O ministro da Economia, Paulo Guedes, defendeu nesta ter�a-feira, 23, que � melhor ampliar um pouco os gastos sociais do que respeitar estritamente o teto de gastos. Guedes presta esclarecimentos a duas comiss�es da C�mara dos Deputados sobre seus investimentos no exterior. "Eu perdi secret�rio da Receita, perdi gente que acha que tinha de ter sido respeitado estritamente o teto. Eu disse: � melhor fazer uma aterrissagem mais suave no fiscal, mas atender mais o social", afirmou. "Eu tinha secret�rio do Tesouro que preferiu pedir demiss�o do que aumentar o valor do benef�cio de R$ 300 para R$ 400."
Em audi�ncia nas comiss�es de Trabalho, Administra��o e Servi�o P�blico e de Fiscaliza��o Financeira e Controle, Guedes disse que a Economia n�o tem a �ltima palavra no Brasil e que as mudan�as no teto de gastos para garantir um aumento de gastos sociais fazem parte da democracia do Pa�s. "Todo mundo sabe que eu queria manter o teto", afirmou.
Guedes se defendeu ainda da vis�o de que estaria sendo "descredenciado pelos economistas" por ceder �s press�es da C�mara e do Senado e aceitar um d�ficit maior. "A Economia n�o tem a �ltima palavra, a Economia luta at� o final pelo que � correto tecnicamente", disse Guedes, para quem n�o faria sentido pedir demiss�o do cargo uma vez que a preval�ncia da vontade pol�tica n�o viola a arquitetura fiscal.
"O d�ficit foi para 10,5% do PIB, voltou para 1,0% e iria ser zero em 2022. Em vez de ir para zero, fica em 1,0%. Por que? Porque o povo brasileiro estava com fome, e a pol�tica resolveu empurrar mais um pouco a fronteira fiscal. � isso que eu me limito a fazer", afirmou o ministro.
Conversas com o mercado financeiro
Guedes disse ainda a deputados que mant�m apenas conversas raras e em ocasi�es p�blicas com membros do mercado financeiro. Ele negou ter qualquer proximidade com o BTG Pactual e disse ter se dissociado completamente do banco. Notou que, durante a pandemia, a Economia deixou de chamar o BTG para di�logos sobre temas como cr�dito agr�cola para evitar qualquer tipo de "conversa cruzada".
O ministro tamb�m voltou a repetir que n�o tem nenhum investimento em empresas no Pa�s. "Eu vendi todas as participa��es nas empresas que eu estava tocando, n�o tenho nenhuma liga��o com nenhum desses s�cios mais", disse. "Eu fui mais realista do que o rei, eu realmente me distanciei de tudo que pudesse ter alcance."
Ainda afirmou que a opera��o Greenfield, que apura supostas fraudes em fundos de pens�o, foi encerrada por julgamento na Comiss�o de Valores Mobili�rios (CVM). Guedes era um dos investigados pela opera��o. O ministro disse ter recebido uma visita de interventores do fundo Postalis para agradec�-lo pelo retorno que seu fundo havia gerado.
Guedes presta explica��es nesta ter�a sobre seus investimentos no exterior �s duas comiss�es da C�mara. Em outubro, a revista Piau� e o site Poder360 revelaram a exist�ncia de empresas offshore em nome de Guedes e de Campos Neto. As informa��es fazem parte da investiga��o dos Pandora Papers, coordenada pelo Cons�rcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ).
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