Gigante ga�cha Tramontina estreia na internet das coisas aos 110 anos

Aos 110 anos, a Tramontina � mais conhecida pelos talheres, mas, ao longo do tempo, passou a fabricar os mais variados produtos: panelas, ferramentas, mesas, sof�s, coifas e at� mesmo pequenos ve�culos el�tricos. Na pandemia, com as pessoas dentro de casa, a gigante ga�cha deu um salto: sua receita aumentou 20% neste ano, para R$ 10 bilh�es. E agora a empresa se aventura em uma nova �rea: a internet das coisas.

Um "inteligente" cooktop (conjunto de bocas de fog�o independente de forno) que pode ser usado com o aux�lio de um smartphone ser� o lan�amento da companhia em dezembro. A novidade foi desenvolvida dentro de casa e testada por Cl�vis Tramontina, membro de uma das fam�lias s�cias do neg�cio e presidente da gigante industrial h� 30 anos. Tramontina disse ter conseguido terminar um espaguete a carbonara com a novidade.

O cooktop, apelidado de Guru, ainda n�o "fala" com o usu�rio - como fazem caixinhas inteligentes como a Alexa. A comunica��o se d� pelo smartphone: ali, o usu�rio pode encontrar diversas receitas - ao colocar a panela sobre o Guru, o cozinheiro iniciante recebe dicas de peso, tempero e cozimento. Al�m disso, ser� poss�vel pedir que o cooktop "elabore" alguma receita a partir de itens dispon�veis na geladeira.

Acostumada a testar pequeno para depois dar escala a novos projeto, a Tramontina espera que o Guru seja s� o primeiro passo na internet das coisas. Com o 5G, a expectativa � de que haja espa�o para outros aparelhos "inteligentes".

A busca de novos mercados n�o se resume ao Guru. A Tramontina est� prestes a colocar os dois p�s no segmento de cer�mica. Depois de um tempo trabalhando com importados, a companhia decidiu estampar o pr�prio nome em conjuntos de jantar. E para isso construiu uma f�brica, a ser inaugurada em Pernambuco em 2022.

Sucess�o

A companhia tamb�m prepara uma sucess�o para 2022. Aos 65 anos, Cl�vis Tramontina, no cargo desde 1990, d� lugar ao s�cio Eduardo Scomazzon, hoje vice-presidente. Ser� uma forma de intercalar o poder das duas fam�lias que controlam a empresa ga�cha desde o fim dos anos 1940.

Scomazzon, contempor�neo de Tramontina, vai preparar o terreno para a quarta gera��o assumir o poder. E o candidato natural � Marcos Tramontina, de 36 anos, atual diretor financeiro e filho de Cl�vis.

A Tramontina faz parte do rol de empresas brasileiras que conseguem crescer sem ter de diluir o poder dos fundadores. At� agora, diz Cl�vis Tramontina, a empresa tem conseguido crescer com caixa pr�prio e empr�stimos que refletem seu hist�rico de boa pagadora.

Para a presidente da consultoria AGR, Ana Paula Tozzi, a Tramontina mostra que as empresas familiares n�o ficam, necessariamente, paradas no tempo. "A diversifica��o faz parte do ponto-chave do crescimento da empresa. Empresas familiares bem administradas s�o muito poderosas."

Boa parte das novidades da Tramontina � desenvolvida dentro de casa. O cooktop, por exemplo, foi criado na unidade de Carlos Barbosa (RS). Essa �rea � liderada por Riccardo Bianchi, que est� na Tramontina h� 35 anos. O pai de Bianchi tamb�m trabalhou na empresa, tendo ajudado a fundar a planta de Farroupilha, nos anos 1970.

Buscar novidades tamb�m resulta em fracassos. Nos anos 1980, por exemplo, a empresa decidiu fabricar artigos para pesca. "Compramos terreno, fizemos f�brica, um projeto maravilhoso", lembra Cl�vis. Pouco depois, com a abertura da economia brasileira pelo governo Collor, o cen�rio virou. "A partir da� passamos a ter o pior produto do mercado - e tamb�m o mais caro", conta. Resultado: a �rea foi encerrada.

De sa�da

A decis�o de deixar o comando da empresa foi tomada durante a quarentena. "A vida � finita", diz Clovis Tramontina, que em 1986 foi diagnosticado com esclerose m�ltipla e, mesmo assim, seguiu firme no comando da empresa. "Tenho limita��es", afirma. Mas isso n�o quer dizer que ele v� parar de vez. Para 2022, ele j� conversa com universidades para preparar um curso de lideran�a. � mais um mercado para o qual ele v� potencial. "O Brasil hoje precisa de l�deres, na pol�tica e na economia."

As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.