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Estado de Minas ECONOMIA

'N�o sou candidata a nada, mas sou uma pessoa pol�tica', diz Luiza Trajano


18/10/2021 17:06

Os �ltimos meses de Luiza Trajano, presidente do conselho de administra��o do Magazine Luiza e s�mbolo de lideran�a feminina no Pa�s, foram agitados: al�m de aparecer na lista das cem personalidades mais influentes do mundo da revista americana Time, ela teve o nome inclu�do como op��o de candidata em uma pesquisa eleitoral para as elei��es presidenciais de 2022. E isso logo depois de a empres�ria ter capitaneado, com o grupo Mulheres do Brasil, o projeto Unidos pela Vacina, que ajudou a fechar gargalos que impediam a imuniza��o mais r�pida da popula��o brasileira.

Em entrevista ao Estad�o, Luiza disse que, ao abra�ar projetos e causas que incluem a diversidade racial e de g�nero, n�o � necess�rio entrar em conflito com ningu�m. No entanto, ela n�o se furta a entrar em searas que s�o sobretudo tarefas de governo. Al�m de ter trabalhado no projeto de vacina��o, agora quer se debru�ar sobre um planejamento de longo prazo, de dez anos, para a economia brasileira em quatro setores: educa��o, sa�de, emprego e habita��o.

Questionada, a empres�ria afirmou que uma candidatura pol�tico-partid�ria est� fora de quest�o - embora tenha evitado usar a express�o "definitivamente descartada". Isso n�o quer dizer, por�m, que ela esteja fora da pol�tica, ainda que provavelmente sua foto n�o v� aparecer na telinha da urna eletr�nica.

"Eu te digo que descarto a ideia de participar de qualquer cargo pol�tico para elei��o, mas quero deixar claro que eu sou uma (pessoa) pol�tica e penso o Brasil. E, com um grupo de quase 100 mil mulheres, vou assumir uma posi��o pol�tica apartid�ria para defender causas que sejam boas para o Brasil", disse Luiza. "Sendo boa para o Brasil, n�o importa o partido."

Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:

O Brasil vem atravessando crises pol�ticas e agora tamb�m vive um cen�rio econ�mico ruim, com infla��o em alta e expectativa de crescimento em baixa, tudo isso em meio a uma pandemia. Como � lidar com essa situa��o?

Como CEO, vivi v�rias crises, mas nada parecido com a pandemia, que trouxe efeitos emocionais para todos, al�m da doen�a. Eu tenho chamado essa nova fase de renascimento. Tem infla��o alta em todos os pa�ses, e acho que o nosso pa�s precisa lidar com o juro. Porque, quando voc� aumenta o juro, o consumo diminui. E n�s precisamos de renda e cr�dito. Nesse momento, o que eu tenho pedido � uni�o, n�o importa o partido. S� juntos a gente pode vencer. O Unidos pela Vacina provou que � poss�vel criar uni�o sem falar mal de ningu�m, que basta lutar para dar certo.

Mas a situa��o da economia preocupa?

Acho que, para o varejo, � um pouco mais f�cil. Isso porque o com�rcio consegue focar no aqui e no agora. Normalmente, o varejo se volta para a venda, cria campanhas, faz tudo para isso trazer novamente (o cliente). E a gente tem sentido que o renascimento tem sido muito positivo. As pessoas querem se encontrar, querem comprar, viajar de novo...

A sra. defendeu a vacina��o em massa em um momento em que o Brasil tinha problemas nesse assunto. Qual � a avalia��o do Unidos pela Vacina?

Junto com o grupo Mulheres do Brasil e com a uni�o de v�rias entidades, n�s conseguimos estar juntos com o Minist�rio da Sa�de para poder vacinar. N�o podemos dizer que (o minist�rio) n�o esteve junto. Com ajuda das prefeituras, mais de 2 milh�es de produtos foram entregues para cada um desses munic�pios.

A sra. tem trabalhado muito com o Mulheres do Brasil para trazer mais mulheres para cargos de lideran�a. Como isso se dar�?

O Mulheres do Brasil � um grupo pol�tico, suprapartid�rio, que trabalha por causas boas para o Brasil. Sendo boa para o Brasil, n�o importa o partido. E uma das causas � a de mais mulheres na pol�tica. Criamos a campanha "Pula para 50", para que 50% de cadeiras estejam com mulheres. Porque a gente acredita que isso vai ajudar muito. O papel da mulher hoje, especialmente ap�s a pandemia, tem destaque muito maior. E a agenda ESG (sigla em ingl�s para a��es ambientais, sociais e de governan�a) tem ajudado muito no despertar para a necessidade de mais mulheres na lideran�a de empresas tamb�m.

Como assim?

Porque agora chegou no mercado financeiro, � o mercado financeiro que quer. Hoje, n�s (do Mulheres do Brasil) somos mais procuradas por empresas que querem ter mais mulheres e mais profissionais negros em seus conselhos. Antes se dizia que n�o tinha mulher para colocar no conselho, mas a gente indica mulheres para os conselhos das empresas, virou exig�ncia para se fazer IPO (abertura de capital). Com certeza, tudo vai acontecer muito mais r�pido. Assim como mudou para as mulheres, mudou tamb�m para os negros. A gente v� mais empresas discutindo a inclus�o de profissionais negros em altos cargos. E a gente tem de acelerar mais.

