
Entre investidores, impera o medo de que a �micron — como � chamada a variante originada na �frica do Sul — cause novos fechamentos de com�rcio e fronteiras por tempo indeterminado, como ocorreu com a chegada do v�rus ao Brasil, no ano passado, e na segunda onda, no in�cio de 2021. O clima de incerteza atingiu o mercado internacional como um todo. O �ndice Dow Jones, da Bolsa de Nova York, fechou em queda de 2,53%. Na Europa, o �ndice Euro Stoxx 50 caiu 4,74%.
Como a histeria foi geral, a moeda norte-americana n�o se valorizou fortemente com rela��o ao real. O d�lar terminou o dia cotado a R$ 5,59 com alta de 0,55%. Na m�xima do dia, chegou a R$ 5,66. Segundo Rodrigo Moliterno, analista da Veedha Investimentos, o que se viu no mercado foi um clima de "d�j� vu" com rela��o � primeira onda do v�rus em 2020: incertezas, instabilidade e desconhecimento foram as palavras do dia.
Ele pontuou que o medo de novas restri��es em v�rios pa�ses penalizou, principalmente, a��es de empresas a�reas e de turismo. "As not�cias que sa�ram primeiro diziam que era uma cepa muito mais agressiva e tinha uma velocidade de contamina��o alta. Essa � a not�cia que temos at� agora", disse. No cen�rio dom�stico, a queda tamb�m foi acentuada para esse setor, que j� enfrentava dificuldades com a greve dos aerovi�rios deflagrada esta semana.
"A gente vinha numa toada de recupera��o. Com o avan�o da PEC dos Precat�rios, criaram-se-se expectativas, e, agora, nos deparamos com essa not�cia. Precisamos entender a magnitude da nova cepa, e se as vacinas funcionam contra ela, ela", disse.
Impacto no PIB
Rafael Ribeiro, analista de investimentos da Clear Corretora, v� com preocupa��o a chegada de uma nova variante mais agressiva ao Brasil. "Levando somente em conta a realidade brasileira, uma nova paralisa��o da economia reduziria drasticamente a perspectiva de crescimento para os pr�ximos anos, que j� n�o � grande coisa, al�m de elevar as proje��es de infla��o", afirmou.
"Em termos de investimento em renda vari�vel, uma nova variante com o potencial risco como essa aumenta muito o n�vel de avers�o ao risco, ainda mais para o Brasil, que j� est� debilitado de perspectivas econ�micas", complementou.
Com tamanha incerteza entre os investidores, n�o h� consenso quanto ao comportamento do mercado nos pr�ximos dias, j� faltam informa��es precisas sobre a efic�cia das atuais vacinas contra a omicron. Mas h� quem acredite que � precipitado se desesperar agora.
Para Renan Silva, gestor da Bluemetrix Ativos, o momento � outro: j� temos vacinas e um maior conhecimento sobre o v�rus."Isso n�o se compara com fevereiro ou mar�o de 2020. Naquele momento, o cen�rio era diferente, porque n�o havia perspectiva de vacinas, havia algo mais nebuloso e d�vidas quanto � velocidade da vacina. Agora, h� uma solu��o, que � a vacina, h� rem�dios novos que est�o sendo testados, mas o investidor j� traumatizado acaba reagindo de forma a evitar a bolsa e buscar ativos mais seguros", avaliou
"Pode ser precipitado sair vendendo ativos de forma atabalhoada e realizando preju�zos. Mesmo a bolsa tendo ca�do mais de 3%, n�o h� compara��o com o que ocorreu em mar�o de 2020 quando o mercado abriu com circuit breakers e p�nico estabelecido. O movimento, agora, � diferente", pontuou Silva.
Investidores exaustos
Com o vaiv�m de not�cias sobre variantes do coronav�rus, incertezas pol�ticas e fiscais, h� analistas que veem uma "exaust�o" entre investidores, que sofreram na pandemia e tentam buscar retornos. � o que aponta Renan Silva. "As empresas consideram que a bolsa est� muito atrativa, mas a rea��o depende de fluxos positivos. Ent�o � necess�rio que as pessoas sintam seguran�a no ambiente pol�tico tamb�m", disse.
A incerteza j� afetou os planos de empresas que planejavam lan�ar a��es na bolsa. Para Vit�ria Saddi, s�cia da SM Futures, � cedo para falar sobre fuga de capital com base nas not�cias da nova variante, e h�, ainda, muitas quest�es que precisam ser respondidas. Mas o medo de novos lockdowns tem tirado o sono dos investidores.
"As pessoas n�o est�o conseguindo confirmar o que aconteceu, ainda n�o se sabe muito sobre a variante da �frica do Sul. O maior medo � que as restri��es voltem com for�a total. L� nos Estados Unidos, a economia vai bem, e voltar com lockdown � sin�nimo de uma piora", disse.
"Se realmente essa variante se confirmar como uma amea�a grave, se algu�m fechar — alguns pa�ses da Europa est�o querendo fechar as fronteiras — e voltar o lockdown, acho que acaba tudo. A gente volta a julho de 2020. Mas todos estamos fartos disso, esperamos que as vacinas sejam eficazes contra essa cepa", concluiu.