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Estado de Minas ECONOMIA

Sem carro zero no mercado, pre�o de usados sobe at� 20% e vendas disparam


26/09/2021 17:00

As negocia��es de carros usados tiveram um boom neste ano, ocupando espa�o dos modelos novos que sumiram das lojas em raz�o da falta de chip para a produ��o. Com demanda em alta, h� uma escalada de pre�os que n�o se via desde o Plano Cruzado (nos anos 1980). H� modelos com valoriza��o de mais de 20% em um ano. Num mercado normal, o autom�vel perde entre 15% a 20% do seu valor ap�s um ano de uso.

Embora o segmento tamb�m j� registre falta de produtos, as vendas at� agosto s�o recordes, com 7,59 milh�es de autom�veis e comerciais leves. O n�mero � 48,8% superior ao de 2020, um dos anos mais fracos para o setor por causa da pandemia, mas tamb�m 6,6% acima dos 7,12 milh�es de usados vendidos em igual per�odo de 2019, at� ent�o o melhor resultado da hist�ria, segundo a Fenabrave, que representa as concession�rias.

A rela��o entre a venda de carros usados e novos tamb�m est� no ponto m�ximo da s�rie hist�rica realizada desde julho de 2004 pelo Bradesco, que trabalha com dados dessazonalizados. Para cada autom�vel zero vendido no ano, foram comercializados 6,5 usados. O maior n�vel anterior tinha sido verificado na crise de 2015 e 2016, quando ficou em 5,5.

"Em per�odos de crise � normal essa m�trica subir, mas dessa vez a massa salarial foi preservada pelos est�mulos (do governo) e as vendas cresceram em parte por causa da demanda, e em parte por causa da falta dos novos", diz Renan Bassoli Diniz, economista do Departamento de Pesquisa e Estudos Econ�micos do Bradesco.

Os pre�os dos carros novos tamb�m aumentaram ao longo do ano, mas abaixo dos usados. Segundo o IPCA, �ndice que mede a infla��o dos pre�os ao consumidor, ve�culos zero acumulam alta de 9,8% nos 12 meses encerrados em agosto, enquanto os usados subiram 12,5%.

Corrida

O vice-presidente da Fenabrave, Jos� Maur�cio Andreta J�nior, diz acreditar que o mercado de usados deve encerrar o ano com mais de 11 milh�es de ve�culos vendidos, confirmando assim o melhor resultado da hist�ria do segmento.

Para os novos, diz ele, � dif�cil fazer previs�es porque vai depender da capacidade das montadoras de entregar carros para as revendas. A previs�o do mercado � de que a falta de semicondutores deve se manter pelo menos at� meados de 2022.

Mais focadas em modelos novos, concession�rias tamb�m correm atr�s de usados em portais e oferecem pre�os mais atraentes aos propriet�rios. Antes da pandemia, o mais comum era receber o usado na troca pelo novo e repass�-lo a lojistas do ramo. Agora, a maioria das revendas busca carros seminovos (com at� tr�s anos de uso) para alavancar os neg�cios. H�, inclusive, grupos abrindo lojas exclusivas para vender usados.

Carro usado chega a custar mais que um zero quil�metro

Vender um carro usado por um ano e com pre�o melhor do que aquele pago na compra � algo in�dito num momento de estabilidade econ�mica. "Vi isso s� na �poca da hiperinfla��o", afirma Eduardo Jurcevic, presidente da Webmotors, maior plataforma de compra e venda de carros do Pa�s.

Modelos de grande procura, como Volkswagen T-Cross e Gol, tiveram em um ano valoriza��o de 27% e 24%, respectivamente, conforme dados da KBB Brasil, empresa especializada em pesquisa de pre�os de ve�culos (veja quadro ao lado).

Para Ana Renata Navas, diretora-geral da Cox Automotive do Brasil, dona da KBB, a alta procura por carros usados - e a consequente valoriza��o dos pre�os - se deve, em parte, � pronta entrega que o segmento oferece ao consumidor. Muitos modelos novos t�m filas de espera de quatro a seis meses.

