
O custo de vida na Grande Belo Horizonte marca um come�o de ano at�pico, com aumento de despesas al�m dos gastos tradicionais desta �poca, que costumam envolver mensalidades e material escolares e impostos. As varia��es de pre�os de roupas e acess�rios, alimentos e bebidas e artigos de resid�ncia � que ocuparam, em janeiro, o carro-chefe da infla��o, de 0,80% na Regi�o Metropolitana de BH, medida pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). � o maior resultado para o m�s desde 2016, quando a taxa alcan�ou 1,19%.

Acima da m�dia nacional de 0,54%, o IPCA apurado na capital mineira e entorno ficou na quarta posi��o entre 16 regi�es metropolitanas pesquisadas pelo IBGE – tendo sido superado apenas por Aracaju (0,90%), Rio Branco (0,87%) e Salvador (0,86%). O pa�s registrou tamb�m o janeiro de maior evolu��o de pre�os desde 2016. O aperto do consumidor pode ainda ser observado nas varia��es acumuladas nos �ltimos 12 meses, de 10,09% na Grande BH, e de 10,38% na m�dia nacional.
Segundo a pesquisa do IBGE, houve eleva��o de pre�os em todos os nove grupos de despesas que comp�em o IPCA, com destaque para as varia��es de 1,93% nos pre�os de itens de vestu�rio, 1,63% para alimenta��o e bebidas e 1,30% para artigos de resid�ncia. A arrancada deste janeiro foi n�tida quando comparada ao IPCA de 0,33% apurado pelo IBGE em janeiro de 2021. Significa, portanto, avan�o de 2,4 vezes do indicador. Frente a dezembro �ltimo (0,75%), diferentemente do Brasil, o custo de vida avan�ou.
A acelera��o do IPCA na �rea metropolitana de BH segue na contram�o, como avalia o economista-chefe da consultoria em investimentos Denarius e professor da Faculdade FIPECAFI, Samuel Durso. “Os gastos de final de ano estimulam muito mais o mercado no final do per�odo e quando chega o in�cio do ano, vemos muito menos aquecimento (de vendas), j� que as pessoas est�o com alguns compromissos financeiros maiores”, explica.
Samuel Durso enfatiza o alerta que a infla��o tem confirmado. “O maior resultado nos �ltimos seis anos mant�m a preocupa��o que j� t�nhamos desde o ano passado, j� que a infla��o est� acima do controle que temos feito, em termos de pol�tica monet�ria”, completa. Segundo o economista, entre os fatores de press�o sobre os pre�os, permanece a desvaloriza��o do real frente ao d�lar, o que faz com que v�rios produtos cotados em d�lar, seja de alimenta��o, seja combust�vel, encare�am. “Toda a cadeia que leva esse item, no caso do combust�vel, ela � muito grande, acaba gerando essa subida de pre�os. A infla��o � gerada pela escassez e pela deprecia��o do real frente ao d�lar.”
Por dentro do grupo de despesas que se tornou o principal vil�o do IPCA na Grande BH, o de vestu�rio, chamam a aten��o as varia��es de pre�os, em janeiro, de bijuteria (3,89%), blusa (3,61%), camisa/camiseta masculina (3,44%), bermuda/short feminino (3,12%) e camisa/camiseta infantil (3,01%).
Com o consumo frequente de roupas, a cabeleireira Karina Batista, de 30 anos, conta que percebeu o aumento nos pre�os de algumas pe�as. “O jeans aumentou demais. Costumo pesquisar pre�os nas redes sociais, quando vejo um pre�o acess�vel, vou l� e compro. Por exemplo, hoje, havia algumas pe�as na promo��o, eu corri e j� comprei”, afirmou. Nem sempre ela fica atenta aos descontos. “Se eu gostar muito e estiver precisando com uma certa urg�ncia, levo sem olhar o pre�o. Se for uma coisa mais do dia a dia, fico de olho nas promo��es.”
Para o economista Samuel Durso, a remarca��o de pre�os do grupo de vestu�rio pode estar refletindo recomposi��o de faturamento por dentro da cadeia produtiva desse setor. “Durante a pandemia, o setor de vestu�rio foi muito impactado. As pessoas passaram a consumir menos e ter menos acesso � rua para demandas di�rias de vestu�rio. Algumas �reas at� aumentaram, como aquelas de roupas para ficar em casa. Mas, de uma forma geral, o setor foi muito impactado pelas possibilidades de consumo da popula��o”, afirma o economista. Outra hip�tese � que ap�s demanda forte associada �s festas de fim de ano, a produ��o tenha diminu�do em janeiro e com a oferta menor o pre�o tenha subido.
� mesa No grupo de gastos com alimenta��o e bebidas, o segundo em varia��o de pre�os no m�s passado, de 1,63%, em m�dia, a comida fora de casa ganhou o destaque, com alta de 2,07% na Grande BH. As remarca��es ocorreram, principalmente, devido ao aumento nos pre�os de tub�rculos, ra�zes e legumes (20,25%). Os alimentos que apresentaram as maiores eleva��es de pre�os foram: cenoura (49,51%), batata-inglesa (33,06%), banana-prata (16,66%), tomate (15,49%) e alface (13,58%).
Efeitos da estiagem severa que as lavouras enfrentaram no ano passado e o excesso de chuvas desde o fim de dezembro ajudam a explicar a alimenta��o mais cara, como observa economista Samuel Durso. “Desde o segundo semestre do ano passado, tivemos v�rios problemas com o clima. Isso, provavelmente, refletiu em Minas, que sofreu com as chuvas em quase todo o estado, o que gera impacto na oferta desses produtos. N�o, necessariamente, as pessoas est�o querendo comprar mais e por isso o pre�o sobe. � porque est� tendo menos oferta de determinados itens e isso faz com que se reflita no pre�o para o consumidor final”, explica.
H� tamb�m o reflexo da gasolina mais cara. De acordo com o IBGE, a varia��o de pre�os do grupo de gastos com transporte (0,54%) na Grande BH teve, ainda, a influ�ncia do reajuste de 14,86% do seguro de ve�culo. Na dire��o inversa, houve queda de pre�os de passagem a�rea (-16,50%) e transporte por aplicativo (-15,54%).
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Marta Vieira