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Estado de Minas Vida cara

Persistentes, aumentos levam cesta b�sica e infla��o a recordes em BH

Custo da comida b�sica, de R$ 588,42 em setembro, foi o maior da pesquisa da UFMG. IPCA de 1,31% � o mais alto para o m�s em 25 anos


07/10/2021 04:00 - atualizado 06/10/2021 23:59

Consumidora atenta Loraly Pires reclama do malabarismo para lidar com o orçamento
Impressionada com o pre�o do tomate, Loraly Pires optou por comprar apenas uma unidade do fruto (foto: Fotos: Marcos Vieira/EM/D.A Press )

Sem freio, os aumentos dos pre�os de alimentos b�sicos nas mesas dos brasileiros, sobretudo da popula��o de menor poder aquisitivo, levaram a cesta b�sica vendida em Belo Horizonte ao valor recorde de R$ 588,42 no m�s passado. Foi a maior cifra apurada na s�rie hist�rica da pesquisa mensal da Funda��o Instituto de Pesquisas Econ�micas, Administrativas e Cont�beis de Minas Gerais (Ipead), vinculada � UFMG. O f�lego dos reajustes alcan�ou 19,90% no per�odo de 12 meses terminados em setembro, mais que dobro da varia��o m�dia da infla��o, de 9,34%, verificada nesse mesmo intervalo pelo �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador retrata os gastos das fam�lias com renda de um a 40 sal�rios m�nimos.
 
A dona de casa Nelita Oliveira percebe reajustes generalizados dos preços dos alimentos
A feira semanal de Nelita Oliveira j� custa o dobro e para conseguir alguma economia ela busca produtos em v�rios estabelecimentos
Dos 13 produtos que comp�em a cesta b�sica, nove encareceram acima da varia��o do custo de vida, liderados pelo a��car cristal, que est� 56,82% mais caro em um ano; o caf� mo�do, que sofreu reajuste de pre�o de 44,44%, e o �leo de soja, remarcado em 37,87%. J� sumida do prato das fam�lias de menor poder aquisitivo, a carne vermelha teve alta de 29,10% – no caso, o corte pesquisado � a ch� de dentro. Outros dois ingredientes t�picos das refei��es, o tomate e a batata-inglesa sofreram significativos aumentos, de 24,96% e 25,50%, respectivamente.
 
O avan�o do custo de vida j� era esperado pelo gerente de pesquisas da Funda��o Ipead, Eduardo Antunes. Al�m do valor hist�rico da cesta b�sica, que apenas em setembro subiu 2,42%, o IPCA apurado no m�s passado, de 1,31% foi, tamb�m, o mais alto da s�rie para setembro desde 1996.
Campe� isolada dos aumentos na capital mineira, a tarifa de energia el�trica residencial ficou 6,61% mais cara em setembro, de acordo com a Funda��o Ipead. Na an�lise por grupos de despesas pressionados em setembro, os destaques ficaram por conta dos alimentos in natura, com reajuste m�dio de 5,57%, e a alimenta��o em restaurante (2,52%). Despesas pessoais tamb�m turbinaram a infla��o, com aumento no pre�o de 2,02%, em m�dia. No ano, o IPCA acumula alta de 6,60% e o custo da cesta b�sica subiu 2,10%.
 
Eduardo Antunes lembrou que a pandemia do novo coronav�rus trouxe “muitas incertezas” e “h� muita coisa para acontecer ainda” antes de a economia voltar ao chamado ritmo normal. At� l�, o economista recomenda “controle do dinheiro que temos”, enquanto persistir o cen�rio de alta de pre�os, conjugado com taxas de infla��o e juros em ascens�o. Com a alta persistente da infla��o, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) do Banco Central decidiu no �ltimo dia 22 elevar de 5,25% para 6,25% ao ano a taxa b�sica de juros, a Selic, que remunera os t�tulos do governo no mercado financeiro e serve de refer�ncia para as opera��es nos bancos e no com�rcio.
 
Tentar driblar os aumentos � quase como uma arte para a dona de casa Nelita Alves de Oliveira, de 60 anos, que percebe remarca��o generalizada de pre�os. “Tudo aumentou: tomate, batata, g�s, arroz, feij�o, at� o lim�o. E a carne? N�o compro mais. Eu precisei substituir o boi pelo frango. Por�m, o frango tamb�m aumentou. Compro porco. Mas quando est� tudo muito caro, compro farinha de kibe. A gente precisa se virar”, disse.
Nelita Oliveira conta que o sacol�o da semana, que custava por volta de R$ 40, agora exige desembolso de R$ 80. O jeito � buscar alimentos em estabelecimentos diferentes. Para outra consumidora atenta, Loraly Pires, de 38, o que mais chama a aten��o � a evolu��o do pre�o do tomate. Ela encontrou o quilo do produto vendido a R$ 9,99. “Hoje, vou levar apenas um tomate para n�o ficar sem. Nunca esteve t�o caro. Preciso fazer um malabarismo para conseguir pagar. A batata eu j� n�o vou levar desta vez”, contou.

