
Desde o come�o da pandemia, a volatilidade do mercado financeiro tem pego investidores de surpresa e tirado o sono especialmente daqueles que passaram a tomar mais risco em renda vari�vel ap�s a taxa b�sica de juros (Selic) chegar � sua m�nima hist�rica de 2%. A derrubada dos juros foi feita para baratear o cr�dito durante o per�odo de crise, mas com a retomada econ�mica a infla��o voltou a ser protagonista nas decis�es financeiras dos brasileiros, o que alterou significativamente a forma de pensar em investimentos.
No caso da renda fixa, considerada uma modalidade de investimento segura, o rendimento dos t�tulos p�blicos atrelados � Selic voltou a crescer desde que o Copom promoveu altas na taxa, o que pode levar v�rios investidores a aumentarem suas aplica��es em t�tulos p�blicos e diminuir a liquidez no mercado de renda vari�vel – a exemplo do que ocorria no Brasil quando as taxas de juros ultrapassavam os 10%, quando os investidores poderiam investir em ativos seguros e ainda ter bom rendimento.
Em um momento de turbul�ncia como o atual, � preciso ter estrat�gia e resili�ncia para n�o tomar decis�es por impulso e acabar perdendo dinheiro, especialmente quando se fala em aplica��o em a��es. Jurandir Macedo, planejador financeiro e professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), explica que a maioria dos investidores toma decis�es erradas, comprando ativos quando est�o em alta e vendendo quando est�o em queda, com medo de perder dinheiro.
“� a mesma l�gica de quando voc� quer comprar um determinado produto. Voc� compra quando est� caro ou quando ele fica barato? Quando houve alta na bolsa, as pessoas compraram. E agora, boa parte vendeu. Os investidores famosos fizeram fortuna justamente comprando no grande per�odo de baixa”, explica.
RESERVAS Segundo Macedo, � preciso ter em mente que cada investimento tem sua finalidade e que o mercado financeiro � uma “m�quina de tirar o sono dos desesperados”. Com objetivos definidos, � poss�vel escolher qual investimento fazer. No caso da reserva de emerg�ncia – praticamente unanimidade entre educadores financeiros –, � preciso guardar dinheiro suficiente para pagar as contas por determinado n�mero de meses caso ocorra algum imprevisto, como demiss�o, por exemplo.
Nesse caso, o ideal � optar por uma aplica��o segura, com tempo de resgate baixo, como � o caso dos t�tulos p�blicos. Para quem quer rendimento a longo prazo, no entanto, a recomenda��o � renda vari�vel, como investimento em a��es ou fundos imobili�rios (FII), por exemplo, que normalmente t�m maior rendimento. Macedo explica que, no caso das a��es, o risco a longo prazo � baixo. Ele tamb�m recomenda tr�s objetivos principais na hora de investir.
“No longo prazo, o risco da bolsa � extremamente baixo, mas as pessoas querem entrar s� em momentos extraordin�rios. � importante ter em mente tr�s coisas na hora de fazer investimentos: a reserva de emerg�ncia, que lhe garanta recursos em situa��es at�picas; a aposentadoria complementar – que n�o substitui a previd�ncia p�blica; e a reserva para sonhos, como uma viagem, um casamento daqui a um ou dois anos”, diz.
DIVERSIFICA��O Jos� Falc�o Castro, analista de investimentos do Nu Invest, tamb�m recomenda cautela na hora de tomar decis�es em momentos de turbul�ncia. Ele revela que, mesmo com a alta sa�da de capital estrangeiro da B3 em setembro, quem vendeu mais a��es e desfez suas posi��es foram os brasileiros.
“Quando voc� pega setembro, teve sa�da de investimento estrangeiro, mas o ano tem saldo positivo grande. O que est� causando a corre��o da bolsa nesses �ltimos meses n�o � a sa�da do investidor estrangeiro, � quem est� na ponta, o investidor dom�stico. Quando voc� pega no consolidado do ano, quem est� vendendo � investidor institucional e pessoas f�sicas”, pontua.
