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Pre�o da gasolina: o que pode mudar ap�s queda do d�lar, segundo economistas

Brasil tem atualmente a segunda gasolina mais cara entre pa�ses sul-americanos, mas economistas ouvidos pela BBC News Brasil dizem que uma queda de pre�os neste momento � improv�vel.


28/03/2022 06:37 - atualizado 28/03/2022 10:33


Bico de abastecimento de combustível vertendo uma gota
Brasil tem atualmente a segunda gasolina mais cara entre pa�ses sul-americanos, mas uma queda de pre�os nesse momento � improv�vel, dizem economistas (foto: AFP)

Com a queda de 15% do d�lar em rela��o ao real desde o in�cio do ano, o consumidor brasileiro se pergunta: e a gasolina, vai agora ficar mais barata? A infla��o vai perder for�a?

A BBC News Brasil perguntou a economistas e, segundo eles, os pre�os praticados pela Petrobras nas refinarias ainda est�o defasados em rela��o ao mercado internacional, mesmo com a queda de pre�os do barril de petr�leo e a valoriza��o recente do real em rela��o ao d�lar.

Assim, uma redu��o de pre�os pela empresa � improv�vel neste momento, dizem os especialistas.

Mas os analistas tamb�m n�o acreditam em nova alta para corrigir a defasagem atual — estimada entre 5% e 10%, ante quase 40% no in�cio de mar�o, quando o petr�leo chegou pr�ximo a US$ 140 e o d�lar ainda era negociado acima de R$ 5.

Quanto aos efeitos na infla��o em geral, h� quem defenda que seria necess�rio um d�lar em queda por per�odo mais longo para que a mudan�a do c�mbio tenha efeitos em itens como alimentos e bens industriais.

E mesmo quem acredita que a queda j� dura tempo relevante admite que, quando o d�lar sobe, os repasses s�o sempre mais r�pidos do que quando ele cai.

"Existe uma resist�ncia maior dos empres�rios em dar descontos", observa Rafaela Vit�ria, economista-chefe do Banco Inter.

Entenda o atual cen�rio para o pre�os dos combust�veis, o que leva Brasil a ter gasolina mais cara do que seus vizinhos da Am�rica do Sul e o que esperar da infla��o em geral, diante do atual cen�rio de queda do d�lar.

Gasolina pode ficar mais barata com queda do d�lar?

Os especialistas aqui s�o un�nimes: neste momento, isso � improv�vel.

�tore Sanchez, economista-chefe da gestora de recursos Ativa Investimentos, lembra que, em primeiro lugar, � preciso diferenciar pre�os da Petrobras e pre�os dos combust�veis na bomba.

A Petrobras controla os pre�os nas refinarias, o come�o da cadeia da gasolina que chega aos postos. A gasolina vendida nas refinarias � de tipo A e n�o possui etanol. J� a gasolina que se compra nos postos � de tipo C, com a adi��o de etanol feita pelas distribuidoras.

Segundo estimativa da Petrobras, o peso da gasolina comercializada pela empresa no pre�o final do produto vendido ao consumidor � de cerca de 38%, com o restante do pre�o formado pelo custo do etanol adicionado, impostos e a margem de distribui��o e revenda.


Ilustração de uma bomba de gasolina com itens que compõem o preço do combustível
Segundo a Petrobras, peso da gasolina comercializada pela empresa no pre�o final ao consumidor � de cerca de 38% (foto: Divulga��o/Petrobras)

"A gasolina A n�o tem ainda um potencial de queda, ainda vemos uma defasagem com rela��o ao pre�o internacional, mesmo com o c�mbio cotado abaixo de R$ 4,80", diz Sanchez.

Segundo o economista, a defasagem est� atualmente em cerca de 7%, comparado a quase 40% no pior momento desse ano, quando o barril de petr�leo do tipo brent bateu em R$ 139, maior valor em 14 anos.

No c�lculo da defasagem, os economistas comparam os pre�os da Petrobras com o valor da gasolina no Golfo P�rsico, regi�o onde � produzido o maior volume de petr�leo do mundo, fazendo a convers�o cambial entre os dois valores.

A Petrobras adotou o chamado PPI (Pre�o de Paridade de Importa��o) em 2016, ap�s anos praticando pre�os controlados, sobretudo no governo de Dilma Rousseff (PT). O controle de pre�os era uma forma de mitigar a infla��o, mas causou grandes preju�zos � petroleira.

"Vemos uma defasagem entre 5% e 10%, tanto no diesel, como na gasolina na m�dia da �ltima semana. � uma defasagem relativamente baixa e que a Petrobras deve carregar ainda por um tempo, para observar a tend�ncia das duas vari�veis [petr�leo e c�mbio]", diz Rafaela Vit�ria, do Inter.

"O cen�rio mais prov�vel hoje � de uma estabilidade dos pre�os. Parando de subir, a infla��o tende a perder for�a, mas uma queda dos pre�os da gasolina na bomba, com o petr�leo ainda pr�ximo dos US$ 110, � dif�cil", afirma a analista.

