Jorge Paulo Lemann e s�cios deixam controle da Americanas ap�s 40 anos

O famoso trio de s�cios Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles abriu m�o do controle da varejista Americanas, depois de 40 anos no comando da empresa. O passo, que simplifica sua estrutura societ�ria e responde a uma demanda de investidores, ocorre antes da listagem que a companhia far� nos Estados Unidos, mudando o domic�lio de sua sede. Isso sinaliza que a companhia buscar� sua internacionaliza��o em um momento em que tem acelerado seu crescimento via aquisi��es no Brasil.

Para a nova estrutura, a proposta � que a Americanas S.A. incorpore as Lojas Americanas - hoje tanto holding quanto empresa t�m a��es listadas na Bolsa brasileira. Na equa��o montada, cada acionista das Lojas Americanas receber� uma fra��o da a��o da Americanas S.A., precisamente 0,186 do papel.

Nesse processo, em que apenas a Americanas S.A. ser� listada, o trio de investidores ver� sua participa��o dilu�da e passar� a deter 29,2%, deixando o controle para ser o investidor de refer�ncia da empresa, que passar� a ter capital difuso.

Hoje, nas Lojas Americanas, os controladores t�m 38,2% da companhia e 60,8% das a��es ordin�rias, que s�o aquelas com direito a voto. O desenho ainda dever� ser validado pelos seus acionistas minorit�rios em assembleia marcada para o dia 10 de dezembro.

A nova estrutura societ�ria tamb�m responde a uma queixa do mercado, que vinha pedindo mais governan�a � empresa. Em abril deste ano, quando a companhia uniu as opera��es f�sicas e online (a Americanas e a B2W), a composi��o da holding desagradou aos investidores, j� que ela foi pensada exatamente para garantir que o controle fosse preservado.

A estrutura de holding permitiu que o trio continuasse mandando na empresa, j� que tinha mais do que a metade das a��es com voto, mesmo que com menos de 50% de participa��o na empresa.

Crescimento acelerado

Nesta quarta-feira, 3, ao anunciar a mudan�a, a empresa ressalta que foi importante para o seu crescimento ter um controlador.

No fato relevante em que divulgou a opera��o, a companhia cita que o atual controlador, "sempre teve como elemento norteador a estrat�gia de cria��o de valor de longo prazo, que garantiu o crescimento com rentabilidade da opera��o". Diz, ainda, que nessa nova fase, "o acionista de refer�ncia refor�a o seu compromisso com a vis�o de longo prazo como norteadora da gera��o de valor futurat.

Nos �ltimos 15 anos, a Americanas fez 28 aquisi��es, sendo que dez entre o ano passado e este ano. A maior foi a compra da rede varejista de hortifruti Natural da Terra por mais de R$ 2 bilh�es, opera��o que acaba de ser conclu�da.

Governan�a mais robusta

Como a nova estrutura de a��es, a Americanas disse que tamb�m migrar� suas a��es ao Novo Mercado, o segmento de listagem da Bolsa brasileira com maiores exig�ncias em termos de governan�a corporativa. "Considerando a bem-sucedida combina��o operacional de neg�cios em andamento, amadurecemos a ideia de consolidar as bases acion�rias das Companhias no Novo Mercado. Teremos uma s� Americanas: para clientes e investidores", afirmou, em nota enviada � imprensa, o presidente da Americanas S.A., Miguel Gutierrez.

A proposta inclui ainda um mecanismo para bloquear investidas de concorrentes, por exemplo. Por meio do chamado "poison pill", a companhia quer incluir no seu estatuto a regra de que, quando um investidor atingir uma participa��o de 15% ele precisa, obrigatoriamente, fazer uma oferta p�blica para a aquisi��o da totalidade das a��es em circula��o. Esse tipo de instrumento � comum em empresas sem um controlador.

Em relat�rio a XP avaliou o an�ncio como positivo, mas manteve a vis�o neutra em rela��o � companhia, por conta de cautela em rela��o � din�mica do e-commerce frente ao aumento de competi��o no setor e deteriora��o do cen�rio macroecon�mico, que tende a impactar mais fortemente teses ligadas ao consumo e de alto crescimento.