
Para Arminio, a compara��o internacional mostra que o Estado brasileiro � grande para um Pa�s de renda m�dia. Avaliando os dados pr�-pandemia, o gasto ficou entre 30% e 35% do Produto Interno Bruto (PIB). Nesse cen�rio, os gastos sobem e os investimentos caem. "O Brasil tem uma caracter�stica fora da curva global. Quase 80% de seus recursos s�o gastos com folha de pagamento e previd�ncia. Esse n�mero supera em uns 20% o topo dos demais pa�ses."
Junta-se a isso o fato de o d�ficit prim�rio estar negativo desde 2014. Isso significa que o Brasil est� tomando dinheiro emprestado para pagar juros, o que eleva ainda mais a d�vida, hoje acima de 90% do PIB. "Esse � um n�mero alto para um pa�s com a nossa hist�ria." Na avalia��o de Arminio, em algum momento ser� preciso encarar os problemas de frente e repensar as prioridades dos gastos. Trazer o saldo prim�rio para o terreno positivo n�o ser� suficiente para equilibrar a situa��o, disse o ex-presidente do BC.
Mas ele disse acreditar que um governo bom e com projeto desenhado conseguir� colocar o Pa�s nos trilhos do crescimento. Hoje, diz o economista, h� espa�o para crescer em todas as �reas e melhorar os servi�os. "Precisamos evoluir muito. Estamos h� 40 anos com crescimento muito baixo, mesmo nos melhores momentos, como FHC e Lula (1º governo). A pergunta que temos de fazer � por que n�s, como na��o, n�o conseguimos nos organizar e fazer melhor as coisas de forma inclusiva e sustent�vel?"
Em rela��o � reforma do Estado, Arminio afirmou acreditar que � poss�vel atacar o problema de forma r�pida e eficaz com instrumentos j� existentes. Um desses caminhos est� na Constitui��o e permitiria avaliar o servidor p�blico. "N�o consigo entender como n�o se avalia um servidor p�blico. Isso est� h� 23 anos esperando."
O economista disse que, no geral, o Estado pouco planeja, administra mal e quase n�o avalia. "� fundamental que se crie uma cultura de justificar tudo que se faz. � preciso administrar com rigor e avaliar. O Brasil preciso de um modelo de RH para melhorar as coisas."
Tradicionalmente otimista com as quest�es pol�ticas e econ�micas do Pa�s, Arminio diz que infelizmente "chegamos num ponto em que temos de contar um pouquinho mais com a sorte para as coisas darem uma ajeitada". Mas ele ainda acredita que h� tempo para encontrar uma terceira via, mesmo que seja para melhorar o debate eleitoral. "No curto prazo, n�o � para se desesperar, mas � preciso se preocupar com certeza."
Reorganiza��o. No mesmo evento, o professor titular da FGV Direito, em S�o Paulo, Carlos Ari Sundfeld, tamb�m defendeu a reorganiza��o do Estado brasileiro, algo que ser� necess�rio para integrar a agenda do pr�ximo governo. "� preciso reorganizar o Estado brasileiro para que de fato ele se dirija ao desenvolvimento econ�mico. Temos que descomplicar nosso mundo p�blico", disse.
Para ele, os programas de assist�ncia social precisam ser acess�veis, mas necessitam passar por uma moderniza��o e simplifica��o. "Simplificar o conjunto de servi�os vai mostrar que muita gente recebe benef�cios extraordin�rios e pessoas que precisam muito mais e que n�o recebem", afirmou.
A economista e ex-diretora do Programa Nacional de Desestatiza��o no governo de Fernando Henrique Cardoso, Elena Landau, defendeu que o Brasil trabalhe rumo a um Estado liberal progressista, algo que durante o governo de FHC se demonstrou ser poss�vel de se alcan�ar. "Queremos um Estado progressista, inclusivo socialmente, com mobilidade social, digitalizado. Falta tamb�m a quest�o da cultura, de que est� sendo solapada nesse governo. N�o existe uma na��o sem cultura, sem mem�ria. (Colaborou Fernanda Guimar�es)