BH e entorno.

O analista da pesquisa do IBGE Andr� Filipe Guedes Almeida observou que oito dos nove grupos de produtos e servi�os acompanhados pelo instituto tiveram aumento de pre�os em agosto, e os transportes registraram a principal alta, de 1,46%. “O pre�o da gasolina � influenciado pelos reajustes aplicados nas refinarias de acordo com a pol�tica de pre�os da Petrobras. O d�lar, os pre�os no mercado internacional e o encarecimento dos biocombust�veis s�o fatores que influenciam os custos, o que acaba sendo repassado ao consumidor final”, afirmou. Os brasileiros j� pagaram reajustes de 31,09%, em m�dia, de janeiro a agosto, do pre�o da gasolina; 40,75% do etanol e 28,02% do diesel, segundo o IBGE.

Futuro incerto Na vice-lideran�a dos gastos das fam�lias em agosto ficaram a alimenta��o e bebidas, com alta de 1,39%. Segundo o IBGE, os aumentos com a alimentos e bebidas em dom�cilio passaram de 0,78% em julho para 1,63% no m�s passado. Eles refletem, em especial, remarca��es de pre�os da batata-inglesa (19,91%), caf� mo�do (7,51%), frango em peda�os (4,47%), frutas (3,90%) e carnes (0,63%).

Na dire��o oposta, contribu�ram para segurar o IPCA as quedas de pre�os da cebola (-3,71%) e do arroz (-2,09%). O resultado do IPCA fez crescer a preocupa��o com a trajet�ria dos pre�os, na avalia��o da chefe de economia da corretora de investimentos Rico Rachel de S�. “Essas press�es devem seguir presentes nos pr�ximos meses, fazendo com que nossa proje��o para a infla��o no final do ano (hoje em 7,7%) se eleve ainda mais”, afirma.


Preocupada com a alta do gás de cozinha, que considera absurda, Elane Santos teme não conseguir manter a compra de carne
Preocupada com a alta do g�s de cozinha, que considera absurda, Elane Santos teme n�o conseguir manter a compra de carne (foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A Press)

Malabarismo na hora da compra


Deixar o carro em casa ou dividir a conta no posto de combust�veis com um colega de trabalho que se transformou em caroneiro. As op��es para fugir da infla��o da gasolina n�o s�o muitas, mas t�m sido essenciais para ajudar a reduzir o or�amento, o que se tornou ainda mais dif�cil nos supermercados. � nessa luta di�ria que os consumidores est�o vivendo, na expectativa de algum al�vio no custo de vida.

Revoltada com o “absurdo” que v� nos seguidos reajustes dos pre�os dos combust�veis, a farmac�utica B�rbara Ribeiro, de 30 anos, contou ao Estado de Minas que s� continua a trabalhar com o carro ap�s ter decidido dar carona a uma vizinha, que � colega de trabalho, compartilhando o gasto com combust�vel. “Acho que tudo est� aumentando. A comida est� mais cara, a gasolina… nem carro usado voc� n�o consegue mais comprar”, reclama.

Indignada com gastos no posto, Bárbara Ribeiro atribui inflação elevada à falta de gestão dos problemas da economia
Indignada com gastos no posto, B�rbara Ribeiro atribui infla��o elevada � falta de gest�o dos problemas da economia


O desembolso de B�rbara para encher o tanque do carro com gasolina passou de R$ 130 para mais de R$ 230.“� uma m� gest�o federal. Isso vem de cima. Se a gente tivesse feito algumas coisas antes a gente n�o passava o que est� passando agora”, diz ela, indignada com o governo.

No mesmo posto, localizado na Regi�o Centro-Sul de Belo Horizonte, outra motorista demonstra insatisfa��o com o pre�o pedido. “Totalmente fora da realidade e sem conex�o com o sal�rio m�nimo. Tudo bem que estamos num bairro de classe m�dia-alta, mas est� caro pra todo lado. Eu encho o meu tanque e deixo R$ 300 reais no posto de gasolina. Isso n�o est� certo. � dif�cil manter o carro, IPVA, seguro e tudo mais”, desabafa a fisioterapeuta B�rbara Costa, de 37.

Ela diz que tenta entender o porqu� do alto custo para se deslocar em ve�culo particular e procura outras alternativas, como o transporte por aplicativo – outra dificuldade. “Se tem demanda, tem oferta, n�o sei porque n�o consegue melhorar o pre�o. �s vezes eu consigo fazer algumas coisas a p�, mas sei que essa n�o � a realidade de muita gente”.

No supermercado, o aperto se repete. “Cada dia mais caro, subiu tudo, s� o sal�rio que n�o sobe”, lamenta a faxineira Elane Rodrigues Santos, de 46 anos, ao sair do estabelecimento. No carrinho, ela leva a cesta b�sica que ganhou da prefeitura. N�o gastar com o alimento b�sico traz algum al�vio para ela e o marido, que trabalha como servente de pedreiro, no sustento dos dois filhos do casal– um menino de 10 anos e uma jovem de 21.

“Ouvi falar que o g�s de cozinha vai subir mais ainda, isso � um absurdo. A gente n�o sabe onde vai parar. L� em casa n�s estamos conseguindo manter a carne por enquanto, mesmo com o pre�o car�ssimo, mas est� dif�cil”, diz Elane. Ela atribui a dificuldade para colocar comida na mesa � postura do presidente Jair Bolsonaro. “O presidente n�o ajuda, s� fala besteira e fica brigando igual um cachorro”, opinou.

Vanessa Pereira, de 28, est� h� um m�s desempregada e se preocupa com o sustento da casa, j� que o marido, que trabalha como vigia, teve de assumir toda a despesa. “Est� tudo bem caro. Isso � muito ruim, principalmente pra gente que j� est� passando dificuldade. Praticamente tudo no supermercado est� dif�cil de comprar”, reclama. (DL)


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