(none) || (none)
UAI
Publicidade

Estado de Minas OPORTUNIDADES

Emprego: as 9 �reas em que brasileiros mais encontram trabalho

Propor��o de pessoas ocupadas aumentou, mas sal�rio m�dio real caiu. Entenda o que explica esse cen�rio e veja as �reas que tiveram os maiores aumentos da popula��o ocupada no �ltimo ano, segundo o IBGE.


06/08/2022 07:02 - atualizado 06/08/2022 08:04


mulher trabalhadora pesa produtos em feira
N�mero de trabalhadores sem carteira assinada � recorde: o mais alto desde 2015 (foto: Getty Images)

Os dados mais recentes sobre o mercado de trabalho brasileiro revelam um cen�rio que pode parecer contradit�rio � primeira vista: um aumento na propor��o de pessoas trabalhando, mas com sal�rios menores — al�m de um recorde de trabalhadores sem carteira assinada.

"� um copo meio cheio ou meio vazio, dependendo da maneira como voc� observa", resume Br�ulio Borges, economista-s�nior da consultoria LCA e pesquisador-associado do FGV IBRE.

A taxa de desemprego de 9,3%, registrada no trimestre de abril a junho de 2022, � a mais baixa para o segundo trimestre desde 2015, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE).

 Com�rcio, constru��o civil, servi�os dom�sticos e outros servi�os est�o entre as �reas que respondem por maior cria��o de ocupa��es. (Veja abaixo a lista completa das �reas com os maiores aumentos).

Borges destacou que, "olhando s� o n�mero de pessoas ocupadas, h� sete anos que a gente n�o observa o mercado de trabalho brasileiro em uma situa��o t�o favor�vel". No entanto, ele acrescentou que uma an�lise mais detalhada mostra que "n�o � uma situa��o assim t�o boa", em refer�ncia a aspectos como a queda de 5,1% no rendimento m�dio real (R$ 2.652) em rela��o a igual per�odo do ano anterior.

Veja abaixo as �reas que mais est�o contratando no Brasil — e, em seguida, entenda como essa composi��o ajuda a explicar a atual situa��o do mercado de trabalho brasileiro.

Aumento da popula��o ocupada (2º tri de 2022 ante 2º tri de 2021):

-Alojamento e alimenta��o (23,1%, ou mais 1 milh�o de pessoas)

-Servi�os dom�sticos (18,7%, ou mais 931 mil pessoas)

-Outros servi�os* (18,7%, ou mais 805 mil pessoas)

-Com�rcio, repara��o de ve�culos automotores e motocicletas (14,2%, ou mais 2,4 milh�es de pessoas)

-Constru��o (11,2%, ou mais 753 mil pessoas)

-Ind�stria geral (10,2%, ou mais 1,2 milh�o de pessoas)

-Transporte, armazenagem e correio (10%, ou mais 463 mil pessoas)

-Administra��o p�blica, defesa, seguridade social, educa��o, sa�de humana e servi�os sociais (5,5%, ou mais 893 mil pessoas)

-Informa��o, comunica��o e atividades financeiras, imobili�rias, profissionais e administrativas (5,1%, ou mais 568 mil pessoas)

*Servi�os art�sticos, culturais, esportivos e recreativos; servi�os pessoais, de manuten��o e reparos de equipamentos e de objetos pessoais e dom�sticos.

**Os demais grupos de atividades n�o tiveram varia��es significativas, segundo o IBGE

Fonte: IBGE

� importante lembrar que os dados de ocupa��o do IBGE n�o consideram apenas os empregos formais (com carteira assinada), mas tamb�m os trabalhos informais. Entre os trabalhadores por conta pr�pria (os tamb�m chamados aut�nomos), considera tanto aqueles com CNPJ quanto sem.

'Mais emprego do que PIB'

Geralmente, os economistas esperam que as movimenta��es no mercado de trabalho acompanhem a atividade econ�mica com um certo atraso, como aponta a pesquisadora do Ipea Maria Andreia Lameiras.

"Em momentos em que a economia j� est� em crise, o mercado de trabalho demora um pouco mais a entrar em crise. E acontece tamb�m o contr�rio. Momentos que a economia vai se recuperando primeiro, o mercado de trabalho vem se recuperando depois", diz.

No entanto, essa regra geral n�o parece se aplicar para a atual situa��o. A economista destaca a caracter�stica particular dos impactos da crise mais recente, "vinda de um fator de sa�de" e lembra que as restri��es em resposta � pandemia afetaram especialmente o setor de servi�os, que puxa muito o mercado de trabalho no Brasil.

Agora, diz Lameiras, "tudo aquilo que foi muito afetado na pandemia volta a crescer com for�a". "A gente tem um aumento brutal da demanda por servi�os e a gente sabe que o setor de servi�os � o que mais emprega no Brasil. Ent�o toda a demanda reprimida que a gente tinha, por conta da pandemia, ela chega no mercado de uma vez s�. Fora isso, voc� tem o Aux�lio Brasil, que est� botando dinheiro na economia como um todo."

Ela destaca os crescimentos de ocupa��es nas �reas de servi�os prestados �s fam�lias, inclusive de servi�os dom�sticos (empregada ou diarista), recrea��o, lazer, beleza e est�tica.


