
Em live transmitida, ontem, pelas redes sociais, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou que, nas pr�ximas semanas, o governo vai retirar das contas de energia a sobretaxa representada pela bandeira da escassez h�drica, adotada no ano passado para compensar o insumo mais caro produzido pelas termel�tricas. “Ao que tudo indica, a superbandeira de energia, nas pr�ximas semanas, vai deixar de existir. Isso foi feito em uma decis�o da Ag�ncia Nacional de Energia El�trica (Aneel) para compensar a energia de uma origem bem mais cara que a hidrol�gica”, afirmou.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, havia afirmado que a previs�o � de que a tarifa adicional deixe de ser necess�ria at� abril, como previsto em 2021, tendo em vista a melhora dos n�veis de armazenamento de �gua nos reservat�rios das usinas hidrel�tricas, depois das chuvas do come�o do ano. O Brasil enfrentou em 2021 a maior crise h�drica em 90 anos.
Com o acionamento das termel�tricas, o governo anunciou, em agosto do ano passado, um novo patamar de cobran�a nas contas de energia, adicionando R$ 14,20 �s faturas para cada 100 quilowatt/hora consumidos. A nova bandeira representou aumento de 49,63% em rela��o � bandeira vermelha de segundo n�vel, que era, at� ent�o, a mais alta.
A retirada da bandeira h�drica pode levar al�vio ao consumidor, mas ser� moment�neo. As contas devem voltar a encarecer eom a aprova��o, na ter�a-feira, dos empr�stimos banc�rios de R$ 10,5 bilh�es �s distribuidoras de energia. Os recursos ter�o de ser quitados pelos brasileiros em duas parcelas, a partir de 2023, por meio de encargo a ser adicionado na conta.
O diretor de risco, produtos e opera��es da 2W Energia, Claudy Marcondes, explica que as distribuidoras de energia el�trica tiveram d�ficit provocado pela crise h�drica, a ser coberto com o financiamento de um conjunto de bancos p�blicos e privados. “No final de 2020 e in�cio do ano passado, as distribuidoras tinham previsto custos relacionados a despacho t�rmico, gera��o h�drica. Mas, como 2021 foi totalmente fora das previs�es, o custo das distribuidoras foi muito maior. Criou-se um d�ficit de alguns bilh�es para as distribuidoras, relacionado � crise h�drica.”
Para cobrir esse d�ficit, as distribuidoras precisam reajustar a tarifa no ano seguinte. Em 2022, ano de elei��es, o empr�stimo compensa parcela do rombo, passando para o ano seguinte o acr�scimo nas contas do consumidor. “Para n�o ter esse impacto tarif�rio, foi acordado que haveria o empr�stimo para as distribuidoras neste ano e esse valor seria pago nos pr�ximos anos”, destaca Marcondes.
Repasse O economista Alessandro Azzoni diz que ainda n�o � poss�vel saber de quanto ser� o aumento na conta de energia. “O prazo e a taxa de juros ainda est�o para ser definidos pelos bancos. Ent�o, n�o d� para saber qual vai ser o real impacto. Sabemos apenas os valores que foram liberados. A primeira parcela � de R$ 5,3 bilh�es. Ela vai ser liberada agora justamente para conter um pouco as perdas que as distribuidoras tiveram no ano passado e para n�o ter o repasse nesse momento.”
O prazo do financiamento e os juros dos empr�stimos ser�o definidos com os bancos p�blicos e privados que participam da opera��o. Claudy Marcondes afirma que estudos feito pela TR Solu��es estimam que o aumento deva ser de R$ 5 a R$ 10 por MW/hora, que representaria acr�scimo de 5% a 8% para o consumidor.
* Estagi�ria sob supervis�o da subeditora Marta Vieira