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Estado de Minas ECONOMIA

Paulo Picchetti: 'Cen�rio � mais complicado do que em outras crises'


25/09/2021 08:07

O economista Paulo Picchetti, pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Funda��o Get�lio Vargas (Ibre-FGV) e professor da Escola de Economia da FGV-SP, considera o cen�rio hoje da infla��o brasileira mais complicado desde a estabiliza��o da economia, em julho de 1994, com a edi��o do Plano Real.

De l� para c�, ele aponta dois momentos cr�ticos de acelera��o da infla��o: em 2003, com a crise de expectativas, quando o d�lar chegou a R$ 4, e em 2014, com reajuste de tarifas. Em ambos os momentos, o quadro foi revertido com mais facilidade porque a economia brasileira vinha de um per�odo de expans�o. Hoje, no entanto, o espa�o para o ajuste de pol�tica fiscal existe, mas � menor. "Estamos com a economia andando de lado h� bastante tempo. Isso reduz os graus de liberdade, de um lado, para estimular a economia e, de outro, para combater a infla��o." A seguir, os principais trechos da entrevista.

O resultado da pr�via da infla��o de setembro surpreendeu?

Particularmente, a mim n�o surpreendeu. Acompanho o IPC-S (�ndice de Pre�os ao Consumidor Semanal), que � um �ndice muito parecido com o IPCA. O IPC-S tinha encostado em 1,20% na terceira quadrissemana de setembro e deve acabar o m�s mais para perto de 1,40%. Acho que essa din�mica vale para o IPCA tamb�m. Isso porque h� aumentos de energia el�trica, gasolina e tamb�m de passagens a�reas (caso do IPC-S), que est�o para serem incorporados no fechamento do m�s. Acredito que o IPCA de setembro tamb�m deve terminar acima dessa leitura da metade do m�s.

Esse resultado da pr�via de setembro muda a proje��o da infla��o para este ano?

No caso do IPC-S, acho que muda porque n�o s� o n�mero veio � alto, mas os n�cleos est�o mostrando uma tend�ncia de acelera��o da infla��o.

O resultado de setembro, que atingiu dois d�gitos em 12 meses (10,05%), pode mudar mais ainda a condu��o da pol�tica monet�ria?

O Banco Central j� sinalizou que vir� mais aumento de juros pela frente. O que vai acontecer, al�m disso, vai ser a reprodu��o do que j� vem acontecendo nos �ltimos meses. Ele constantemente est� checando a evolu��o da proje��o � frente e, se julgar necess�rio, vai dar sinaliza��es de aumentos ainda adicionais. N�o temos como falar sobre isso hoje.

Quando a infla��o vai cair?

Todo mundo, eu, inclusive, imaginava que, na virada do primeiro para o segundo semestre de 2021, os �ndices iriam bater o pico de 7% acumulado em 12 meses e iriam come�ar a cair a partir da�. S� que ocorreram v�rias surpresas: a crise h�drica, aumento das tarifas de energia, combust�veis e esse reaquecimento da economia com a reabertura das atividades suspensas com a pandemia. Ent�o, se chover suficientemente no ver�o para desligar as t�rmicas, retirar as bandeiras criadas e essa mesma chuva ajudar na safra agr�cola e na pecu�ria, imagino que, em algum momento do primeiro trimestre do ano que vem, teremos uma descompress�o da infla��o. Mas tudo isso est� condicionado a esses fatores que s�o dif�ceis de prever. Isso sem incluir um outro lado que vem forte: toda a incerteza pol�tica ligada �s reformas e � situa��o fiscal, que impedem o recuo do d�lar, apesar do ganho das exporta��es. Vamos lembrar que 2022 ser� um ano eleitoral. Isso amplia as incertezas. Mas, sendo otimista em rela��o tanto ao clima meteorol�gico, quanto ao pol�tico, imagino numa descompress�o na infla��o no primeiro trimestre de 2022.

Se compararmos o quadro da infla��o no Brasil ap�s o Plano Real, a partir de julho de 1994, hoje o cen�rio � mais complicado do que naquela �poca?

Sem d�vida. Tivemos um momento de alta da infla��o em 2003 com crise de expectativas, com o c�mbio chegando a R$ 4, o IGP (�ndice Geral de Pre�os) disparando, mas foi contornado. Assim que o trip� macroecon�mico (meta de infla��o, meta fiscal e c�mbio flutuante) foi reafirmado, o Banco Central reagiu e o ajuste foi feito e o quadro revertido. Mais recentemente, depois da reelei��o de Dilma (presidente Dilma Rousseff), houve o reajuste tarif�rio e um ano de acelera��o forte da infla��o, mas tamb�m foi revertido. Diga-se de passagem, com uma recess�o bastante profunda. O cen�rio de agora � mais complicado em termos de graus de liberdade. O espa�o para o ajuste de pol�tica fiscal e monet�ria � menor comparado a esses dois epis�dios anteriores. Ele existe, mas � menor. Isso porque estamos com a economia andando de lado h� bastante tempo. Ao contr�rio de 2003 e de 2014, quando est�vamos no fim de um per�odo de expans�o. Isso reduz os graus de liberdade, de um lado, para estimular a economia e, de outro, para combater a infla��o. Isso torna o momento atual particularmente desafiador.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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