Outro ingrediente, diz ela, � que a falta de carros novos reduz tamb�m a oferta de usados, pois normalmente eles comp�em o pagamento do zero. "Com menos ve�culos seminovos e usados dispon�veis nos estoques das lojas, h� mais press�o sobre os pre�os", explica.

Segundo Ana Renata, caso a crise de semicondutores perdure para al�m do primeiro semestre de 2022, ou se agrave no curto e m�dio prazos, os fatores citados "podem pressionar ainda mais os pre�os, a ponto de arrefecer a demanda por usados".

No limite. Na opini�o de Jurcevic, a elasticidade de pre�os vai at� um certo ponto. "Acho que est� muito pr�ximo de chegar em um patamar em que o consumidor vai decidir esperar mais um pouco porque os pre�os est�o muito altos", diz. Como no geral modelos novos e usados ficaram mais caros, o consumidor ter� de avaliar se compensa trocar o carro valorizado por outro que tamb�m valorizou.

Jurcevic afirma que este j� � o melhor momento da hist�ria de 25 anos da Webmotors no Brasil. O resultado financeiro da empresa cresceu mais de 30% at� agosto ante igual per�odo de 2020 e ele acredita que esse resultado ser� mantido at� dezembro. O n�mero de usu�rios �nicos, de 12 milh�es ao m�s, tamb�m ser� superado.

S� n�o ser� melhor, ressalta o executivo, porque o n�mero de ve�culos anunciados diminuiu. "Antes da pandemia chegamos a ter 410 mil carros anunciados, e hoje temos 330 mil."

O AutoShow, tradicional feir�o de carros usados que h� um ano foi transferido do Anhembi para o Expo Center Norte, na capital paulista, retomou neste ano a venda presencial nas manh�s de domingo, depois de passar praticamente todo o ano passado sem realizar o evento.

Leandro Ferrari, diretor comercial do AutoShow, afirma que o n�mero de carros � venda diminuiu, assim como o p�blico, em raz�o da pandemia. Ressalta, contudo, que em 2018 e em 2019 foram vendidos 30% dos 15 mil e dos 18 mil carros ofertados no feir�o. Neste ano, at� agosto, 52% dos 3,3 mil modelos expostos foram vendidos. Mesmo com o aumento de plataformas de vendas on line, ele diz que o feir�o continua atraindo muito p�blico comprador, visitas que devem aumentar quando a situa��o da pandemia estiver mais controlada.

"O local � seguro, h� muitas op��es de carros, a negocia��o � feita na hora, sem intermedi�rios e temos todos os servi�os para dar suporte � compra, como vistoria cautelar, parceiros da �rea de financiamento e despachante", diz Ferrari.

Desacelera��o. Ferrari cita o Fiat Argo modelo 2019 como exemplo da supervaloriza��o dos pre�os, em especial dos seminovos. O modelo era oferecido por R$ 40,8 mil em setembro do ano passado e hoje custa R$ 52,4 mil. "Come�a a ocorrer uma desacelera��o da velocidade de vendas porque hoje o valor foge do bolso da maioria dos consumidores."

A Kavak, startup mexicana que atua na compra e venda online de carros com at� 10 anos de uso, iniciou opera��es no Brasil em julho com 2,5 mil unidades em estoque. Hoje tem 3,5 mil. O investimento inicial de R$ 2,5 bilh�es na opera��o brasileira deve ser ampliado no pr�ximo ano com a expans�o das opera��es.

Nos �ltimos quatro anos, v�rias startups se instalaram no Pa�s para atuar no mercado de carros de segunda m�o. Al�m da Kavak chegaram a Creditas - comprou a Volanty -, InstaCarro, Carupi e a argentina Karvi.

Venda de usados deve desacelerar no pr�ximo ano

A previs�o de entidades de classe do setor automotivo e economistas � de que o mercado de carros usados vai crescer em ritmo mais moderado em 2022, enquanto o de novos tende a melhorar seu desempenho. A expectativa � de que no segundo semestre a falta de semicondutores estar� controlada.

A previs�o do Bradesco � de alta de 2,5% na venda de usados, para 12 milh�es de unidades, e de 7,5% para os novos, somando 2,2 milh�es de unidades.

