Dezenas de empresas t�m postergado os planos de abrir capital na Bolsa brasileira. Ao todo, s�o mais de 70 companhias que tentavam se capitalizar neste ano, mas foram obrigadas a adiar sua entrada no mercado de a��es.
Com uma maior volatilidade por causa da escalada da infla��o, subida dos juros e d�vidas sobre o ritmo da retomada da economia, em fun��o da incerteza fiscal que surgiu durante a semana com o governo anunciando o rompimento do teto de gastos, obrigou as candidatas a uma oferta inicial de a��es (IPO, pela sigla em ingl�s) a colocar seus planos em compasso de espera.
O grupo de companhias que deve estrear na Bolsa somente em 2022 inclui nomes conhecidos, como a rede de academias Bluefit, a fabricante de snacks Dori e a rede de restaurantes Madero. A lista tem ainda a Nadir Figueiredo, conhecida pelos tradicionais copos americanos, a Lupo e o Grupo Cortel, do setor funer�rio.
"Muitas empresas v�o entrar num compasso de espera para ver o que acontece. Deveremos ver uma diminui��o significativa de ofertas at� o final do ano", disse Eduardo Miras, respons�vel pelo banco de investimento do Citi no Brasil.
Segundo o presidente da corretora BGC Liquidez, Erminio Lucci, a suspens�o das ofertas ocorre por conta da volatilidade dos mercados externos e internos, al�m do aumento do custo de capital em fun��o da alta dos juros, que reduzem o apetite dos investidores por ativos de risco. "Al�m das incertezas causadas pela elei��o de 2022, os ru�dos pol�ticos constantes, h� a incerteza quanto ao crescimento econ�mico do ano que vem em diante." Com isso, diferentemente da primeira metade do ano, em que os fundos de a��es estavam recebendo muito dinheiro dos investidores, agora os recursos s�o direcionados para a renda fixa.
No entanto, mesmo que o ritmo de estreias na Bolsa brasileira diminua, o ano j� � de recorde de emiss�es, superando o total do ano passado. Ao todo foram mais de 70 ofertas de a��es, grande parte de estreantes, com um volume que j� ultrapassou os R$ 140 bilh�es, ante R$ 117 bilh�es no ano passado, considerando aqui s� as transa��es realizadas na Bolsa brasileira.
Mesmo assim, a janela para emiss�es n�o est� fechada, afirma Pedro Mesquita, s�cio da XP respons�vel pelo banco de investimento. "Alguns IPOs voltados para investidores institucionais ainda v�o ocorrer, assim como ofertas de empresas j� listadas."
Nessas opera��es especificamente, o lan�amento das ofertas ocorre apenas quando h� uma demanda firme de fundos, por exemplo, mas pessoas f�sicas ficam de fora.
Roderick Greenless, chefe global do banco de investimento do Ita� BBA, disse que a institui��o aconselha os clientes que j� estavam com o pedido de registro no �rg�o regulador, a Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM), a seguir com o pedido para se tornar uma empresa aberta, mesmo que sem emitir a��es. Com o registro, quando o mercado se mostrar mais favor�vel, a empresa pode lan�ar uma oferta focada em pessoas f�sicas. "N�o � porque o mercado piorou que a empresa tem de desistir. Um IPO faz parte do plano estrat�gico da companhia."
COMPANHIAS QUE TIVERAM QUEDA NAS A��ES S�O ALVO DE AQUISI��ES
Dois grupos de empresas em diferentes situa��es podem se tornar alvo de aquisi��es nos pr�ximos meses. O primeiro � formado por uma fila de dezenas de companhias que ficaram pelo caminho no processo de abertura de capital, frustradas pela volatilidade do mercado. Outro inclui empresas que estrearam na Bolsa, em meio � euforia do mercado, mas viram suas a��es despencarem diante da maior avers�o ao risco por parte dos investidores.
No varejo, o Grupo Avenida e o e-commerce Privalia s�o alguns dos exemplos de empresas que j� sondam poss�veis sa�das para capitaliza��o ap�s desistir de suas ofertas inicias de a��es (IPO, na sigla em ingl�s), apurou o
Estad�o
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"Vemos uma boa oportunidade para aquisi��es nesses IPOs que ficaram no caminho. Podemos ver tanto opera��es com investidores estrat�gicos como com fundos, que podem substituir a estrat�gia de IPO", disse o respons�vel para �rea de fus�es e aquisi��es do Bank of America, Diogo Arag�o.
BAQUE
Segundo o executivo, outro tipo de empresa que se tornou foco de aten��o � aquele em que o pre�o das a��es sofreu forte baque desde o IPO, como ocorreu com algumas empresas de tecnologia. "V�rias dessas empresas j� estavam no radar e optaram pelo voo solo com o IPO. Agora pode ser que algumas cogitem buscar um investidor", disse Arag�o.
Os exemplos j� come�am a aparecer. A holding de comercializa��o de energia Comerc, que estava em vias de abrir capital e que tinha, a despeito da enorme volatilidade, demanda para concluir sua oferta, conseguiu melhores condi��es em um M&A; - e acabou sendo vendida � Vibra, antiga BR Distribuidora.
Entre as empresas que conseguiram fazer o IPO, mas que acabaram se tornando alvo de aquisi��o est� a do setor de tecnologia Mosaico, dona do site Buscap�, que foi vendida para o banco Pan, do BTG Pactual, transa��o anunciada no m�s passado.
Com as empresas partindo para consolidar seus mercados, o ano j� � de recorde quando se trata de fus�es e aquisi��es no Brasil. Este ano j� superou o total de transa��es do ano passado, segundo a consultoria PwC, quando foram registradas um pouco mais de mil opera��es no Brasil, pelo levantamento. A proje��o � de que o ano tenha 1,4 mil transa��es. Segundo Leonardo Dell'Oso, s�cio da PwC, ser� o maior volume da hist�ria.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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