Mais prejudicados Com o mesmo comportamento da infla��o oficial do pa�s, o custo de vida afeta mais os pobres, cujo or�amento tem sido impactado, principalmente, pelas remarca��es dos alimentos. O �ndice de Pre�os ao Consumidor Restrito (IPCR), tamb�m medido pela Funda��o Ipead/UFMG, mostrou varia��o de 1,33% em setembro das despesas das fam�lias com renda entre um e cinco sal�rios m�nimos. O peso do custo da cesta b�sica, da mesma forma, � maior para esse grupo da popula��o, tendo consumido, em setembro, 53,49% do valor do sal�rio m�nimo (R$ 1.100).
 
A pesquisa do IPCA, por sua vez, revela, ainda, que os combust�veis mant�m press�o sobre o or�amento familiar. Em setembro, a gasolina comum ficou na terceira posi��o entre os cinco principais vil�es dos pre�os em BH, com varia��o de 3,53%. Quem comprou autom�vel novo pagou 4,68% a mais frente a agosto e as excurs�es seguem com pre�os acelerados diante da recupera��o das vendas do setor do turismo, tendo apresentado aumento de 5,91% no m�s passado.

Dif�cil tarefa da substitui��o


Como outros motoristas, Walmir Oliveira não encontrou alternativa a não ser mudar hábitos
Walmir Oliveira, assessor parlamentar, decidiu alterar a rotina e n�o usa mais o carro para o lazer, diante dos sucessivos reajustes dos pre�os dos combust�veis
 
Trocar produtos mais caros n�o tem sido f�cil para as fam�lias e nem mesmo fator para assegurar economia, o que talvez somente seja poss�vel por meio do corte radical da despesa. A dona de casa Miriam Soares, de 49 anos, afirma que est� dif�cil encontrar alimentos para substituir  produtos que encareceram. “Est� tudo muito ‘salgado’. O que eu comprava antes com R$ 70, hoje est� resumido a menos da metade”, contou. “Com o aumento do frango, tem dia em que compro o ovo.  Churrasco, sem chance”, destacou.
 
Luiz Carlos Câmara teme que a elevação dos preços dos combustíveis inviabilize ganho profissional
Motorista de aplicativo de transporte, Luiz Carlos C�mara estica a jornada para compensar gasto alto com gasolina
Para o assessor parlamentar Valmir Souza Oliveira, de 50, a solu��o foi mudar a rotina para economizar no gastos com combust�vel para o carro pr�prio. “Estou deixando de sair de carro para lazer”, disse. Luiz Carlos C�mara, de 36, � motorista de aplicativo e sofre com os impactos dos pre�os dos combust�veis.
 
“Est� dif�cil, preciso calcular muito bem o que estou gastando.  Se aumentar mais um pouco j� n�o vale a pena rodar”, afirma. Ele conta que opta por aceitar corridas mais curtas como forma de economizar na compra de  gasolina. “Isso porque eu abaste�o v�rias vezes ao dia. Gasto por volta de R$ 2 mil por m�s. Agora, tive aumento de R$ 500”, contou. Para fechar as contas, Luiz Carlos precisa ainda aumentar o n�mero de horas rodadas, que passaram de 9 a 12 dentro do ve�culo.

Expectativa A despeito dos aumentos persistentes pagos pelo consumidor final, a Funda��o Getulio Vargas captou queda nos pre�os no atacado de algumas mat�rias-primas industriais, o que pode indicar cen�rio menos desfavor�vel tamb�m para o varejo. Com o recuo de itens al�m do min�rio de ferro em setembro, houve defla��o do �ndice Geral de Pre�os – Disponibilidade Interna (IGP-DI). O indicador teve queda de 0,55% no m�s passado, arrefecendo o avan�o no acumulado em 12 meses, que ainda est� em 23,43%.
 
Foi um primeiro sinal de que os piores efeitos clim�ticos da estiagem e do frio intenso do meio do ano sobre a infla��o est�o come�ando a ficar para tr�s, na avalia��o de Andr� Braz, coordenador do �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC) do Instituto Brasileiro de Economia (Ibre/FGV). Come�ar a deixar o pior momento dos efeitos clim�ticos para tr�s significa algum al�vio na press�o por reajustes nos pre�os dos alimentos.
 
Isso pode moderar um pouco a difus�o da infla��o ao consumidor, mas nada capaz de mudar tend�ncia de forma abrupta, segundo Braz. Ainda puxado pela “infla��o de energ�ticos”, formada por combust�veis e conta de luz, o IPCA, indicador oficial de pre�os calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE), poder� terminar o ano em 9%, como estima o especialista.
 
Os sinais de que o pior da estiagem pode ter ficado para tr�s apareceram no IPA-DI, que mede os pre�os no atacado. O pre�o do milho em gr�o recuou 5,10% (ante alta de 5,26% em agosto), os bovinos (os animais vivos, cujos pre�os influenciam, posteriormente, o pre�o final das carnes) ficaram, em m�dia, 2,69% mais baratos (frente � queda de 0,24% em agosto) e o caf� em gr�o, que avan�ou 7,83%, arrefeceu perante o aumento de 15,10% em agosto. (LR com ag�ncias)
 
 


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