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Estado de Minas ECONOMIA

Fim do Extra representa a despedida dos hipermercados?


21/10/2021 17:00

A loja do hipermercado Carrefour do Shopping Iguatemi de Campinas - cidade de 1,2 milh�o de habitantes do interior de S�o Paulo - n�o parou de encolher nos �ltimos anos. Primeiro, parte do pr�dio passou a ser usada para abrigar uma loja da TokStok. Outra virou uma concession�ria de motos. "S� fa�o compras aqui porque eles abonam o estacionamento do shopping. Ent�o vale a pena. Compra de casa, mesmo, eu fa�o em atacado", diz a professora Laura Almeida, moradora da cidade, ao Estad�o .

O caso dessa loja n�o � isolado. De forma geral, os hipermercados v�m sumindo dos grandes centros. Na semana passada, o Grupo P�o de A��car anunciou que vai desativar a marca Extra Hiper - que tinha 103 lojas, das quais 71 v�o virar atacarejos do Assa� e as demais v�o ser transformadas em supermercados. Das lojas a serem desativadas, mais da metade fica em munic�pios com mais de meio milh�o de habitantes, enquanto 25 est�o na capital paulista.

O consultor Oleg�rio Ara�jo, da Intelig�ncia 360, v� o movimento com clareza. "Nos grandes centros, os h�pers n�o t�m mais relev�ncia." Segundo ele, por�m, eles ainda s�o muito apreciados em cidades menores. Segundo a Associa��o Brasileira de Supermercados (Abras), o n�mero de hipermercados no Pa�s ainda cresce: em 2020, eram 91 unidades no Brasil, n�mero que mais do que dobrou, para 188, neste ano.

Tempo e dinheiro

De acordo com especialistas, o hipermercado perdeu espa�o nas grandes cidades porque n�o atende nem � busca por conveni�ncia - j� que fazer compra em um h�per demanda tempo - nem por economia, j� que os pre�os nessas lojas s�o de mais altos do que os dos atacarejos.

"Os pre�os nos atacarejos s�o de 10% a 15% menores (do que nos h�pers). Por isso, o consumidor j� estava dando prefer�ncia para eles. A ideia era gastar menos para sobrar dinheiro para outros gastos. Agora, com a infla��o de volta, ele vai por necessidade mesmo", diz o consultor Eugenio Foganholo, diretor da Mixxer.

A Horus Intelig�ncia de Mercado faz um raio x do varejo alimentar, analisando mensalmente mais de 40 milh�es de notas fiscais emitidas nos caixas. De janeiro a setembro deste ano, os consumidores passaram a comprar mais produtos nos atacarejos: a m�dia foi de 26 itens, em janeiro, para 30, no m�s passado. Nos h�pers, essa m�dia ficou estacionada na casa de 9 produtos, no mesmo per�odo.

"As pessoas pagam mais barato nos atacarejos e acabam levando mais quantidade. Por isso, o gasto m�dio nesse canal de vendas subiu", diz Lu�za Zacharias, diretora de novos neg�cios da H�rus.

Origem

Criados nos EUA, os hipermercados tinham a miss�o de vender muito e barato. Ao contr�rio dos supermercados - que costumam ter � venda de 10 mil a 20 mil itens -, os h�pers se concentravam em poucos produtos para negociar bons descontos com fornecedores. At� hoje essa � a formula do gigante americano Cotsco, que se concentra em 3,5 mil mercadorias.

No Brasil, isso funcionou bem nos anos 1990, segundo Marcos Escudeiro, que durante 40 anos foi executivo de redes de varejo como Carrefour e GPA e hoje atua como conselheiro. "A gente sacrificava as margens para ganhar no volume", explica o executivo.

O erro, segundo Escudeiro, foi a tentativa dos h�pers de se sofisticarem, ampliando o mix. Passaram a oferecer eletrodom�sticos, eletr�nicos - e at� m�veis. E se tornaram uma esp�cie de loja de departamentos sem glamour. O mix de produtos saltou para mais de 10 mil itens, e negociar descontos ficou mais dif�cil. Conclus�o: o hipermercado foi gradativamente encarecendo. E o cliente, afastando-se.

O consumidor, ent�o, procurou uma sa�da para achar pre�os mais baixos. Em meados de 2010, migrou para os atacarejos - que � �poca ainda atendiam, sobretudo, pequenos comerciantes.

Rumo ao interior

Empresas como a paranaense Irm�os Muffato, a quarta maior rede varejista alimentar do Pa�s, segundo a Abras, concentra 43 de suas 48 lojas Super Muffato em cidades com menos de 600 mil habitantes - � exce��o de cinco unidades em Curitiba.

Com essa estrat�gia, o faturamento da rede cresceu 20,2%, para R$ 9 bilh�es, em 2020. "S�o os her�is locais. Para as pequenas cidades, se n�o for no h�per, ele n�o encontra o que quer comprar", diz Ara�jo, ex-Carrefour e GPA.

Maior rede no segmento, o Carrefour tem 721 lojas - 100 no formato h�per. Em mar�o, a rede francesa comprou 387 lojas das marcas Big, anteriormente do Walmart. O Carrefour ainda n�o divulgou a estrat�gia para essas unidades. Embora a rede n�o possa se manifestar sobre o tema, ainda em aprecia��o no Conselho Administrativo de Defesa Econ�mica (Cade), a aposta do mercado � que essas lojas sejam usadas para expandir o Atacad�o.

Os atacados e atacarejos ainda t�m presen�a mais discreta no interior, onde a rentabilidade dos hipermercados � maior. "Mas isso vai durar pouco", avisa Ricardo Rold�o, dono da rede atacadista que leva seu sobrenome e tem 37 unidades, sendo a maior parte delas na Grande S�o Paulo.

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.


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