
“Tivemos um aumento bastante substancial dos combust�veis em mar�o. Eles foram um dos principais fatores desse aumento grande da infla��o que tivemos no m�s de mar�o, puxado principalmente pela gasolina comum. A alimenta��o como um todo tamb�m subiu, principalmente os alimentos in natura. Eles causam um impacto grande no dia-a-dia das pessoas”, explica Eduardo Antunes, gerente de pesquisas da Funda��o IPEAD.
Os maiores destaques, em termos de varia��o, foram as altas de:
- 11,02% para Alimentos in natura,
- 2,47% para Bebidas em bares e restaurantes,
- 2,25% para Vestu�rio e complementos,
- 1,91% para Transporte, Comunica��o, Energia El�trica, Combust�veis, �gua e IPTU,
- 1,64% para Alimentos industrializados,
- 1,61% para Despesas pessoais e
- 1,07% para Encargos e manuten��o
J� os Artigos de resid�ncia tiveram queda de 1,03%.
Segundo Antunes, os alimentos in natura ainda sofrem impacto das chuvas de janeiro. “A produ��o ainda n�o se recuperou desse processo clim�tico todo. Tivemos menor produ��o tamb�m. A �rea de plantio do tomate e da cenoura foi menor e isso acabou contribuindo para que os pre�os subissem nesse per�odo.”
O gerente de pesquisas ressalta que o setor ainda estava se ajustando ao arrefecimento da pandemia. “Mas ainda n�o conseguiram se ajustar completamente e o processo clim�tico acabou potencializando esse problema na safra, elevando demais o pre�o desses produtos.”
A gasolina comum foi o produto que mais contribuiu para o aumento no custo de vida em mar�o, com alta de 7,11%. Outros itens que pesaram no or�amento familiar foram autom�veis novos (7%), g�s de cozinha (7,27%), assinatura de telefonia fixa (7,47%) e condom�nio residencial (1,51%).
Ele afirma que, neste momento, � dif�cil fazer qualquer tipo de previs�o para os pr�ximos meses. “Nunca tivemos tantos acontecimentos, em um curto espa�o de tempo, que influenciaram tanto os pre�os como este per�odo que estamos vivendo.” Antunes cita a pandemia, a queda de produ��o em alguns setores, a retomada da produ��o que n�o aconteceu totalmente, al�m da falta de insumos.
“Agora temos o conflito entre R�ssia e Ucr�nia que acaba prejudicando o mundo, j� que a R�ssia � grande produtora de fertilizantes e est� sofrendo embargos por causa da guerra. A produ��o de petr�leo tamb�m sofre esse impacto, o barril de petr�leo come�a a sofrer especula��o de mercado e fica mais caro. Estamos tamb�m em um ano eleitoral, que sempre sofre com especula��es.”
Cesta b�sica teve varia��o mensal recorde
O custo da cesta b�sica tamb�m apresentou aumento de 7,76%, custando R$ 695,41 em mar�o. Esta foi a maior varia��o mensal desde dezembro de 2019 quando atingiu 12,05%.
Os principais respons�veis pela alta foram o tomate Santa Cruz (29,92%), banana caturra (23,34%) e o p�o franc�s (5,81%).

“O destaque � o tomate que j� subiu 61% no ano e em 12 meses mais de 130%. Ele vem sofrendo pelo problema de readequa��o de produ��o e das chuvas.”
A infla��o acumulada no ano est� em 3,64% e nos �ltimos 12 meses em 10,83% , de acordo com o �ndice de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA).
V�rias entregas e pesquisa de pre�os
O comerciante Jos� Maria da Silva, de 64 anos, afirma que precisa do carro para trabalhar. Mas, com o aumento no pre�o da gasolina, n�o � mais poss�vel encher o tanque. “Se pode colocar R$ 100, coloca. Se pode colocar R$ 200, coloca. Se sobra um dinheiro, coloco um pouco a mais. Trabalho em hortifrutigranjeiro, ent�o vou para o Ceasa e fa�o entrega com ele.”

Para tentar economizar, ele conta que est� saindo para fazer mais entregas de uma �nica vez. “Ao inv�s de eu ir em uma �nica entrega, junto tr�s ou quatro para sair uma vez s�. Procuro tamb�m sincronizar as rotas para tentar n�o gastar tanto combust�vel.”
J� o aposentado Jos� Santana, de 73 anos, reclama do pre�o dos alimentos no sacol�o. “T� aumentando quase todo dia. Vou um dia e compro alguma coisa, no outro compro outra.” Apesar disso, ele afirma que ainda n�o deixou de comprar nenhum produto, j� que conta com a ajuda dos filhos. “Compro mais frutas que tamb�m est�o muito caras.”

Ele admite, por�m, que confere os pre�os nos estabelecimentos perto de casa antes de comprar. “Vou em um e no outro e vejo os pre�os. O que estiver mais barato eu vou l� e compro.”
Dicas para manter o or�amento familiar
Diante do cen�rio de incertezas dos pr�ximos meses, os consumidores devem ficar atentos para n�o estourar o or�amento dom�stico com pre�os cada vez mais altos.
Marcos Alves, especialista em planejamento financeiro da consultoria Tailor d� algumas dicas. A primeira seria o or�amento est�tico. “A pessoa deve come�ar o m�s sabendo o que vai gastar, quais s�o os recursos e para onde eles v�o.”
Outro ponto � ficar atento aos gastos sup�rfluos com comida. “As pessoas que compram por aplicativo de comida, por exemplo, �s vezes n�o percebem (os gastos). A redu��o na compra deste tipo de produto seria interessante para a pessoa que recebe um sal�rio menor e est� em uma situa��o econ�mica mais apertada. A dica � evitar ao m�ximo.”
Para os alimentos que est�o mais caros no momento, a dica � tentar substituir por outros com pre�os mais em conta. “Se a pessoa consegue evitar a compra desses produtos que est�o um pouco mais caros e tentar substituir por outros s� por um per�odo tempor�rio, j� ajuda no or�amento. Na hora de fazer a compra, � bom as pessoas listarem o que realmente precisam tamb�m, para n�o ficarem perdidas e levar o que n�o deveria para a casa.”
J� em rela��o aos combust�veis, a dica do especialista � viabilizar o uso do carro. “Usar mais o transporte p�blico que � acess�vel e evitar o transporte por aplicativo.”
A troca da gasolina pelo etanol deve ser analisada, j� que n�o beneficia todos os motoristas, segundo Alves. “Com o etanol o carro n�o tem a mesma performance, ele � mais barato, mas o carro vai desenvolver menos e a pessoa vai ter praticamente o mesmo gasto. Para algumas pessoas, pode compensar, como motorista de aplicativo que tem um carro econ�mico e que usa o carro o dia inteiro. Para ele vale a pena o etanol.”