
� a nona alta consecutiva desde o in�cio do ciclo de aperto monet�rio, em mar�o de 2021, ou seja, h� um ano. Naquela �poca, a Selic estava no piso hist�rico de 2% anuais. Agora, a nova taxa � a mais elevada desde abril de 2017.
A decis�o foi un�nime e era esperada pelo mercado, pois foi sinalizada pelo Copom na primeira reuni�o do ano, em fevereiro. O an�ncio, contudo, demorou para ser feito, e atrasou mais de meia hora do que estava previsto.
No comunicado, o Copom demonstrou preocupa��o elevada com a disparada dos pre�os e com as incertezas em rela��o � manuten��o do arcabou�o fiscal e sinalizou que o aperto monet�rio, por conta disso, ser� prolongado. "O Copom considera que, diante de suas proje��es e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, � apropriado que o ciclo de aperto monet�rio continue avan�ando significativamente em territ�rio ainda mais contracionista", destacou o documento.
Veja abaixo a �ntegra da decis�o do Copom
Em sua 245ª reuni�o, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 11,75% a.a.
A atualiza��o do cen�rio do Copom pode ser descrita com as seguintes observa��es:
No cen�rio externo, o ambiente se deteriorou substancialmente. O conflito entre R�ssia e Ucr�nia levou a um aperto significativo das condi��es financeiras e aumento da incerteza em torno do cen�rio econ�mico mundial. Em particular, o choque de oferta decorrente do conflito tem o potencial de exacerbar as press�es inflacion�rias que j� vinham se acumulando tanto em economias emergentes quanto avan�adas;
Em rela��o � atividade econ�mica brasileira, a divulga��o do PIB do quarto trimestre de 2021 apontou ritmo de atividade acima do esperado;
A infla��o ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais vol�teis como nos itens associados � infla��o subjacente;
As diversas medidas de infla��o subjacente apresentam-se acima do intervalo compat�vel com o cumprimento da meta para a infla��o;
As expectativas de infla��o para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 6,4% e 3,7%, respectivamente;
No cen�rio de refer�ncia, com trajet�ria para a taxa de juros extra�da da pesquisa Focus e taxa de c�mbio partindo de USD/BRL 5,05*, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as proje��es de infla��o do Copom situam-se em 7,1% para 2022 e 3,4% para 2023.
Esse cen�rio sup�e trajet�ria de juros que se eleva para 12,75% em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a. em 2023. Nesse cen�rio, as proje��es para a infla��o de pre�os administrados s�o de 9,5% para 2022 e 5,9% para 2023.
Adota-se a hip�tese de bandeira tarif�ria "amarela" em dezembro de 2022 e dezembro de 2023; e Diante da volatilidade recente e do impacto sobre as proje��es de infla��o de sua hip�tese usual para o pre�o do petr�leo em USD**, o Comit� decidiu adotar tamb�m, neste momento, um cen�rio alternativo.
Nesse cen�rio, considerado de maior probabilidade, adota-se a premissa na qual o pre�o do petr�leo segue aproximadamente a curva futura de mercado at� o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e passando a aumentar dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023.
Nesse cen�rio, as proje��es de infla��o do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023. O Comit� ressalta que, em seus cen�rios para a infla��o, permanecem fatores de risco em ambas as dire��es. Por um lado, uma poss�vel revers�o, ainda que parcial, do aumento nos pre�os das commodities internacionais em moeda local produziria trajet�ria de infla��o abaixo dos seus cen�rios.
Por outro lado, pol�ticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajet�ria fiscal futura podem impactar negativamente pre�os de ativos importantes e elevar os pr�mios de risco do pa�s.
Apesar do desempenho mais positivo das contas p�blicas, o Comit� avalia que a incerteza em rela��o ao arcabou�o fiscal mant�m elevado o risco de desancoragem das expectativas de infla��o, mas considera que esse risco est� sendo parcialmente incorporado nas expectativas de infla��o e pre�os de ativos utilizados em seus modelos.
O Comit� segue considerando uma assimetria altista no balan�o de riscos. Considerando os cen�rios avaliados, o balan�o de riscos e o amplo conjunto de informa��es dispon�veis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa b�sica de juros em 1,00 ponto percentual, para 11,75% a.a.
O Comit� entende que essa decis�o reflete a incerteza ao redor de seus cen�rios e um balan�o de riscos com vari�ncia ainda maior do que a usual para a infla��o prospectiva, e � compat�vel com a converg�ncia da infla��o para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos-calend�rio de 2022 e, principalmente, o de 2023.
Sem preju�zo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de pre�os, essa decis�o tamb�m implica suaviza��o das flutua��es do n�vel de atividade econ�mica e fomento do pleno emprego. O Copom considera que, diante de suas proje��es e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, � apropriado que o ciclo de aperto monet�rio continue avan�ando significativamente em territ�rio ainda mais contracionista.
A atua��o do Comit� visa combater os impactos secund�rios do atual choque de oferta em diversas commodities, que se manifestam de maneira defasada na infla��o. As atuais proje��es indicam que o ciclo de juros nos cen�rios avaliados � suficiente para a converg�ncia da infla��o para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante. O Copom avalia que o momento exige serenidade para avalia��o da extens�o e dura��o dos atuais choques.
Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comit� estar� pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monet�rio. O Comit� enfatiza que ir� perseverar em sua estrat�gia at� que se consolide n�o apenas o processo de desinfla��o como tamb�m a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Para a pr�xima reuni�o, o Comit� antev� outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os passos futuros da pol�tica monet�ria poder�o ser ajustados para assegurar a converg�ncia da infla��o para suas metas, e depender�o da evolu��o da atividade econ�mica, do balan�o de riscos e das proje��es e expectativas de infla��o para o horizonte relevante da pol�tica monet�ria.
Votaram por essa decis�o os seguintes membros do Comit�: Roberto Oliveira Campos Neto (presidente), Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Fernanda Magalh�es Rumenos Guardado, Maur�cio Costa de Moura, Ot�vio Ribeiro Damaso e Paulo S�rgio Neves de Souza.
*Valor obtido pelo procedimento usual de arredondar a cota��o m�dia da taxa de c�mbio USD/BRL observada nos cinco dias �teis encerrados no �ltimo dia da semana anterior � da reuni�o do Copom.
**Valores em torno da m�dia dos pre�os do petr�leo vigentes na semana anterior � reuni�o do Copom e 2% de varia��o ao ano a partir de ent�o.