Seguindo o com�rcio varejista, o setor de atacado come�a a se digitalizar, de olho em regi�es mais distantes do Pa�s. A iniciativa ainda � t�mida, mas � apontada por especialistas como uma tend�ncia irrevers�vel, j� que a aposta � que, mesmo com o fim da pandemia, as pessoas continuem a comprar pela internet.
Prova disso � que a Associa��o Brasileira de Atacadistas e Distribuidores (Abad) iniciou, na semana passada, um marketplace batizado de AbasteceBem. O shopping virtual � voltado a venda a empresas, e n�o ao consumidor final. "A demanda de um marketplace veio dos pr�prios atacadistas", conta Leonardo Severini, presidente da Abad. Por enquanto, sete atacadistas participam do marketplace, mas h� 150 empresas interessadas.
O e-commerce entre os atacadistas � algo relativamente novo. Pesquisa da consultoria Nielsen para a Abad revelou que, em setembro do ano passado, quase metade dos atacadistas (48,4%) n�o estava no com�rcio online, 19,7% estavam em fase de constru��o desse canal e 31,9% j� usavam o e-commerce. Destes, s� um ter�o estava em marketplaces.
� uma realidade que come�a a mudar. Em agosto, o Atacarejo Raiz ingressou no Mercado Livre. A empresa faz parte do grupo Lopes, de Guarulhos (SP), que tem 29 lojas de supermercados e tr�s atacarejos. A companhia viu a possibilidade de chegar aos 70 milh�es de clientes ativos do gigante da internet. "� uma plataforma de vendas muito forte, com um potencial de neg�cio fant�stico", afirma Jos� Osvaldo Leivas, diretor-presidente do Lopes Supermercados.
Custos
German Quiroga, consultor t�cnico do projeto da Abad, diz que o baixo custo de acesso ao marketplace � o grande atrativo. "� �bvio que a loja f�sica continua super-relevante, mas o consumidor mudou. Temos de pensar numa forma mais inteligente e barata para atender os clientes", diz.
No marketplace da Abad, cada atacadista administra as suas entregas ou as mercadorias vendidas podem ser retiradas pelos clientes nas lojas. O objetivo � ter em tr�s anos o marketplace consolidado, prev� o presidente da associa��o.
J� no caso do Raiz, os estoques ficam nos centros de distribui��o do Mercado Livre pelo Brasil, que garantem a realiza��o da entrega em at� dois dias. "Se o cliente compra da ind�stria ou de outro distribuidor, demora de cinco a seis dias para receber o produto", explica Leivas. Uma parte do custo do frete � subsidiada pelo atacarejo e a outra, pelo consumidor.
O Raiz j� negocia a entrada do atacarejo em um segundo marketplace e planeja ter o pr�prio site no ano que vem, al�m de manter a presen�a nas plataformas de entrega r�pida.
Devagar
Enquanto atacadistas e atacarejos menores avan�am no online, os gigantes do atacarejo caminham em marcha lenta. O Assa�, que pertence ao gigante franc�s Casino (tamb�m dono do Grupo P�o de A��car), n�o tem e-commerce pr�prio nem est� em marketplaces. No momento, no entanto, o atacarejo tem um projeto ousado de abertura de lojas f�sicas.
Em setembro, a companhia fechou parceria com o aplicativo de entregas Cornershop by Uber. O Assa� informa que, por enquanto, a melhor estrat�gia para atender seu cliente � usar aplicativos de �ltima milha (chamado de "last mile"). A companhia tem inten��o de fechar acordos com outros aplicativos desse segmento nos pr�ximos meses.
Faz um ano que o concorrente Atacad�o, que pertence ao grupo Carrefour, comprou a CotaBest, uma startup refer�ncia no mercado de atacado online. Com isso, montou um marketplace onde est�o presentes 300 vendedores parceiros. A empresa informa que os clientes desse marketplace s�o outras empresas, e n�o o consumidor final. A companhia tamb�m firmou parcerias com aplicativos de entrega, como Rappi e Cornershop.
"Assa� e Atacad�o est�o mais atrasados na digitaliza��o, est�o entrando de forma mais experimental", afirma Quiroga, da Abad. A raz�o, segundo o consultor, � que essas redes de atacarejo t�m uma posi��o muito interessante no mercado com lojas tradicionais. Por isso, optam por explorar outros canais de vendas apenas quando atingem uma posi��o consolidada no varejo f�sico.
As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.
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