
A infla��o medida pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA) em mar�o chegou a 1,62%, a maior para o m�s desde 1994, ano do lan�amento do Plano Real. O �ndice superou os aumentos de pre�os de fevereiro (1,01%) e tamb�m o �ndice de 0,93% registrado em mar�o do ano passado. Os n�meros foram divulgados ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE). A infla��o no m�s passado superou a de mar�o de 1995, que fechou em 1,55%. Em mar�o de 1994, pouco antes da chegada do real, o IPCA foi de 42,74%. No ano, o IPCA acumula alta de 3,20% e, nos �ltimos 12 meses, de 11,3%, acima dos 10,54% observados nos 12 meses imediatamente anteriores
Em Belo Horizonte, o IPCA de 1,44% ficou abaixo da m�dia do pa�s e � o quarto menor entre as 17 capitais pesquisadas pelo IBGE – somente Aracaju-SE (1,43%), Bras�lia-DF (1,41%) e Rio Branco-AC (1,35%) ficaram abaixo. Em rela��o a fevereiro (1,07%), a infla��o mostra acelera��o. A infla��o � recorde para o m�s tamb�m na capital mineira, conforme apontaram dados divulgados na ter�a-feira pela Funda��o Instituto de Pesquisas Econ�micas, Administrativas e Cont�beis de Minas Gerais (Ipead), da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O IPCA/Ipead fechou mar�o em 1,39%. A UFMG realiza a medi��o desde dezembro de 2014, e, at� ent�o, o recorde para o m�s era de 2015, com 1,25%.
Segundo o IBGE, os impactos mais relevantes partem dos transportes, com 3,02%, e de alimenta��o e bebidas. A quest�o do combust�vel � a que mais impacta quanto aos transportes.A gasolina, por exemplo, teve um reajuste de 18,77% no pre�o m�dio em mar�o deste ano e se destacou com o maior impacto individual no indicador geral – de 0,44%. Outros combust�veis tamb�m foram impactados pela alta geral, como g�s veicular (5,29%), etanol (3,02%) e �leo diesel (13,65%). O IBGE tamb�m revela um aumento de 7,98% relativo ao custo do transporte por aplicativo e de 1,47% no conserto de autom�veis.
Quanto � alimenta��o, com aumento geral de 2,42%, os alimentos tidos como domiciliares s�o o principal motivo para a acelera��o dos pre�os em mar�o. Os principais vil�es foram o tomate (0,88%), que teve aumento de pre�o de 27,22%, e a cenoura, com avan�o de 31,4% – a alta em um ano chegou a 166,17%. Leite longa vida (9,34%), �leo de soja (8,99%), frutas em geral (6,39%) e o tradicional p�o franc�s (2,97%) tamb�m contaram com aumentos em mar�o que impactaram diretamente o consumidor.
Mais sutis, mas ainda respons�veis pelo brasileiro gastar mais em mar�o de 2022, os itens de casa tamb�m impactaram, com aumento geral de 1,15%. O g�s de botij�o, com reajuste m�dio no �ltimo m�s de 16,06% para venda �s distribuidoras, foi o vil�o da vez. Houve tamb�m uma alta de 1,08% no �ndice da energia el�trica. Vestu�rio (1,82%) e sa�de e cuidados pessoais (0,88%) foram outros grupos que contaram com aumento mais relevante. Somente um teve queda: comunica��o, com -0,05%.
‘Empobrecimento’
e futuro incerto
Professor de economia e finan�as do Centro Universit�rio Unihorizontes, Paulo Vieira comenta que uma s�rie de fatores, tanto externos quanto internos, motivam a nova acelera��o da infla��o. O economista, antes de analisar, define: “Infla��o � uma alta cont�nua e ampla de pre�os que leva � perda de poder de compra. No 'frigir dos ovos', infla��o � empobrecimento”.
“Vemos hoje a alta coletiva de pre�os e que tem aumentado por fatores internos e externos. H� uma s�rie de coisas conspirando, infla��o � tipo queda de avi�o, cai por v�rios motivos, agora temos uma guerra, a alta dos combust�veis internacionalmente, a alimenta��o no �mbito interno j� vem de um tempo, � uma continua��o de fatores que fazem o valor aumentar. E os rendimentos n�o est�o acompanhando a alta de pre�o, principalmente as de menor renda, de menor poder de combate � infla��o, pois as de maior renda t�m formas de se defender, a infla��o atinge todos", afirma ao Estado de Minas.
Solicitado para tra�ar um panorama do que est� por vir, Vieira n�o arrisca. O economista considera que, no cen�rio atual, muitos fatores deixam a economia brasileira em um momento de incerteza quanto ao futuro e os pr�ximos percentuais da infla��o. “O futuro � uma inc�gnita. Temos coisas a serem resolvidas pelo mundo, uma guerra na Ucr�nia que coloca incerteza sobre insumos para todo mundo, a quest�o do petr�leo mesmo. O pr�prio crescimento da economia no mundo est� demandando mais produtos, e a produ��o n�o est� acompanhando. Est� dif�cil at� fazer previs�o, tem a alta do d�lar, apesar de cair um pouco recentemente, ningu�m sabe para onde ele vai. Uma s�rie de ‘ses’, e poucas respostas", comenta.
O economista, professor do Insper e CEO da Siegen Consultora, F�bio Astrauskas, “mais do que o n�mero em si, a alta assusta pelo que representa: perda acelerada do poder de compra, principalmente das camadas de menor renda da popula��o, em itens b�sicos como alimentos e combust�veis. E n�o h� sinal de que o quadro v� se reverter, pelo menos no m�dio prazo”. Astrauskas lembra ainda que o Brasil convive h� 7 meses com �ndice de infla��o de dois d�gitos.
O CEO da Siegen avalia que a atua��o do Banco Central, elevando a taxa de juros, tem efeito reduzido por ser uma a��o isolada. “Os juros continuam a subir aqui no pa�s, em uma tentativa do Banco Central de reduzir a infla��o – um rem�dio que, isoladamente, n�o cura a doen�a, e tem como um de seus efeitos colaterais a retra��o econ�mica. Como consequ�ncia, mais problemas � frente, entre os quais se destaca a possibilidade de maior desemprego”, alerta.
Petrobras reduz g�s
de cozinha em 5,58%
A Petrobras vai reduzir o pre�o do botij�o de g�s passado para as distribuidoras. A estatal informou ontem que o valor m�dio do GLP (g�s liquefeito de petr�leo) agora ser� de R$ 4,23 por , quilo, recuo de R$ 0,25. A medida entra em vigor hoje. Isso significa que o pre�o de um botij�o de 13kg ficar� em torno de R$ 55, uma queda de R$ 3,27, ou seja, 5,58%.
Em nota, a petroleira afirmou que a decis�o foi tomada a partir do acompanhamento da evolu��o dos pre�os internacionais e da taxa de c�mbio, que se estabilizaram em patamar inferior para o GLP.
“Coerente com a sua pol�tica de pre�os, a Petrobras reduzir� seus pre�os de venda �s distribuidoras”, justificou. O reajuste mais recente feito no valor do g�s foi em 11 de mar�o, quando foi definido um aumento de 16,1% no pre�o de venda �s distribuidoras.
Atualmente, o botij�o de 13kg pode ser comprado pelos consumidores por cerca de R$ 113, segundo a m�dia nacional observada pela Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP) entre 27 de mar�o e 2 de abril.