
O caminho para limpar o nome � mais tortuoso do que parece no discurso pol�tico. Tema recorrente nas propostas dos candidatos a cargos eleitorais, o endividamento das fam�lias brasileiras � motivo de preocupa��o entre especialistas, que pedem paci�ncia a quem est� sem dinheiro para pagar as contas, e prud�ncia contra empr�stimos banc�rios que podem levar ao superendividamento. Para eles, vale at� criar um caderninho de anota��es e aplicar um post-it no cart�o de cr�dito f�sico como lembrete para evitar compras desnecess�rias.
O alto �ndice de endividamento causou um movimento pela renegocia��o de d�vidas, envolvendo bancos e empresas de avalia��o de cr�dito. Institui��es financeiras como Banco do Brasil, Bradesco e Santander mant�m programas para aliviar a situa��o dos endividados. A eles se juntam plataformas como Serasa, Acordo Certo e Bravo, que oferecem aos consumidores, on-line, a chance de resolverem pend�ncias financeiras com descontos que podem, em alguns casos, chegar a 90%.
Apenas no Serasa, mais de 5 milh�es de pessoas acessaram o servi�o Serasa Limpa Nome, nos oito primeiros meses deste ano, em busca de informa��es sobre como sair do endividamento. O n�mero � 14% superior ao registrado no mesmo per�odo do ano passado. Desse total, 53% encontraram oportunidades para negociar as d�vidas, segundo informa��es do �rg�o.
Passo a passo
O modelo oferecido pelas plataformas � parecido. Nelas, o consumidor pode consultar as d�vidas fornecendo o n�mero do CPF. No caso da Serasa, cujo aplicativo tamb�m est� dispon�vel no Google Play e na App Store, as consultas podem ser feitas por meio de liga��o gratuita, pelo n�mero 0800 591 1222, e pelo WhatsApp (11) 99575-2096. A consulta tamb�m est� acess�vel em qualquer ag�ncia dos Correios, por�m, n�o de forma gratuita. Para isso, � preciso pagar uma taxa de R$ 3,60.
Ap�s a consulta, o site direciona o consumidor para uma p�gina que re�ne todas as suas poss�veis d�vidas. No mesmo endere�o, ele recebe dos credores, previamente cadastrados na plataforma, ofertas de renegocia��o das d�vidas. Ainda on-line, o consumidor pode pedir para pagar o montante devido, baixar o boleto e concluir o processo, limpando o nome.
O setor de telecomunica��es foi respons�vel por 54% dos acordos firmados neste ano, abrangendo d�vidas com empresas de telefonia, internet e tev� por assinatura. As securitizadoras, empresas que intermedeiam a negocia��o de d�vidas, responderam por 27% dos acordos. O setor de varejo responde por 8% das negocia��es.
Por regi�o, o Sudeste registrou o maior n�mero de renegocia��es no per�odo, com 45% dos casos. Logo em seguida v�m o Nordeste (22%), o Sul (12%), o Norte (9%) e o Centro-Oeste (com 8%). Goi�s foi o estado do Centro-Oeste com maior n�mero de pessoas que buscaram negociar as d�vidas por interm�dio do Serasa, com 169.416 interessados. O Distrito Federal registra 83.092 procedimentos.
Organiza��o
Para Aline Maciel, gerente do Serasa Limpa Nome, a procura crescente por informa��es confirma o interesse dos brasileiros em pagar as suas d�vidas. "O consumidor geralmente desconhece as ofertas dispon�veis e acredita que, s� ap�s muitos anos, o valor da d�vida pode cair a ponto de ele ter condi��es para negociar, mas essa n�o � a realidade. Independentemente do tempo da d�vida, � bem poss�vel existir uma oferta muito interessante para renegocia��o, com descontos especiais", explicou.
Economista da Confedera��o Nacional do Com�rcio (CNC), Izis Ferreira diz que a primeira dica para evitar o peso das d�vidas � retomar uma velha conhecida t�tica dos brasileiros: anotar os gastos. "Os consumidores podem anotar as compras em uma caderneta e colocar um post-it no verso do cart�o de cr�dito f�sico para manter o alerta sobre o valor da d�vida. Tomando como exemplo o cart�o de cr�dito, precisamos lembrar que ele � como uma terceira pessoa, e que a gente paga para usar o dinheiro de outra pessoa", explicou Ferreira.
Outra informa��o importante � estar atento aos juros cobrados no cart�o. "Mesmo quando dizemos que a compra � sem juros, eles v�m embutidos no valor total da fatura. Organiza��o e controle s�o fundamentais, ainda mais quando estamos numa situa��o de infla��o alta. Nesse momento, o mais importante � ser conservador em rela��o ao consumo."
A consultora cont�bil Dora Ramos, CEO da Fharos Contabilidade e Gest�o Empresarial, frisa que, para sanar as d�vidas, o consumidor precisa ter clareza sobre quem � o credor, organizar as finan�as e avaliar qual o valor dispon�vel para pagar os compromissos. "Por exemplo, se uma fam�lia tem R$ 3 mil de ganhos mensais, mas R$ 2 mil j� est�o comprometidos com as contas fixas, ela precisa avaliar o que pode sobrar do R$ 1 mil restantes, e n�o da renda total. Sempre, � claro, levando em considera��o os gastos vari�veis e os imprevistos financeiros do dia a dia."