Poucas horas depois de ser anunciada a derrocada da Evergrande, a segunda maior incorporadora da China, por aqui a brasileira PDG anunciava o fim de um longo processo de recupera��o judicial. Em severa crise financeira, a ex-l�der do mercado imobili�rio brasileiro, que chegou a ter 300 canteiros de obras simult�neos, n�o lan�a um novo empreendimento desde 2015. A esperan�a de retorno se d� em patamares bem mais modestos: a nova PDG est� tateando o mercado para lan�ar um novo pr�dio no bairro do Tatuap�, em S�o Paulo.
Ap�s passar pouco mais de quatro anos negociando com credores e vendendo ativos, com o objetivo de fazer caixa para conseguir pagar credores e manter sua opera��o, a PDG agora luta para recuperar a credibilidade com institui��es financeiras - passo crucial para que consiga tirar do papel seus lan�amentos.
A empresa, que chegou a valer mais de R$ 12 bilh�es na Bolsa brasileira, viu o valor de sua a��o virar p� ap�s o pedido de recupera��o na Justi�a. Grande parte dos bancos tem os �ltimos relat�rios sobre a empresa com a data de 2015. Seu valor de mercado na Bolsa brasileira hoje � de R$ 123 milh�es - isso depois de uma recupera��o em tempos recentes.
Cheia de problemas ap�s um per�odo de crescimento desorganizado, a PDG entrou na recupera��o judicial com uma d�vida de R$ 5,3 bilh�es. Desde ent�o, pagou R$ 618 milh�es. Al�m disso, conseguiu um prazo at� 2042 para terminar de acertar os d�bitos. "N�o acho que chegar� at� l�", diz o presidente da incorporadora, Augusto Reis, engenheiro civil que est� na empresa desde 2013 e assumiu o comando no in�cio do ano passado.
Olhando adiante
No momento, com o mercado imobili�rio em estado de alerta, dado o forte aumento dos custos, a PDG est� debru�ada em uma importante decis�o que poder� definir seu futuro. O projeto do Tatuap� tem um valor geral de venda (VGV) estimado em R$ 57 milh�es, com 147 apartamentos de 2 e 3 dormit�rios. O terreno, de 2 mil metros quadrados, � considerado pequeno para empreendimentos imobili�rios - e a empresa est� concentrada em n�o dar um passo maior do que a perna. "N�o podemos errar, j� usamos nossa cota de erros no passado", afirma Reis.
A PDG seguiu a tend�ncia de mercado que ditava crescimento acelerado. Segundo Alberto Ajzental, especialista do setor imobili�rio e professor da FGV, o movimento foi puxado pela Cyrela, a primeira incorporadora a abrir o capital, em 2005. Em 2007, nada menos que 14 incorporadoras fizeram sua oferta inicial de a��es na Bolsa brasileira - entre elas a PDG, que n�o foi a �nica a sofrer as dores do crescimento.
Na recupera��o judicial, no momento em que mais precisava de caixa, a PDG levantou recursos com a venda de terrenos, por ser um ativo de alto valor e muito demandado no mercado. Guardou, no entanto, alguns ativos. Al�m do terreno no Tatuap�, a PDG ainda possui �reas nos bairros paulistanos de Santana, Vila S�nia, Br�s e Parque Anhanguera.
Se no passado a PDG tinha pr�dios espalhados no Pa�s, isso acabou. O foco agora � a capital paulista e cidades pr�ximas. "O nosso foco ser� no segmento do econ�mico ao m�dio padr�o, acima de R$ 300 mil. Nada de alto padr�o", comenta o presidente da incorporadora.
Clientes � espera
Enquanto define seus pr�ximos passos, a PDG ter� ainda de solucionar o problema de nove empreendimentos parados desde a �poca da crise. Hoje ainda h� clientes � espera de seus apartamentos. Apagar esse "legado" negativo � uma das propriedades da atual administra��o.
Para ter uma nova fonte de receitas e utilizar parte de sua estrutura do passado, neste ano a PDG lan�ou a Vernyy, unidade de neg�cios com foco na presta��o de servi�os imobili�rios. "A ideia foi usar a nossa capacidade instalada. E gerar receita sem precisar fazer o investimento", diz Reis.
A PDG espera, agora, ter acesso mais f�cil a cr�dito banc�rio com a sa�da da recupera��o judicial. "Agora tende a melhorar. Ainda faz pouco tempo que foi deferido (o fim da recupera��o judicial). Com um dos bancos j� retomamos as conversas", conta o executivo.
Segundo Alberto Paiva, especialista em recupera��o judicial da Corporate Consulting, o fim de um processo de recupera��o n�o significa, necessariamente, a abertura das torneiras do cr�dito para uma empresa. O importante, segundo ele, � a empresa retomar o caminho da rentabilidade. "Em processos bem conduzidos, a taxa de sucesso fica acima de 50%", aponta.
As informa��es s�o do jornal
O Estado de S. Paulo.
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