A chave para atravessar o momento de turbul�ncia, segundo ele, � a mesma para qualquer tempo: a diversifica��o da carteira – que consiste em ter diversos tipos de investimento ao mesmo tempo. Essa diversifica��o, aponta Castro, deve ser feita de prefer�ncia sob a orienta��o de profissionais.
“Sempre � hora de ter mais de um ativo, sempre. O que muda � a dosagem. N�o zere sua aplica��o em bolsa. Se voc� estiver vulner�vel, pode reduzir e ir um pouco mais para renda fixa, t�tulos p�blicos ou privados”, explica. “O investidor tem que ter a estrat�gia muito bem definida. Se quer construir o longo prazo, ele n�o deve se preocupar com o curto prazo, apenas fazer pequenos ajustes”, acrescenta.
INVESTINDO EM A��ES Apesar do momento de turbul�ncia, h� quem projete o �ndice Ibovespa voltando ao seu patamar m�ximo no fim do ano. � o que aponta um relat�rio da XP Investimentos divulgado no fim de setembro, que projeta a bolsa em 130 mil pontos em dezembro – atualmente, est� em 112 mil. Uma das autoras do relat�rio, a estrategista de a��es Jennie Li, tamb�m recomenda variedade de investimentos para atravessar o momento de crise.
Al�m disso, outra caracter�stica importante � disciplina. O investidor pessoa f�sica, segundo ela, normalmente tem dificuldades em seguir o princ�pio de comprar determinado papel em baixa e vend�-lo em alta. Por isso, � preciso pensar com calma e ter resili�ncia.
“� preciso ter em mente objetivo e prazo e seguir investindo. Fazer timing de mercado � algo que nem investidores experientes conseguem. Princ�pio de mercado � comprar na baixa e vender na alta, mas n�o tem como saber. Ent�o, tem que manter investido, conseguir tolerar essa turbul�ncia – o que faz mais sentido que acertar o timing do mercado”, diz.
Na hora de escolher as a��es, no entanto, � preciso ter em mente v�rios fatores. Com a infla��o, algumas empresas costumam sofrer mais e outras se destacam, como � o caso daquelas que conseguem passar ao consumidor os aumentos de pre�os. Contudo, ela aponta que, em geral, as empresas listadas no Ibovespa geralmente conseguem se sair bem mesmo com a alta infla��o.
“A longo prazo vemos que os ativos de empresas do Ibovespa conseguem ir bem apesar da infla��o em alta. Fizemos um estudo alguns meses atr�s mostrando o Ibovespa deflacion�rio. Ent�o, no longo prazo, investir em grandes empresas, que conseguem repassar os custos, acaba sendo um bom investimento”, concluiu.
Trip� de prote��o
Como reduzir riscos e “blindar” recursos
1 – Tenha objetivos bem definidos
As orienta��es de investimentos variam de acordo com o perfil do investidor e com seus objetivos. Quando se fala em objetivos de curto prazo, o ideal � prezar por ativos de seguran�a, como Tesouro Direto ou Fundos DI. Se for a longo prazo, � interessante pensar em renda vari�vel, como a��es ou fundos imobili�rios (FIIs) para maior rendimento.
2 – N�o aja por impulso
Especialmente quando se fala em renda vari�vel – que engloba ativos mais arriscados –, � comum que bata o desespero quando os mercados est�o em queda e o investidor pense em vender seus ativos. O ideal � avaliar sua situa��o e evitar tomar decis�es repentinas com base no que ocorre a curto prazo.
3 – Diversifique sua carteira
Seja para fazer uma previd�ncia complementar, viajar, comprar um im�vel, a recomenda��o dos especialistas � sempre essa. Quando voc� tem diversos tipos de ativos na sua carteira de investimentos, fica mais protegido de varia��o. O desafio aqui � acertar a dose, a quantidade de cada tipo de ativo. Isso pode ser feito em conjunto com sua corretora/banco.
Fontes: Relat�rio "Raio XP" (XP Investimentos) e especialistas