Empregada doméstica
A �rea de servi�os dom�sticos, que inclui empregadas e diaristas, est� entre as que apresentaram maior crescimento (foto: Getty Images)

Borges, do FGV IBRE, diz que a melhor express�o para sintetizar o comportamento da economia brasileira no �ltimo ano - e principalmente no primeiro semestre de 2022 — � que "a gente tem mais emprego do que PIB".

Ele faz a ressalva de que as atuais previs�es para o PIB de 2022, hoje em torno de 2%, est�o maiores do que estavam h� alguns meses (quando alguns analistas chegaram a projetar que o PIB poderia inclusive encolher neste ano). "Por v�rias raz�es: as commodities subiram depois da guerra; a gente afastou risco de apag�o que estava nos assombrando no final do ano passado por conta da estiagem; a gente tamb�m tem esse conjunto de medidas de est�mulo que o governo est� adotando, algumas com vi�s claramente eleitoreiro, mas obviamente que isso acaba ajudando a economia".

Mesmo com esse aumento nas previs�es, no entanto, Borges diz que os dados de ocupa��o est�o melhores do que a teoria indicaria. Segundo a chamada Lei de Okun, que faz uma rela��o entre a evolu��o da taxa de desemprego e a din�mica do PIB, a taxa de desemprego estaria mais pr�xima de 11% (do que de 9%) para um PIB de cerca de 2%, segundo os c�lculos do economista.

E o que explica isso? Em parte, diz ele, as caracter�sticas das �reas que est�o puxando essa melhora. "A gente v� que o PIB brasileiro est� sendo muito puxado neste ano e desde o final do ano passado por alguns segmentos que demandam muita m�o de obra, principalmente os servi�os — 'outros servi�os' de um modo geral, servi�os dom�sticos — e constru��o civil".


mulher trabalha em tablet dentro de um galpão
Para gerar emprego de qualidade, economistas apontam que pa�s precisa crescer de forma forte e sustent�vel (foto: Getty Images)

Sal�rio menor e n�mero recorde de informais

No entanto, isso tamb�m ajuda a explicar a queda nos sal�rios reais. "Esses setores demandam muita m�o de obra, mas, ao mesmo tempo, pagam sal�rios baixos, geralmente pouco acima do sal�rio m�nimo, e isso ajuda a entender um pouco outro aspecto: os sal�rios reais est�o caindo tamb�m", diz Borges.

Ele destaca que isso n�o seria o esperado. "� uma situa��o meio diferente, porque com um desemprego de 9,3%, a gente esperaria que o comportamento dos sal�rios estivesse mais favor�vel", diz. "Ent�o os sal�rios est�o realmente perdendo, e bastante, da infla��o, mesmo com a economia gerando mais e mais empregos em termos quantitativos."

Tamb�m chama aten��o o n�mero recorde de trabalhadores sem carteira assinada no setor privado (13 milh�es), o maior da s�rie. O aumento foi de 23% na compara��o com igual per�odo do ano anterior — bem maior que a alta de 11,5% do n�mero de empregados com carteira assinada no mesmo per�odo.

Lameiras considera "natural" a for�a do emprego informal neste momento, visto que foi o que mais sofreu na pandemia e destaca que o setor de servi�os, que puxa o crescimento "� um setor realmente intensivo em m�o de obra informal".


mulher caminha com sacolas de compras em rua de mercado no Rio de Janeiro
'Os sal�rios est�o realmente perdendo, e bastante, da infla��o, mesmo com a economia gerando mais e mais empregos', diz Borges (foto: Reuters)

A economista diz, ainda, que � esperado que, na sa�da de uma recess�o, o emprego informal apare�a primeiro, enquanto o empregado "n�o tem muito claro se esse processo de retomada de crescimento � um processo duradouro". "Enquanto ele n�o tiver esta certeza, ele vai deixar aquele trabalhador ali na informalidade", diz.

"O emprego informal sempre vai ter, mas a gente pode diminuir, trazendo esse trabalhador sem carteira para o trabalhador com carteira, esse conta pr�pria para um conta pr�pria com CNPJ — e o caminho � crescimento econ�mico. N�o existe maneira mais eficaz de criar emprego de qualidade do que crescendo de maneira forte e sustent�vel."

Borges acredita que o Brasil terminar� 2023 com um crescimento em torno de 2% e um desemprego na casa dos 9%, mas diz que o quadro � mais incerto para o pr�ximo ano.

"Muitas dessas medidas que o governo est� usando para impulsionar o PIB neste ano t�m vida curta. Elas v�o antecipar consumo e antecipar PIB para este ano e, entre aspas, roubar isso do ano que vem. E a� obviamente que isso acaba impactando o mercado de trabalho negativamente ao longo de 2023".

- Este texto foi publicado emhttps://www.bbc.com/portuguese/brasil-62391283

Sabia que a BBC est� tamb�m no Telegram? Inscreva-se no canal.

J� assistiu aos nossos novos v�deos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!


receba nossa newsletter

Comece o dia com as not�cias selecionadas pelo nosso editor

Cadastro realizado com sucesso!

*Para comentar, fa�a seu login ou assine

Publicidade

(none) || (none)