Depois de ficar quietinho e n�o comentar a tramita��o fora das regras constitucionais, eleitorais e regimentais do Congresso para aprova��o vergonhosa de um pacote eleitoreiro de R$ 41,2 bilh�es proposto na Proposta de Emenda Constitucional (PEC), a PEC Eleitoreira ou Kamikaze, sob o discurso populista de que as medidas s�o para socorrer os mais necessitados, o ministro da Economia, Paulo Guedes, quebrou o sil�ncio e afirmou, nesta quinta-feira (14/7), que o “fiscal continua forte” e que n�o haver� impacto fiscal “l�quido” da PEC.
Mas n�o � o que analistas s�rios do mercado avaliam e o aumento do pessimismo � refletido na desvaloriza��o do real frente ao d�lar. Engrossando o coro dos alertas, o banco norte-americano Goldman Sachs tamb�m fez um alerta sobre a deteriora��o das regras fiscais e por conta dessas medidas populistas que devem dificultar o trabalho do Banco Central em preservar o valor da moeda. Alberto Ramos, diretor para Am�rica Latina do Goldman Sachs, destacou que, do ponto de vista macroecon�mico, est�mulo fiscal adicional � inconsistente com aperto monet�rio.
Pelas contas do Goldman Sachs, o efeito do pacote de medidas previsto na PEC Eleitoreira, somado aos cerca de R$ 20 bilh�es de ren�ncia tribut�ria com o corte de PIS-Cofins sobre a gasolina e o etanol, o pacote total de medidas est� estimado em cerca de 0,7% do Produto Interno Bruto (PIB). “Na nossa avalia��o, para al�m da preocupa��o justificada com o impacto social da subida da infla��o e dos pre�os dos combust�veis, as medidas anunciadas ir�o, em alguns casos, conduzir a uma m� afeta��o de recursos na economia e poder�o ter um impacto duradouro nas finan�as p�blicas, pois � altamente improv�vel que muitas das medidas anunciadas ser�o revertidas em janeiro de 2023”, alertou Alberto Ramos, diretor para a Am�rica Latina do Goldman Sachs, nesta quinta-feira (14/7), em relat�rio enviado aos clientes.
Segundo o documento do banc�o norte-americano, essa e outras medidas de est�mulo fiscal dificultar�o o trabalho do Banco central para conter a alta da infla��o, que est� disseminada na economia. “Do ponto de vista macroecon�mico, est�mulo fiscal adicional � inconsistente com aperto monet�rio. Al�m disso, outra emenda constitucional que permite gastos al�m do teto de gastos � um desenvolvimento negativo na medida em que leva a uma maior eros�o das principais �ncoras fiscais”, frisou Ramos.
De acordo com ele, o aumento da arrecada��o recente � transit�ria e de curto prazo, resultado da alta infla��o e dos pre�os das commodities e ela est� sendo usada, em grande medida, para validar esses gastos extras em pleno um ano eleitoral “em vez de acelerar os ajustes fiscais que provavelmente teriam gerado dividendos econ�micos e sociais ao longo do ano”.
Vale lembrar que, refletindo o aumento das incertezas da capacidade do governo em evitar um descontrole das contas p�blicas, o d�lar, atualmente, � negociado cada vez mais perto de R$ 5,50 e o risco pa�s n�o para de subir e j� chegou a 315 pontos, dado quase 45% acima do registrado h� seis meses.
Ontem, a Institui��o Fiscal Independente (IFI), do Senado Federal, revisou as proje��es e passou a prever aumento da d�vida p�blica bruta por conta, em grande parte, das medidas eleitoreiras previstas na PEC Kamikaze e suas consequ�ncias na pol�tica monet�ria.