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Estado de Minas TRADI��O AMEA�ADA

Doceiras artesanais querem a volta do tacho de cobre e da colher de pau

Audi�ncia p�blica na Assembleia Legislativa de Minas vai discutir assunto; doceiros se unem na luta em defesa da tradi��o na do�aria mineira


28/04/2022 18:36 - atualizado 28/04/2022 19:21

doces cristalizados de Carmo do Rio Claro
Imagens cada vez mais em extin��o: doces cristalizados de Carmo do Rio Claro (foto: Faemg/Divulga��o)
Sabe aquela imagem da av� da gente fazendo doce no tacho fumegante, mexendo com colher de pau no fog�o a lenha? Ainda se encontra pelo interior, mas n�o com a efetividade de antigamente. A fabrica��o de doces artesanais vem caindo ao longo do tempo, mas um movimento de reconhecimento e valoriza��o da do�aria nineira vem ganhando for�a. Na ter�a-feira (3/5), uma audi�ncia p�blica na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) ter� como tema “A relev�ncia dos doces mineiros na gastronomia e no turismo”.

Os doceiros querem a volta do tacho de cobre e da colher de pau no fog�o a lenha para produzir suas del�cias. Os dois utens�lios est�o com o uso restrito.

A Ag�ncia Nacional de Vigil�ncia Sanit�ria (Anvisa) restringiu o uso de utens�lios de cobre na produ��o de alimentos, baseada na Resolu��o 20, de 22 de mar�o de 2007. De acordo com a RDC 20, a absor��o excessiva do cobre provoca desordens neurol�gicas e psiqui�tricas, danos ao f�gado, rins, sistema nervoso, ossos e perda de gl�bulos vermelhos.

H� controv�rsias. A resolu��o s� permite o uso dos tachos de cobre se eles forem revestidos com ouro, prata, n�quel ou estanho. A mais importante vantagem do uso do tacho na fabrica��o dos doces mineiros, talvez seja o quanto o utens�lio � um elemento simb�lico e cheio de significados. S�o gera��es e mais gera��es de doceiras que se formaram assim, na pr�tica.

“Em 2007, a Vigil�ncia Sanit�ria tornou lei a proibi��o de cobre (suposto t�xico) e a colher de pau.  Eles tiram a mineiridade da gente, as doceiras est�o parando de fazer doce. A Anvisa come�ou a multar e  as doceiras pararam de fabricar. O alum�nio � t�xico; o inox � muito caro. Est�o mexendo com a heran�a de um povo, n�s queremos ser guardi�es. Sou da terceira gera��o de doces da minha fam�lia. N�s vamos brigar por isso ao logo do tempo porque ela � uma lei que n�o � justa”, diz Gl�ucio Peron, de Po�os de Caldas, produtor rural.

Ele produziu o maior doce de ab�bora com coco do mundo (duas vezes no Guinness Book - em 2015, com 551kg, e, em 2017, com 633kg) e � membro idealizador do movimento de reconhecimento e valoriza��o da do�aria mineira.

Clariane Vilela Brand�o mora em Belo Horizonte e revende os doces cristalizados de Carmo do Rio Claro na capital. “Estou em defesa do of�cio das doceiras e a patrimoniza��o dos doces do Carmo, al�m da libera��o do tacho”, conta ela, que tem fam�lia na cidade.

“Minha quest�o com os doces de Carmo veio depois que eu cursei a disciplina de cozinha brasileira na faculdade com a chef Rosilene Campolina. � um compromisso com a preserva��o e valoriza��o desse of�cio dos doces de Carmo. E, posteriormente, acabei fazendo o curso de doces oferecido pelo Senar, onde pude entender mais a fundo como � o processo dos doces bordados da cidade”, conta Clariane.

Irene Silva � doceira h� mais de 30 anos na cidade e produz doces de figo, mam�o, entre outros, e est� preocupada com o rigor da fiscaliza��o. “Se n�o tomar um jeito, a atividade pode acabar. A tradi��o est� amea�ada, precisamos de incentivo”, disse. Irene garante que o figo preparado fora do tacho de cobre fica marrom e n�o verde.

Tradicionalmente conhecida pelos doces cristalizados que ganharam o mundo, Carmo do Rio Claro, com 21.268 habitantes, no Sudoeste Mineiro, v�, gradativamente, o n�mero de doceiras diminuindo e saindo a atividade.

Para ajudar a reverter esse quadro, o Sistema Faemg/Senar/Inaes realizou um curso de doces cristalizados para moradores da cidade, no ano passado. A proposta foi o resgate cultural das tradi��es de formar m�o de obra, inserindo novas pessoas na atividade.


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