
O IPCA para a Grande BH foi o quarto maior resultado mensal entre as dezesseis capitais pesquisadas – menor apenas do que Aracaju (0,90%), Rio Branco (0,87%) e Salvador (0,86%).
No pa�s, a varia��o mensal foi de 0,54%, tamb�m o maior resultado para um m�s de janeiro desde 2016. J� as varia��es acumuladas em 12 meses foram de 10,09% na Grande BH, quinto menor resultado entre as capitais, e de 10,38% no Brasil.
“Apesar de termos visto uma desacelera��o da infla��o no Brasil, comparando o resultado de dezembro, esse resultado ainda � bem significativo. Janeiro � um m�s em que a infla��o costuma recuar mais. Os gastos de final de ano estimulam muito mais o mercado no final do per�odo e quando chega no in�cio do ano, vemos muito menos aquecimento, j� que as pessoas est�o com alguns compromissos financeiros maiores”, explica o economista economista-chefe do Denarius e professor da Faculdade FIPECAFI, Samuel Durso.
“Nesse janeiro vimos essa redu��o comparando com o final do ano, mas ainda sim, nos �ltimos seis anos, � o maior resultado. O que mant�m a preocupa��o que j� t�nhamos desde o ano passado, j� que a infla��o est� acima do controle que temos feito, em termos de pol�tica monet�ria” completa.
Segundo o economista, apesar de ser um ano novo, as an�lises s�o as mesmas do ano passado. “A primeira quest�o � uma desvaloriza��o muito forte. V�rios produtos que s�o cotados em d�lar, seja de alimenta��o ou combust�vel, acabam gerando essa press�o maior. Toda a cadeia que leva esse item, no caso do combust�vel ela � muito grande, acabam gerando essa subida de pre�os. A infla��o � gerada pela escassez e pela deprecia��o do real frente ao d�lar.”
Outro fator preocupante na vis�o de Durso � a eleva��o da taxa de juros, uma das formas de controle da infla��o. “Vimos na �ltima reuni�o do Copom mais uma eleva��o (1,5%). E na ata que ele lan�ou essa semana j� sinaliza que a infla��o deste ano vai estar acima do teto da meta, o que � uma sinaliza��o forte. � uma grande expectativa que a infla��o fique acima da meta estipulada de 3,5%. � uma coisa que preocupa para o futuro.”
Vestu�rio e seguro de ve�culo apresentaram as maiores altas
Na Grande BH, todos os nove grupos apresentaram aumento, com destaque para:
- Vestu�rio (1,93%),
- Alimenta��o e bebidas (1,63%) e
- Artigos de resid�ncia (1,30%).
No grupo Vestu�rio, que teve a maior varia��o positiva (1,93%), foram destaque:
- bijuteria (3,89%),
- blusa (3,61%),
- camisa/camiseta masculina (3,44%),
- bermuda/short feminino (3,12%) e
- camisa/camiseta infantil (3,01%).
“Muito possivelmente foi um reajuste feito dentro da cadeia como um todo. Durante a pandemia, o setor de vestu�rio foi muito impactado. As pessoas passaram a consumir menos e ter menos acesso � rua, as compras para demandas di�rias de vestu�rio. Algumas �reas at� aumentaram, como aquelas de roupas para ficar em casa. Mas, de uma forma geral, o setor foi muito impactado pelas possibilidades de consumo da popula��o”, afirma o economista.
“Pode ter rela��o tamb�m com a cadeia produtiva. A demanda forte que pode ter sido feita no final do ano para a compra de vestu�rio, talvez em janeiro tenha freado um pouco a produ��o e, consequentemente, a oferta de alguns produtos foi menor. Isso faz com que o pre�o suba.”
Pesquisando pre�os antes de comprar
A cabeleireira Karina Batista, de 30 anos, � uma consumidora regular de roupas. Ela conta que percebeu o aumento no pre�o de algumas pe�as.
“O jeans aumentou demais. Eu costumo pesquisar pre�os nas redes sociais, quando vejo um pre�o acess�vel, vou l� e compro. Por exemplo, hoje, tinham algumas pe�as na promo��o, eu corri e j� comprei.”
Segundo ela, apesar de ficar atentas aos descontos, em alguns casos, compra sem se preocupar com o pre�o das pe�as
“Se eu gostar muito e tiver precisando com uma certa urg�ncia, eu levo sem olhar o pre�o. Se for uma coisa mais do dia-a-dia, eu fico de olho nas promo��es.”

Alimenta��o e transporte
J� o grupo Alimenta��o e bebidas, segundo com maior varia��o positiva (1,63%) foi o grupo com maior impacto no �ndice de janeiro na Grande BH, com destaque para a alimenta��o no domic�lio com aumento de 2,07%.
Essa varia��o ocorreu principalmente devido ao aumento nos pre�os de tub�rculos, ra�zes e legumes (20,25%). Os alimentos com as maiores varia��es foram:
- cenoura (49,51%),
- batata-inglesa (33,06%),
- banana-prata (16,66%),
- tomate (15,49%) e
- alface (13,58%).
“Desde o segundo semestre do ano passado, tivemos v�rios problemas com o clima, tanto de seca quanto de chuva em excesso, que podem atrapalhar a produ��o de determinados itens. Isso provavelmente refletiu para Minas, que sofreu com as chuvas em quase todo o estado, o que gera impacto na oferta desses produtos. N�o necessariamente as pessoas est�o querendo comprar mais e por isso o pre�o sobe. � porque est� tendo menos oferta de determinados itens e isso faz com que se reflita no pre�o para o consumidor final”, explica Durso.
J� os alimentos com maiores quedas neste grupo foram:
- banana-d’�gua (-10,12%),
- carne de porco (-5,32%) e
- mam�o (-4,82%).
Mesmo com o grupo Transportes n�o estando entre os grupos de maiores varia��es positivas (0,54%), o impacto desse grupo foi o segundo maior no �ndice geral de janeiro.
O resultado foi influenciado principalmente pelo aumento no pre�o do seguro de ve�culo (14,86%), que gerou o maior impacto individual no �ndice geral. J� os subitens com maior queda desse grupo foram passagem a�rea (-16,50%) e transporte por aplicativo (-15,54%).
“Em Belo Horizonte, � poss�vel perceber que o pre�o dos combust�veis e outros itens do grupo Transportes ainda tem pesado mais para o consumidor final. O reajuste de pre�os do transporte urbano acontece no final do m�s de janeiro, portanto n�o entrou nessa mensura��o do IPCA de janeiro. Possivelmente, esse reajuste que ficou artificialmente represado durante a pandemia, vai gerar um grande impacto nos pr�ximos �ndices”, destaca o economista.
*Estagi�ria sob supervis�o