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Estado de Minas combust�veis

Disparada do diesel castiga os mais pobres

Alta m�dia de 68% nas bombas em 12 meses eleva custos de produ��o e transporte, com efeitos danosos mais intensos nos munic�pios onde a renda � menor


26/07/2022 04:00 - atualizado 26/07/2022 00:27

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Caminh�es em fila para abastecer em posto de Montes Claros, no Norte de Minas, que concentra munic�pios com baixo IDH (foto: Luiz Ribeiro/EM/D.A Press)

O pre�o do �leo diesel S10, usado pelos caminh�es no transporte de cargas, teve um aumento de 42% no Brasil no primeiro semestre deste ano. Em um ano, entre junho de 2021 e junho de 2022, o valor do litro do combust�vel cobrado nas bombas bomba subiu 68%, aponta levantamento feito a pedido do Estado de Minas pela Confedera��o Nacional do Transporte (CNT), com base nos pre�os m�dios de revenda apontados em pesquisas realizadas pela Ag�ncia Nacional do Petr�leo, G�s Natural e Biocombust�veis (ANP). O resultado � forte impacto na infla��o, que castiga toda a popula��o, mas especialmente a mais pobre, com �nfase na que vive em munic�pios cuja economia � menos din�mica e movimenta itens mais b�sicos de consumo, como alimentos.
 
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De acordo com o estudo, nos per�odos analisados, os reajustes dos pre�os do �leo diesel foram muito superiores ao aplicados sobre a gasolina, que, de janeiro a junho deste ano subiu 12% e em doze meses teve um acr�scimo de 30%, tamb�m com base nos dados da ANP.
 
Na esteira da alta do dieses, os impactos s�o imediatos no custo do frete e oneram os caminhoneiros e diferentes meios de transporte, interferindo diretamente na produ��o agr�cola, na ind�stria, no valor final dos produtos. As consequ�ncias s�o mais sentidas nos munic�pios mais pobres do interior, de baixo �ndice de Desenvolvimento Humano (IDH). Nesses lugares, conforme revelou o Estado de Minas em s�rie de reportagens iniciada em mar�o, por conta das dificuldades de log�stica e dist�ncia das refinarias, a popula��o paga mais caro pelos combust�veis do que os moradores de cidades mais desenvolvidas e maior renda per capita. E ainda sofre com impactos dos pre�os de uma cesta de consumo mais restrita do que as de moradores de cidades mais ricas – embora as parcelas mais pobres tamb�m sofram nos munic�pios maiores.
 
“O aumento do pre�o do �leo diesel, com a consequente eleva��o dos custos do frete e de transporte, tende a prejudicar os mais pobres de modo geral, n�o somente dos munic�pios mais afastados, mas tamb�m nas grandes cidades. Isto porque as altas dos combust�veis acabam sendo repassadas para os custos finais e pre�os dos bens da economia com um todo”, afirma o professor Rafael Marques Ribeiro, da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas (Face) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Ele salienta que o reajuste do pre�o do �leo diesel eleva muito os custos do transporte e dos alimentos, que “s�o as duas categorias que mais pesam” no or�amento das fam�lias mais pobres. Em consequ�ncia, o poder de compra dos mais pobres sofre maior redu��o do que da parcela mais rica, explica.
 
Na mesma linha, a professora V�nia Vilas Boas, coordenadora do �ndice de Pre�os ao Consumidor (IPC) calculado pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), enfatiza que o aumento do pre�o do �leo diesel eleva o custo do transporte, com reflexo nos alimentos e atingem pesadamente moradores de munic�pios como S�o Jo�o das Miss�es, que tem o pior IDH de Minas (0,529) e Bonito de Minas, terceiro pior IDH (0,537), cuja realidade foi mostrada pelo EM.

EFEITO CASCATA O modal rodovi�rio � o sistema de transportes mais usado no Brasil e, por isso, reajustes do �leo diesel e de outros custos do setor t�m reflexos diretor para o consumidor, especialmente no que se refere � alimenta��o, reafirma a economista. “Temos que lembrar o �leo diesel � um componente da linha de produ��o de v�rios setores e influencia nos pre�os dos alimentos, uma vez que tamb�m o processo produtivo – as m�quinas e equipamentos agr�colas – depende do combust�vel. Ent�o, temos um efeito cascata”, descreve V�nia Vilas Boas.
Segundo a coordenadora do IPC Unimontes, o item transporte tem peso de 8% no or�amento das fam�lias de baixa renda. J� o grupo alimenta��o responde por 40% dessas fam�lias. Tais condi��es fazem com aumento do pre�o do �leo diesel e do custo do transporte seja mais sentido nas cidades de baixa renda per capita.
 
