
Segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estat�stica e Estudos Socioecon�micos (Dieese), o sal�rio m�nimo serve de refer�ncia para mais de 50 milh�es de brasileiros. Desse total, 24 milh�es de pessoas s�o benefici�rias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Segundo o departamento, a defasagem entre o valor real e o valor necess�rio � de quase cinco vezes.
Em 2022, por exemplo, o sal�rio m�nimo est� fixado em R$ 1.212. Mas segundo o estudo do Dieese, deveria estar em R$ 6.012,18 para atender �s necessidades b�sicas do cidad�o.
A economista e consultora econ�mica Catharina Sacerdote lembra que o sal�rio m�nimo foi criado com o objetivo de garantir o m�nimo de dignidade ao trabalhador e sua fam�lia, cobrindo assim, as despesas consideradas essenciais, como alimenta��o, habita��o, vestu�rio, higiene e transporte. Segundo ela, o c�lculo do sal�rio m�nimo necess�rio precisa ser atualizado. "Um exemplo disso, � que a ONU tem implementado, desde 2021, um movimento que visa promover a import�ncia de implementar sal�rios e trabalhos mais dignos no Brasil", observa.
Para a economista, a pr�pria defini��o de dignidade � relativa. "Quando o sal�rio m�nimo foi institu�do no Brasil, por exemplo, n�o inclu�a internet, item que se tornou essencial para trabalho e estudos no Brasil durante a pandemia", afirmou. "Sem d�vida, com algumas pesquisas r�pidas, sabe-se que atualmente, o trabalhador ou aposentado que recebe somente o sal�rio m�nimo, muitas vezes, n�o tem condi��es de comprar tudo que est� previsto na legisla��o."
Segundo Sacerdote, a estimativa do aumento que o governo apresentou ontem n�o supre a necessidade do trabalhador. "Hoje, uma cesta b�sica equivale a 56% do sal�rio m�nimo. Se a fam�lia gasta com aluguel, itens de higiene e transporte — sem considerar os reajustes que acontecem no ano —, muito provavelmente essa pessoa n�o tem como pagar o que est� previsto na legisla��o. Alguma coisa vai ficar de fora", analisa.
A economista ressalta a redu��o do poder de compra do trabalhador. "Em fevereiro de 2021, com um sal�rio m�nimo, era poss�vel adquirir 1,84 cesta b�sica, j� em fevereiro de 2022, houve redu��o para 1,78", compara.
A especialista chama a aten��o para a defasagem que se acentuou nos �ltimos 10 anos, quando o pa�s entrou em um per�odo de crises. "Nota-se que o per�odo de maiores picos s�o tamb�m os per�odos que houve crises profundas, como como em 2016 e 2017, em raz�o do impeachment. J� em 2020 e 2021, o Brasil sofreu os efeitos da pandemia de covid-19", comentou.