
A compra da LafargeHolcim pela CSN Cimentos , anunciada ontem, em um neg�cio de US$ 1,025 bilh�o, vai mudar o perfil do setor e abrir uma disputa acirrada pela segunda posi��o no mercado nacional. A InterCement permanece na vice-lideran�a, atr�s da Votorantim Cimentos, mas pode a qualquer momento perder a coloca��o - j� que fica apenas um pouco � frente da empresa de Benjamin Steinbruch.
Trata-se do segundo movimento de aquisi��o do bra�o de cimentos do grupo de Steinbruch em tr�s meses. A CSN Cimentos havia anunciado, em julho, a compra da Elizabeth Cimentos, que atua na regi�o Nordeste, por R$ 1,08 bilh�o. A aquisi��o adicionou uma capacidade produtiva para a CSN Cimentos de 1,3 milh�o de toneladas por ano, para um total de 6 milh�es de toneladas.
Com o fechamento da opera��o de ontem, a CSN Cimentos passar� a ter presen�a mais abrangente no territ�rio nacional. A compra das opera��es brasileiras da su��a LafargeHolcim foi anunciada pelo menor valor que se esperava para a conclus�o do neg�cio. A transa��o inclui as cinco plantas integradas de produ��o de cimento no Pa�s, quatro esta��es de tritura��o e 19 unidades de mistura de concreto, entre outros ativos.
Segundo fontes do setor, a Votorantim Cimentos chegou a pensar na compra, mas n�o deu andamento ao processo, pois queria adquirir apenas uma parte da empresa. O neg�cio, ent�o, ficou entre a CSN e a Mizu. A opera��o saiu por menos do que a LafargeHolcim queria, cerca de R$ 1,5 bilh�o, mas a companhia n�o abriu m�o de vender tudo de uma vez e encerrar a sua presen�a no Brasil.
O setor de cimentos no Brasil passou por uma forte crise entre 2015 e 2018, com perdas de vendas e fechamento de f�bricas. O setor vive agora uma nova realidade, com o terceiro ano consecutivo de crescimento: avan�ou 3,5% em 2019, 11% em 2020 e expectativa de expans�o � de 6% para este ano.
"H� um processo de consolida��o de mercado, que j� sab�amos que viria dos players j� instalados no Brasil", diz o presidente do Sindicato Nacional da Ind�stria do Cimento (Snic), Paulo Camillo Vargas Penna. Segundo ele, o setor ganha com a compra da LafargeHolcim pela CSN, empresa nacional com capacidade de investimento. "H� uma perspectiva enorme de crescimento � medida que se tem uma infraestrutura que come�a a dar sinais de retomada."
‘Rem�dios’
Na avalia��o dos analistas Thiago Lofiego e Isabella Vasconcelos, do banco Bradesco BBI, o neg�cio pode ser afetado por quest�es concorrenciais. Segundo eles, rem�dios antitruste n�o podem ser descartados para a aprova��o da compra da LafargeHolcim pela CSN Cimentos.
"Apesar de a CSN ter apenas cerca de 15% da capacidade instalada total do mercado p�s-negocia��o, � importante lembrar que o cimento � um mercado altamente regionalizado. O Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica) poderia implementar algum tipo de rem�dio na regi�o Sudeste do Brasil, onde os ativos da CSN e da LafargeHolcim est�o mais concentrados", dizem.
O banco diz ainda que a opera��o � um passo positivo para a CSN, em linha com a estrat�gia da empresa de expandir sua presen�a no mercado nacional de cimento por meio de fus�es e aquisi��es. "A CSN est� atualmente em uma posi��o financeira s�lida ap�s resultados recordes. O pagamento de US$ 1 bilh�o em dinheiro n�o deve levar a um impacto substancial na alavancagem da empresa", comentam Lofiego e Vasconcelos.
Diante do cen�rio positivo para o setor de cimentos, o banco Credit Suisse passou a projetar uma recomenda��o acima da m�dia do mercado para as a��es da CSN - com potencial de alta de 82,7% em rela��o ao fechamento de quinta-feira. O novo pre�o alvo do Credit para o papel � de R$ 62,50.
IPO
A compra da LafargeHolcim pela CSN Cimentos abre espa�o para um futuro lan�amento de IPO (oferta inicial de a��es, em ingl�s) da unidade do grupo de Benjamin Steinbruch, na vis�o do analista da Mirae Asset, Pedro Galdi. � uma inten��o antiga: a oferta p�blica de a��es ocorreria em julho, mas foi adiada com o aumento da volatilidade provocada pelo alastramento da variante delta do coronav�rus e o seu impacto na economia. Al�m disso, outras empresas do setor j� tiveram dificuldades para ir � Bolsa no passado por causa da longa crise que o cimento enfrentou no Pa�s em anos recentes.
"A CSN Cimentos est� tomando porte importante e vejo isso como positivo para quando a janela se abrir para o IPO da empresa, mais � frente", diz. Segundo o analista, a compra da Lafarge � estrat�gica, pois a CSN melhorou substancialmente sua estrutura de capital com os recursos originados da abertura de capital da CSN Minera��o.