Quanto ao pacote de medidas aprovadas em mar�o no Congresso para tentar frear a alta dos combust�veis, as leis que criam um fundo para estabiliza��o de pre�os e aux�lios para categorias como motoristas de aplicativo, taxistas e entregadores foram aprovadas no Senado, mas ainda precisam passar pela C�mara.

J� a mudan�a do ICMS (Imposto sobre Circula��o de Mercadorias e Servi�os) sobre combust�veis, aprovada nas duas casas, ainda est� travada na etapa da regulamenta��o pelos Estados, que devem perder bilh�es em arrecada��o com a medida.

Por que gasolina � mais cara no Brasil do que nos vizinhos?

Segundo os especialistas, s�o dois os motivos principais: a pol�tica de pre�os de cada pa�s e a carga de impostos.

Pa�ses que t�m gasolina muito mais barata do que a do Brasil, como Venezuela e Argentina, praticam interven��es estatais nos pre�os, como subs�dios pesados no caso venezuelano e congelamento de valores, no caso argentino.

Conforme o levantamento mais recente do projeto Global Petrol Prices, feito em 21 de mar�o, o Brasil tem atualmente a segunda gasolina mais cara entre as principais economias sul-americanas, atr�s apenas do Uruguai.

"Cada pa�s tem uma pol�tica de pre�o diferente e uma tributa��o diferente", diz Pedro Rodrigues, s�cio da consultoria CBIE Avisory e diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

"Na Venezuela, por exemplo, a PDVSA (petroleira estatal venezuelana) praticamente d� a gasolina para as pessoas de gra�a. H� um subs�dio muito grande da estatal ao combust�vel, ao ponto que o litro da gasolina na Venezuela custa mais barato que um litro de �gua", observa.

"J� a Argentina congelou pre�os para controlar a infla��o, impedindo os agentes do setor de reajustar valores", acrescenta.

Segundo Rodrigues, no entanto, esse tipo de pol�tica � problem�tica. "Cria artificialidades, leva a desabastecimento e gera incentivos econ�micos errados", afirma.

Rodrigues observa que a tributa��o reflete diferentes entendimentos das sociedade sobre o uso de combust�veis.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a taxa��o de combust�veis � baixa, por ser um pa�s cuja economia � muito centrada no autom�vel, que definiu at� mesmo o modelo de urbaniza��o das cidades. J� o Reino Unido tributa pesadamente os combust�veis f�sseis, a partir de um entendimento de que seu uso precisa ser desincentivado, priorizando o transporte p�blico.

"Pol�tica tribut�ria n�o tem pior ou melhor, � uma quest�o de escolha da sociedade", diz Rodrigues.

Segundo ele, no Brasil, uma reforma tribut�ria poderia, por exemplo, reduzir a tributa��o do diesel, g�s de cozinha e energia el�trica, j� que s�o bens essenciais.


Frentista enche frasco com gasolina
Brasil tem atualmente a segunda gasolina mais cara entre pa�ses sul-americanos (foto: Marcello Casal jr/Ag�ncia Brasil)

E a infla��o, pode melhorar com a queda do d�lar?

Aqui, os economistas t�m vis�es diferentes, mas acabam todos admitindo que o efeito para a infla��o deve ser pouco.

"No curt�ssimo prazo, o c�mbio bate na infla��o atrav�s dos combust�veis, devido � pol�tica de paridade de pre�os", explica Sanchez, da Ativa Investimentos. "Como n�o estamos vendo potencial para reajuste baixista [da gasolina], mesmo com o al�vio do c�mbio, por essa via n�o deve haver impacto."

J� para as cadeias onde o c�mbio tem influ�ncia por caminhos mais longos — como a importa��o de componentes que entram em produtos industriais e as commodities agr�colas usadas na ra��o animal —, seria necess�rio um real valorizado por mais tempo para que houvesse impacto favor�vel, avalia o economista.

Sanchez estima que o d�lar deve chegar ao fim de 2022 cotado a R$ 5,40, pois, na avalia��o dele, o n�vel atual, abaixo de R$ 5,80, n�o � compat�vel com os "fundamentos" da economia brasileira, como a fr�gil situa��o das contas p�blicas do governo federal.

J� Rafaela Vit�ria, do Banco Inter, projeta um d�lar a R$ 5 no fim do ano e acredita que o c�mbio j� est� em baixa a tempo suficiente para ter um efeito positivo na economia, posto que ele fechou 2021 cotado a quase R$ 5,60 e acumula tr�s meses de queda, chegando a R$ 4,75 na sexta-feira (25/3).

"Podemos falar num impacto positivo sim, � uma queda j� de tr�s meses", afirma.

"Mas vale lembrar que, quando o d�lar sobe, os repasses s�o mais r�pido do que quando o d�lar cai. Para baixo, existe uma resist�ncia maior. Historicamente, mesmo em per�odos de valoriza��es mais significativas e duradouras [do real em rela��o ao d�lar] o impacto � menor do que quando acontece uma deprecia��o do c�mbio", acrescenta a economista.

"� doloroso subir pre�os, mas uma vez que subiu, dar descontos � ainda mais dif�cil."

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