Renan Bassoli Diniz, economista do Departamento de Pesquisa e Estudos Econ�micos do Bradesco, lembra que h� demanda, mas a oferta continuar� prejudicada no primeiro semestre.

Ele avalia que o mercado de novos perdeu o melhor momento para se recuperar rapidamente e voltar ao n�vel pr�-pandemia, quando houve est�mulos financeiros do governo � popula��o e os juros estavam mais baixos. "O ano de 2022 ter� menos est�mulos, juros mais altos, per�odo de volatilidade eleitoral e espera-se alta do PIB menor que a deste ano", ressalta Diniz.

Eduardo Jurcevic, da Webmotors, est� mais otimista. Pesquisa feita pela empresa em julho com 4,2 mil consumidores indica que 75% deles t�m inten��o de adquirir carro novo ou usado ainda este ano, 7% desistiram da compra e 18% v�o comprar em 2022. "O carro est� mais caro, mas ainda tem cr�dito no mercado", diz.

Prazo de entrega longo leva a mudan�a de planos na compra

O gerente de log�stica Jos� C�ndido, de 44 anos, desistiu de adquirir um modelo JAC T50 novo por causa do tempo que teria de esperar para receb�-lo. Depois de escolher o carro que desejava, ele foi informado pelo vendedor de que o ve�culo, importado da China, chegaria em cerca de quatro meses.

O prazo de entrega extenso fez com que C�ndido optasse por um outro modelo, usado, mas com pronta entrega garantida pela concession�ria. "Eu uso o carro no dia a dia. Como tenho uma pessoa cadeirante na fam�lia, n�o posso esperar tanto para receber um zero quil�metro" afirma ele.

Apenas quatro meses depois, C�ndido decidiu trocar novamente de carro. Ele se desfez do Chevrolet Tracker que havia comprado em abril e usou o valor para pagar outro seminovo, agora um Chevrolet Cruze.

"O pre�o do zero subiu muito, n�o compensa para mim. Como meu carro estava quitado, entreguei ele e peguei outro no lugar, saiu elas por elas; eu s� precisei arcar com a documenta��o", explica C�ndido.

Como o gerente, muitos consumidores est�o optando por modelos usados porque os novos est�o em falta, a fila de espera � longa e os pre�os tamb�m est�o aumentando.

Atualmente, os estoques de carros novos nos p�tios das montadoras e das revendas s�o suficientes para 13 dias de vendas, o mais baixo da hist�ria do setor. O estoque considerado equilibrado pelo setor � de cerca de 30 dias.

Sem estoques e com produ��o reduzida por causa da dificuldade em adquirir componentes, as montadoras tamb�m est�o reajustando os pre�os, seja para repassar custos de pe�as e mat�rias-primas, pela alta cambial ou pela maior procura em tempos de oferta reduzida.

As montadoras tamb�m est�o priorizando a produ��o de modelos com maior retorno financeiro, como utilit�rios-esportivos (SUVs) e picapes, em detrimento de hatches compactos.

Nova gera��o. O consumidor brasileiro est� sem op��o para compra de modelos mais populares. Hoje, os carros mais baratos custam R$ 48 mil (Fiat Mobi e Renault Kwid). A nova gera��o de autom�veis ganhou mais itens de conectividade, seguran�a e efici�ncia energ�tica e seus pre�os triplicaram em rela��o aos de uma d�cada atr�s.

Levantamento feito pela KBB Brasil, empresa especializada em pesquisa de pre�os de ve�culos, mostra que os dez modelos mais vendidos em 2011 custavam de R$ 24,7 mil (Chevrolet Celta) a R$ 39,4 mil (Volkswagen Voyage).

Os pre�os dos dez carros mais vendidos neste ano partem de R$ 49,3 mil (Renault Kwid) e v�o at� R$ 187,2 mil (Jeep Compass). Na m�dia, a lista atual tem valores 189,6% superiores na compara��o com a de 2011.

"Apesar de mais caro, comprar um carro novo hoje rende mais (em um ano) do que a poupan�a e outras aplica��es", afirma Jos� Maur�cio Andreta J�nior, vice-presidente da Fenabrave, associa��o que representa os concession�rios de ve�culos.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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