
Lisboa, Portugal — Apesar da ligeira melhora observada nos indicadores, a disparidade de g�neros continua assustadora em todo o mundo. Dados divulgados nesta quarta-feira (13/07) pelo F�rum Econ�mico Mundial apontam que ser�o necess�rios 132 anos para que homens e mulheres tenham as mesmas condi��es de vida, seja em termos de renda, seja de acesso � educa��o e � sa�de e em participa��o pol�tica. Em rela��o a 2021, esse fosso diminuiu em quatro anos.
No Brasil, o quadro ficou estagnado, e o pa�s aparece na 94ª posi��o entre 146 na��es pesquisadas. Quando o recorte � a Am�rica Latina e o Caribe, o Brasil est� � frente somente de Belize e Guatemala, em 20º lugar.
Segundo Saadia Hahidi, diretora Administrativa do F�rum, n�o bastasse a redu��o m�nima na disparidade de g�neros, as mulheres passaram a enfrentar mais um desafio: a disparada da infla��o. Como, em geral, j� ganham menos que os homens, elas veem o poder de compra diminuir mais rapidamente.
“A crise do custo de vida est� impactando desproporcionalmente as mulheres ap�s o choque das perdas do mercado de trabalho durante a pandemia e a cont�nua inadequa��o da infraestrutura de atendimento”, disse ela, que v� as mulheres tamb�m como maiores v�timas de conflitos armados, como o na Ucr�nia, e de mudan�as clim�ticas.
Para a executiva, diante da fraca recupera��o da economia — o risco de recess�o global � cada vez maior —, governos e empresas devem priorizar dois conjuntos de esfor�os: pol�ticas direcionadas para apoiar o retorno das mulheres ao mercado de trabalho e desenvolvimento de talentos femininos nas ind�strias do futuro. “Caso contr�rio, corremos o risco de erodir permanentemente os ganhos das �ltimas d�cadas e perder os futuros retornos econ�micos da diversidade”, afirmou Saadia Zahidi.
Ela destacou ainda que o rendimento m�dio das mulheres encolheu 1% no ano passado e o dos homens, 7%. Por isso, a ligeira melhora nos indicadores. O ideal seria que a renda das trabalhadoras subisse mais do que a do p�blico masculino de forma cont�nua.
O relat�rio do F�rum aponta que das 146 economias pesquisadas, somente uma em cada cinco conseguiu diminuir a desigualdade de g�nero em pelo menos 1% no ano passado. Assim, embora ganhos tenham sido obtidos, a redu��o de apenas quatro anos pouco compensa o rev�s de toda uma gera��o registrado em 2020-2021, no auge da pandemia.
Agora, pelos dados atuais, em vez de a paridade de g�nero ser atingida em 2158, ser� alcan�ada em 2154, caos o mundo continue trabalhando lentamente nesse sentido. Os cinco pa�ses com menor desigualdade de g�nero s�o, pela ordem, Isl�ndia, Finl�ndia, Noruega, Nova Zel�ndia e Su�cia. J� os com maior disparidade s�o Afeganist�o, Paquist�o, Rep�blica Democr�tica do Congo e Chade.
Rev�s na pol�tica
Ainda que tenha ficado estagnado no Relat�rio Global de Desigualdade de G�nero, que est� na sua 16ª edi��o, o Brasil aparece em �timas condi��es quando os indicadores s�o abertos. No item que trata de educa��o, o pa�s aparece no topo do ranking, empatado com 20 na��es.
O mesmo ocorre em rela��o ao acesso � sa�de e � sobreviv�ncia — empate com 28 pa�ses. O que faz o Brasil despencar no c�lculo final do levantamento s�o a participa��o e as oportunidades para mulheres no mercado de trabalho (85º lugar) e a presen�a delas na pol�tica. Nesse quesito, o pa�s aparece na 104ª posi��o. O documento cita que, no Senado brasileiro, dos 81 eleitos, somente 12 (14,8%) s�o mulheres.
O Brasil, ressaltou o F�rum, � lar de mais de 108 milh�es de mulheres. Portanto, � preciso que a participa��o pol�tica delas seja maior. Na atual disputa pela Presid�ncia da Rep�blica, apenas tr�s mulheres aparecem no p�reo, at� agora, sem qualquer condi��o de vit�ria: Simone Tebet (MDB), Vera L�cia (PSTU) e Sofia Manzano (PCB).
O relat�rio destacou tamb�m que essa minguada participa��o das mulheres em cargos eletivos acontece a despeito de o pa�s ter um sistema de cotas obrigando que, no m�nimo, 30% das candidatas ao Congresso sejam do sexo feminino.
No entender da diretora do F�rum Econ�mico Mundial, h� muito por ser feito por todos os pa�ses no sentido de tornar as economias e as sociedades mais diversas. Mas � preciso vontade pol�tica.
“Entre 2021 e 2022, o sub�ndice de participa��o econ�mica e oportunidade aumentou 1,6%, baseado principalmente em ganhos para mulheres em cargos profissionais e t�cnicos e na diminui��o da diferen�a salarial, mesmo que a desigualdade de g�nero na for�a de trabalho tenha aumentado”, frisou. Para o sub�ndice de sa�de e sobreviv�ncia, houve uma pequena melhora, enquanto o sub�ndice de escolaridade caiu e o empoderamento pol�tico estagnou”, acrescentou.