Bolsa brasileira caminha para ter pior desempenho global em 2021

Uma forte deteriora��o dos fundamentos da economia brasileira est� pavimentando o caminho para que a Bolsa brasileira encerre o ano na lanterna entre os principais �ndices de todo o mundo. O Ibovespa, o principal indicador da B3, acumula at� aqui queda de 12%, ao passo que h� alta em outros emergentes, como nas bolsas da China (2%) e da �ndia (29%).

Com a escalada dos juros no mercado interno, efeito direto da disparada da infla��o, investidores que ao longo do ano passado aumentaram a aposta na renda vari�vel, em busca de mais retorno, mudaram de dire��o retornando � j� conhecida (e mais segura) renda fixa. A leitura �, ainda, de que esse cen�rio deve se intensificar com a chegada de uma elei��o presidencial aguerrida e polarizada, que deve trazer muita volatilidade aos mercados.

VIRADA NEGATIVA

O humor do investidor inverteu a dire��o principalmente nos �ltimos tr�s meses, depois que a retomada esperada para a economia nacional n�o se confirmou. Isso se refletiu em revis�es cont�nuas das proje��es para o Produto Interno Bruto (PIB) pelas institui��es financeiras. Na �ltima semana, o an�ncio da recess�o t�cnica ap�s o PIB negativo do terceiro trimestre confirmou as raz�es para o pessimismo.

"Em junho, quando a Bolsa chegou ao pico de 130 mil pontos, existia uma expectativa de crescimento forte da economia, de uma infla��o transit�ria que n�o for�aria os juros a subirem tanto, al�m de uma expectativa de avan�o de reformas. De l� para c�, deteriorou em todas as frentes", diz o estrategista-chefe da XP, Fernando Ferreira.

O executivo afirma que a desconfian�a com o compromisso fiscal do governo federal piora o cen�rio, agravado desde a flexibiliza��o do teto de gastos p�blicos.

O desempenho do Ibovespa � um sinal da expectativa do fraco crescimento do PIB em rela��o a outros emergentes no ano que vem. Conforme dados do Fundo Monet�rio Internacional (FMI), o Brasil dever� crescer 1,5% em 2022, ante 2,5% da �frica do Sul e 2,5% do Chile, por exemplo. A proje��o do Fundo, por�m, � bem mais otimista do que as estimativas de outras institui��es financeiras. No boletim Focus, do Banco Central, a expectativa de alta do PIB em 2022 j� est� em 0,58%.

DE SA�DA

A fuga de investidores do mercado de a��es j� � evidenciada em n�meros. Dados da Associa��o Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima) mostram que os fundos de a��es registraram resgates de mais de R$ 8 bilh�es em outubro e novembro, revertendo uma sequ�ncia positiva que vinha desde fevereiro. Na outra via, os fundos de renda fixa registraram uma entrada de mais de R$ 50 bilh�es, no mesmo per�odo.

Como resultado, desde o in�cio de junho, momento em que o Ibovespa marcou a maior pontua��o da sua hist�ria, o valor de mercado de todas as empresas listadas na B3 teve queda de R$ 1,33 trilh�o, segundo dados da Econom�tica.

O s�cio da gestora Trafalgar, Igor Lima, aponta que o desempenho das empresas ainda se mostrou positivo, com bons efeitos nos resultados do terceiro do trimestre por conta da alta na demanda ap�s o fim do per�odo de isolamento social. "Mas 2022 ser� um ano mais complicado, os riscos fiscal e macro aumentaram muito, o que coloca em d�vida os fundamentos das empresas", diz Lima.

OUTROS MERCADOS

Na gestora Wealth High Governance (WHG), que investe globalmente, a participa��o do Brasil na carteira, que chegou a 10% do total em abril, vem caindo e hoje est� abaixo de 5%. No sentido oposto, a China, que neste ano tamb�m n�o tem um desempenho muito positivo por conta das interven��es do governo chin�s na economia, veio crescendo, conta o cogestor de portf�lio da WHG, Daniel Gewehr.

"O investidor busca nos emergentes crescimento acima da m�dia do mercado. Se voc� est� desacelerando, perde esse atributo", diz Gewehr. Segundo ele, colocando na mesa apenas as a��es consideradas pela gestora como as de boa qualidade, h� perspectivas mais atrativas do que as hoje oferecidas no Brasil. As informa��es s�o do jornal O Estado de S. Paulo.