
A queda da infla��o fez o Banco Central (BC) interromper o ciclo de alta dos juros ap�s um ano e meio de reajustes seguidos. Nesta quarta-feira (21), por 7 votos a 2, o Comit� de Pol�tica Monet�ria (Copom) manteve a taxa Selic, juros b�sicos da economia, em 13,75% ao ano. A decis�o era esperada pelos analistas financeiros.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e os diretores Bruno Serra Fernandes, Carolina de Assis Barros, Diogo Abry Guillen, Maur�cio Costa de Moura, Ot�vio Ribeiro Damaso e Paulo S�rgio Neves de Souza votaram pela manuten��o da taxa. Os diretores Fernanda Magalh�es Rumenos Guardado e Renato Dias de Brito Gomes votaram pela eleva��o em 0,25 ponto.
De mar�o a junho do ano passado, o Copom tinha elevado a taxa em 0,75 ponto percentual em cada encontro. No in�cio de agosto, o BC passou a aumentar a Selic em 1 ponto a cada reuni�o. Com a alta da infla��o e o agravamento das tens�es no mercado financeiro, a Selic foi elevada em 1,5 ponto de outubro do ano passado at� fevereiro deste ano. O Copom promoveu dois aumentos de 1 ponto, em mar�o e maio, e dois aumentos de 0,5 ponto, em junho e agosto.
Antes do in�cio do ciclo de alta, a Selic tinha sido reduzida para 2% ao ano, no n�vel mais baixo da s�rie hist�rica iniciada em 1986. Por causa da contra��o econ�mica gerada pela pandemia de covid-19, o Banco Central tinha derrubado a taxa para estimular a produ��o e o consumo. A taxa ficou no menor patamar da hist�ria de agosto de 2020 a mar�o de 2021.
INFLA��O
A Selic � o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a infla��o oficial, medida pelo �ndice Nacional de Pre�os ao Consumidor Amplo (IPCA). Em agosto, o indicador fechou em 8,73% no acumulado de 12 meses, ap�s ter se . Esse foi o segundo m�s seguido de infla��o negativa, por causa da queda do pre�o da energia e da gasolina.
Apesar da desacelera��o recente, o valor est� acima do teto da meta de infla��o. Para 2022, o Conselho Monet�rio Nacional (CMN) fixou meta de infla��o de 3,5%, com margem de toler�ncia de 1,5 ponto percentual. O IPCA, portanto, n�o podia superar 5% neste ano nem ficar abaixo de 2%.
No Relat�rio de Infla��o divulgado no fim de junho pelo Banco Central, a autoridade monet�ria estimava que o IPCA fecharia 2022 em 8,8% no cen�rio base. A proje��o, no entanto, est� desatualizada e dever� ser revista para baixo por causa das desonera��es sobre a gasolina e o g�s de cozinha. A nova vers�o do relat�rio ser� divulgada no fim de setembro.
As previs�es do mercado est�o mais otimistas. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com institui��es financeiras divulgada pelo BC, a infla��o oficial dever� fechar o ano em 6%. No in�cio de junho, as estimativas do mercado chegavam a 9%.
CR�DITO MAIS CARO
A eleva��o da taxa Selic ajuda a controlar a infla��o. Isso porque juros maiores encarecem o cr�dito e desestimulam a produ��o e o consumo. Por outro lado, taxas mais altas dificultam a recupera��o da economia. No �ltimo Relat�rio de Infla��o, o Banco Central projetava crescimento de 1,7% para a economia em 2022.
O mercado projeta crescimento um pouco maior. Segundo a �ltima edi��o do boletim Focus, os analistas econ�micos preveem expans�o de 2,65% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e servi�os produzidos pelo pa�s) neste ano.
A taxa b�sica de juros � usada nas negocia��es de t�tulos p�blicos no Sistema Especial de Liquida��o e Cust�dia (Selic) e serve de refer�ncia para as demais taxas de juros da economia. Ao reajust�-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os pre�os, porque juros mais altos encarecem o cr�dito e estimulam a poupan�a.
Ao reduzir os juros b�sicos, o Copom barateia o cr�dito e incentiva a produ��o e o consumo, mas enfraquece o controle da infla��o. Para cortar a Selic, a autoridade monet�ria precisa estar segura de que os pre�os est�o sob controle e n�o correm risco de subir.