No ano passado, o Magazine Luiza lan�ou um trainee s� para profissionais negros. A controv�rsia foi surpreendente?

Se voc�s pegarem um document�rio de 20 minutos no YouTube do Magazine Luiza, n�o tem uma pessoa que n�o se emocione. O trainee exclusivo para negros foi uma ideia do Frederico (Trajano, filho de Luiza e atual presidente do Magalu). Valeu a pena as 72 horas de muita paulada que a gente levou logo que lan�amos o programa. Ouvimos coisas que jamais imagin�vamos.

Ent�o, em algum momento, h� de se enfrentar a repercuss�o negativa?

O Frederico foi firme e disse que iria continuar, n�o abriria m�o. No document�rio, a gente mostra que essas pessoas tinham o curr�culo e a forma��o, mas estavam desempregadas ou ganhando muito menos do que deveriam.

Com Unidos pela Vacina e o trainee, al�m do Mulheres do Brasil, a sra. transcende o Magalu. Como essas causas s�o eleitas e o seu tempo � organizado?

Durmo pouco, e isso j� me ajuda. A vida inteira foi assim. E tem duas coisas que eu acho que me ajudam muito: estou sempre por inteira nas coisas, seja dando entrevista, me reunindo com uma equipe ou fazendo gin�stica - o que eu detesto. E isso desgasta menos, voc� n�o fica naquela ansiedade. Desde sempre, mesmo quando eu tinha a opera��o do Magazine Luiza na m�o, nunca fiquei s� na empresa.

� melhor ter mais de um desafio ao mesmo tempo?

Quando voc� s� tem uma coisa e tem dificuldade de entregar, voc� se sente frustrado. O grupo Mulheres do Brasil existe h� oito anos - sempre acreditei que a mudan�a do Pa�s � via sociedade civil organizada. E uma sociedade que pensa o Pa�s, e n�o em votos. Respeito a democracia, os partidos pol�ticos, mas sempre pensei isso.

A redu��o da desigualdade parece, de forma geral, influenciar as suas causas.

Como venho de uma cidade do interior, convivi mais de perto com a desigualdade. Ent�o, n�o fui surpreendida pela desigualdade. Eu sou a favor do Bolsa Fam�lia (agora rebatizado de Aux�lio Brasil). Sei que n�o � poss�vel sair da pobreza sem isso. Como tamb�m sou a favor do emprego - e a� falam que eu sou de esquerda. Quando sou a favor da privatiza��o, sou de direita. A desigualdade social foi escancarada (na pandemia). E n�o compete julgar as pessoas que n�o viram isso antes.

A sra. foi citada recentemente na lista de mais influentes da revista Time. O que isso significou?

Nunca imaginei que isso poderia ocorrer. Fiquei meio assustada quando chegou a not�cia, uns 15 dias antes (da publica��o). Fiquei muito feliz de representar meu Pa�s - n�o sou unanimidade, mas as pessoas sabem da minha coer�ncia. Fiquei muito grata, e isso aumenta a minha responsabilidade.

Qual ser� seu papel na pol�tica do Brasil? Uma candidatura, que � sempre alvo de especula��o, est� definitivamente descartada?

Tenho por princ�pio n�o usar essa palavra (definitivamente). Te digo que est� descartado eu participar de qualquer cargo pol�tico para elei��o, mas quero deixar bem claro que eu sou pol�tica e penso no Brasil. E hoje, com um grupo de quase 100 mil mulheres, a gente vai assumir uma posi��o pol�tica apartid�ria para defender projetos e causas para o Brasil. Vamos fazer um planejamento estrat�gico de 2022 a 2032 nas �reas de educa��o, sa�de, habita��o e emprego.

E qual � o objetivo disso?

� saber que ranking a gente quer ter. Nada pode ser feito sem uma b�ssola, um rumo. � isso o que o Mulheres do Brasil quer, independentemente de partido. A gente acredita tamb�m no "Pula para 50". Com 100 mil assinaturas, podemos entrar com um projeto no Congresso - e estamos muito perto disso. E outro projeto de que gosto muito � o Ci�ncia na Sa�de, que vai reunir a academia em torno do tema no Brasil. O v�rus (da covid-19) vai estar sempre a�, e podemos dar uma organizada e uma alavancada (no combate).

A sra. acha que falta planejamento para o Pa�s?

N�o sei se est� faltando, mas sei que n�o est� na m�o de todo mundo um planejamento enxuto. Para falar bem de uma coisa, n�o preciso falar mal de outra. A popula��o, que paga impostos e � dona do Brasil, precisa ter no��o (do que o Pa�s precisa). Vamos fazer pesquisa, colocar participa��o popular para entender.

E, assim, sua agenda j� est� cheia para a pr�xima d�cada...

Voc� p�e dois carrinhos na pista. Um � o longo prazo, mas tem de fazer aqui e agora para que isso chegue (a um objetivo maior). E a nossa imagem � colocar tudo no mesmo barco, remar na mesma dire��o. Tem gente boa fazendo muita coisa, mas a sensa��o � de que as pessoas est�o em barcos diferentes, sem se comunicar. Queremos � juntar tudo isso.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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