“Outro aspecto � que os munic�pios de baixo IDH n�o contam com estrutura de atendimento m�dico e os moradores precisam se deslocar cidades maiores em busca de consultas e exames. O aumento do �leo diesel tamb�m impacta o aumento de pre�o do transporte intermunicipal, comprometendo ainda mais o or�amento das fam�lias das cidades menores”, acrescenta a professora da Unimontes.
 
O professor Mauro Sayar Ferreira, da Faculdade de Ci�ncias Econ�micas da UFMG, concorda com a avalia��o. “� natural que nos lugares mais distantes dos grandes centros ocorra um maior impacto do aumento do pre�o do �leo diesel. Os produtos, para chegar l�, dependem de um custo de transporte mais elevado. N�o � � toa que, quando a gente vai a alguma localidade mais distante, os pre�os dos produtos ali s�o naturalmente mais e levados do que aqueles que costumamos observar nos grandes centros e nas capitais, enfatiza.

COM�RCIO O gerente da Unidade de Intelig�ncia Empresarial do Sebrae Minas, Felipe Brand�o de Melo, aponta os impactos do diesel e de outras matrizes energ�ticas no com�rcio, especialmente dos munic�pios mais pobres, ao elevar o custo de vida da popula��o, reduzindo o potencial de consumo.
 
“Como muitas vezes os pequenos munic�pios carecem de maior dinamismo econ�mico, a renda da popula��o e a massa salarial n�o acompanham o aumento do custo, que acaba por reduzir a demanda. Isso impacta tamb�m os propriet�rios de pequenos neg�cios”, analisa.
Com a demanda em queda e sem capital de giro para obter volumes que possam baratear a log�stica, os pequenos comerciantes terminam sem sa�da. “Essa combina��o acaba levando a um aumento de pre�os ao consumidor que n�o resulta necessariamente na eleva��o de lucro para o empres�rio”, avalia o especialista, para quem a situa��o � ainda mais preocupante naqueles munic�pios fortemente dependentes da prefeitura e das transfer�ncias do governo, como Bonito de Minas, onde o perfil de neg�cios � voltado exclusivamente para as necessidades b�sicas das fam�lias.

Impacto em todos os tipos de transporte

A oscila��o do pre�o do �leo diesel tem reflexo direto na economia pelo fato de o combust�vel ser um dos principais insumos do transporte do pa�s, juntamente com o custo da m�o de obra. O combust�vel responde por cerca de 30% a 35% dos custos de transporte rodovi�rio de cargas no pa�s, de acordo com a Associa��o Nacional do Transporte de Cargas e Log�stica (NTC & Log�stica).
 
“O aumento do pre�o do diesel impacta substancialmente as transportadoras e reflete na infla��o, que afeta todos os setores econ�micos”, diz o diretor executivo da Confedera��o Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, que aponta ainda press�o dos custos de pneus, cavalos mec�nicos e o semirreboque. Embora o modal rodovi�rio represente 65% do transporte de carga do pa�s, outros, como ferrovi�rio, que responde por (15%) e o aquavi�rio, com 10,5%, tamb�m s�o afetados pelos pre�os dos combust�veis, embora consumam menos em rela��o � carga transportada, ressalta Bruno Batista. Ele chama aten��o ainda para a dificuldade das empresas para manter estoques de diesel, estando, por isso, sujeitas �s oscila��es de pre�os.
 
O impacto � generalizado na economia, afirma o engenheiro e mestre em transporte Marcus Quintella, diretor da FGV Transportes, da Funda��o Get�lio Vargas. “Somos fortemente dependentes do transporte rodovi�rio de carga e do �leo diesel. Nossas ferrovias tamb�m transportam commodities e usam o biodiesel. Temos as locomotivas movidas a diesel e el�tricas e tamb�m toda parte da avia��o (que consome combust�veis). Isso significa que o aumento do pre�o dos combust�veis impactam no pre�o das passagens a�reas, no turismo, nas viagens de neg�cios e na cabotagem (navio), que faz o transporte na costa brasileira, al�m das passagens de �nibus intermunicipais e urbanos”, lista Quintella. (LR)



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