
O aumento no n�mero de casos de COVID-19, aliado ao surto de gripe no Brasil, impacta empresas e institui��es, que reveem as diretrizes do trabalho presencial. Com isso, o retorno do teletrabalho passou a ser necess�rio quando a jornada dos trabalhadores j� havia entrado na antiga rotina. Uma das revis�es mais recentes em Minas Gerais com a retomada do sistema a dist�ncia foi adotada pelo escrit�rio do Minist�rio P�blico do estado (MPMG). No com�rcio e nas empresas prestadoras de servi�os, o volume de atestados de afastamento devido � contamina��o pelo coronav�rus j� preocupa a entidade representante do setor, a C�mara de Dirigentes Lojistas de BH (CDL/BH).
A Secretaria de Estado de Educa��o de Minas Gerais (SEE/MG) informou que tamb�m est� implementando, de forma gradual, o regime permanente de teletrabalho, mas garante que a situa��o est� sob controle ap�s servidores da pasta terem testado positivo para a COVID-19.“N�o h� registro de surto de casos de COVID-19 em servidores que trabalham no �rg�o central da pasta. Os servidores que apresentaram sintomas foram orientados a procurar atendimento m�dico e realizar a testagem, para o seu imediato afastamento”, diz a pasta em nota.
Procurado pela reportagem, o MPMG n�o detalhou quantas pessoas foram diagnosticadas com a doen�a respirat�ria, mas sinalizou que todo o setor de atendimento � imprensa, por exemplo, precisou voltar ao home office. A situa��o envolvendo dupla contamina��o tem ocorrido em v�rios estados. Na Bahia, ag�ncias banc�rias t�m feito desinfec��o devido �s contamina��es. Mais de 20 ag�ncias foram fechadas em Salvador e regi�o metropolitana devido � infec��o respirat�ria de funcion�rios, segundo o Sindicato dos Banc�rios daquele estado.
O presidente da CDL/BH, Marcelo de Souza e Silva, admite o crescimento das ocorr�ncias da dupla infec��o viral – pelo coronav�rus e a influenza – entre os trabalhadores do setor, embora acredite que a situa��o n�o seja grave. “Estamos com essa realidade de funcion�rios de com�rcios e empresas de servi�o faltando por causa da gripe e COVID, mas, neste m�s de janeiro, a gente j� tem caracter�stica de movimento fraco”, afirmou.
De acordo com Marcelo Silva, o impacto n�o � grande em empresas com maior n�mero de funcion�rios, como supermercados. A repercuss�o se torna maior nas micro e pequenas empresas que, �s vezes, funcionam apenas com um ou dois empregados. “Esse impacto n�o est� sendo t�o grande at� agora, talvez at� porque estamos no dia 12 ainda, mas estamos vendo, sim, aumento de casos e empres�rios sofrendo com impacto no quadro de funcion�rios”, refor�ou.
A expectativa � de que a situa��o da sa�de da popula��o melhore daqui pra frente, principalmente com a amplia��o do percentual de pessoas vacinadas. “A gente est� acompanhando o que vai acontecer. As pessoas est�o pegando essas doen�as e est�o se recuperando melhor, principalmente quem est� vacinado. Temos que observar, mas n�o tem como fugir. Se testar positivo ou gripar, o funcion�rio tem que ser afastado, mas depois volta normalmente porque n�o s�o casos graves e assim minimiza o impacto nas empresas”, destaca.
O presidente da entidade diz que tem acompanhado os centros comerciais e, enquanto os casos n�o s�o exorbitantes, tem refor�ado a recomenda��o para que os protocolos sanit�rios sejam mantidos contra a dissemina��o do coronav�rus. “Os cuidados t�m que continuar.Estamos orientando o uso de m�scara, �lcool em gel e n�o promover aglomera��o.”
Desabafo
As pessoas que j� sofreram perdas familiares com a COVID-19 t�m preocupa��o redobrada ao observar o aumento da transmiss�o do coronav�rus. � o caso de uma funcion�ria de uma ag�ncia de publicidade em Belo Horizonte. Ela prefere n�o se identificar porque teme pelo emprego. “A empresa deveria adotar home office. Um funcion�rio testou positivo semana passada, o chefe testou positivo ontem (anteontem) e um outro colega foi fazer teste de COVID hoje (ontem). A �nica pessoa que usa m�scara sou eu”, ela reclama.
A empresa, que tem nove trabalhadores, funcionou, de mar�o de 2020 a fevereiro de 2021, em regime de teletrabalho, mas n�o cogita a hip�tese de retomar o home office – o que preocupa a funcion�ria. “Sempre fui a mais r�gida em rela��o � preven��o contra a COVID desde o in�cio. At� porque, meu marido ficou um m�s internado, tive parentes que ficaram muito graves e tr�s morreram, inclusive meu pai. Antes de dar esse surto, pelo fato de estarem todos isolados, eu n�o ligava quando meus colegas ficavam sem m�scara e at� eu tirava �s vezes, mas com a volta da COVID pesada no final de dezembro, voltei a usar e sempre e pe�o aos outros, mas sou ignorada”, desabafa.
Preven��o
Especialistas ouvidos pelo Estado de Minas observam que, com o aumento da transmiss�o do v�rus – impulsionado pela variante �micron – e a maior circula��o do v�rus da influenza, a for�a de trabalho em diversos setores est� � prova. Por isso, � preciso refor�ar as medidas de preven��o.

"A gente acompanha o que vai acontecer. As pessoas est�o pegando essas doen�as e est�o se recuperando melhor, principalmente quem est� vacinado"
Marcelo de Souza e Silva, presidente da CDL/BH
“A �micron se propaga de uma forma muito mais r�pida. Se as pessoas j� est�o com a vacina��o completa, a mortalidade � menor, mas tem agressividade muito grande. Pensando em preven��o e promo��o de sa�de, seria conveniente realmente que se mantivesse home office e que se mantivesse isolamento das pessoas com COVID-19”, sugere Cl�udio Tafla, m�dico e presidente da Alian�a para Sa�de Populacional (Asap).
“Indico o teletrabalho quando puder e, se n�o puder, m�todos de preven��o bem intensivos, como m�scara, fiscaliza��o das pessoas, higiene de m�os, ambientes mais ventilados, menos aglomera��o, rod�zio e turnos de entrada e sa�da para que as pessoas evitem se encontrar. Isso tudo de certa forma ajuda na preven��o”, ressalta.
De acordo com o m�dico, a empresa n�o precisa esperar acontecer casos dentro da institui��o para tomar alguma atitude, basta observar o entorno. “Como a virul�ncia desse v�rus � muito grande, a partir do momento em que se confirma um caso isso se propaga como rastilho de p�lvora. O ideal � que se haja de forma precoce e antes de os casos aparecerem porque corre-se o risco de a propaga��o ser intensa e a empresa ter que fechar pela falta de funcion�rios”, alerta. “O ideal � esperar que o �ndice de contamina��o diminua para poder pensar em voltar ao presencial”, completa.
Leitos de BH em alerta cr�tico
A ocupa��o de leitos de unidades de terapia intensiva (UTIs) por pacientes com a COVID-19 em Belo Horizonte atingiu, ontem, n�vel cr�tico. Segundo o boletim epidemiol�gico da Prefeitura de BH (PBH), em 24 horas, a taxa de uso desses equipamentos subiu de 67,6% para 70,8%, chegando novamente ao patamar vermelho da classifica��o de risco do indicador da doen�a respirat�ria.
Os leitos de enfermaria tamb�m permanecem em estado cr�tico na capital h� alguns dias. A despeito da oferta de 130 novos leitos na rede p�blica, a ocupa��o continua elevada, tendo em vista que 77,1% dos equipamentos de hospitais p�blicos dedicados ao tratamento de pacientes infectados pelo coronav�rus estavam ocupados ontem. Na ter�a-feira, a propor��o era de 70,9%.
A taxa de transmiss�o do v�rus se mant�m est�vel, no n�vel de alerta. No patamar amarelo, o �ndice segue em 1,13. Isso significa que cada 100 pessoas infectadas com o v�rus da COVID-19 podem contaminar outras 113. Foram registrados 1.022 novos casos de COVID-19 em Belo Horizonte no per�odo de 24 horas. Quatro pessoas morreram na capital em raz�o da doen�a.
Nos nove centros de sa�de da cidade que est�o funcionando com hor�rio ampliado desde o come�o deste m�s, mais de 10 mil pessoas receberam atendimento m�dico. A estrat�gia adotada pela Prefeitura de BH foi implementada para atender pacientes com sintomas respirat�rios leves e desafogar as unidades de pronto-atendimento (UPAs).
Foram, ao todo, 10.354 atendimentos at� ontem, segundo a PBH. Durante a semana, os nove centros de sa�de operam das 7h �s 22h30, e nos fins de semana e feriados permanecem abertos das 7h �s 22h. De acordo com a prefeitura, o atendimento nessas unidades “� realizado, preferencialmente, a pacientes com sintomas respirat�rios leves e moderados, como tosse, coriza, febre, dor no corpo e mal-estar geral”. N�o h� aplica��o de vacina contra COVID-19 nesses locais.
No vermelho
70,8%
� a taxa de ocupa��o em UTIs dedicadas a pacientes com a COVID-19