Aloizio Mercadante

Mercadante afirmou que prop�s que o governo e a federa��o discutam um projeto de lei para reduzir a TLP (Taxa de Longo Prazo)

EVARISTO SA / AFP
O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econ�mico e Social), Aloizio Mercadante, e seu diretor financeiro, Alexandre Abreu, defenderam nesta ter�a (31/1) mudan�as na TLP, a taxa de juros de longo prazo cobrada pelo banco. Ambos, no entanto, afirmaram que o banco de fomento n�o pretende retomar pol�ticas de cr�dito subsidiado, e que qualquer ajuste n�o ser� bancado pelo Tesouro.

Ap�s encontro com a Febraban (Federa��o Brasileira dos Bancos) pela manh�, Mercadante afirmou que prop�s que o governo e a federa��o discutam um projeto de lei para reduzir a TLP (Taxa de Longo Prazo).

Atualmente, ela considera o �ndice de pre�os do consumidor (IPCA, a infla��o oficial) mais a taxa de juros real dos t�tulos do Tesouro (NTN-B). A TLP remunera as principais fontes de recursos para os empr�stimos do BNDES.

Mercadante descartou, por�m, uma eventual volta da TJLP. "O BNDES n�o precisa e n�o tem condi��es de receber subs�dios do Tesouro, mas tem espa�o para reduzir essa taxa de juros e queremos fazer isso em conjunto com a Febraban", afirmou.

Ele tamb�m defendeu a necessidade de redu��o de juros e do spread e disse esperar que o banco consiga ser mais presente na Febraban.

"Estamos com a maior taxa de juros da economia mundial, temos que reduzir spreads. O setor p�blico, junto com o setor privado, vai melhorar o cr�dito para produzir mais e gerar mais emprego no Brasil", disse.

 

 

� tarde, durante evento promovido pelo Credit Suisse, o diretor financeiro do BNDES, Alexandre Abreu, tamb�m afirmou que pretende fazer ajustes para baratear a TLP (Taxa de Longo Prazo), mas sem usar recursos p�blicos para financiar a opera��o.

"Hoje a TLP acabou ficando, em alguns momentos, maior do que a Selic [taxa b�sica de juros]. Ou seja, o BNDES estava cobrando em seus empr�stimos mais valores, um percentual maior, do que o pr�prio financiamento da d�vida do governo."

Mudan�as na TLP, no entanto, despertam o temor de analistas de uma nova interven��o na economia via juros subsidiados, como o que foi feito durante o governo Dilma Rousseff.

Afastando especula��es, Abreu disse que, nos �ltimos anos, o BNDES devolveu para o Tesouro Nacional R$ 628 bilh�es, e que a ideia n�o � "pegar isso de volta". O objetivo, ele afirmou, � usar outros mecanismos de financiamento para aumentar a participa��o em projetos.

Como Mercadante, Abreu refor�ou que n�o haver� nenhum tipo de subs�dio nos financiamentos do banco de fomento, pois n�o h� espa�o fiscal para este tipo de pol�tica.

"N�o h� espa�o fiscal no Brasil hoje para tirar dinheiro do Tesouro e subsidiar em larga escala uma opera��o de financiamento. E n�o h� necessidade", afirmou.

Segundo o diretor, o BNDES tem capacidade de atrair recursos sem precisar usar dinheiro p�blico. Ele disse que uma pequena participa��o do banco num projeto, por exemplo, � capaz de sinalizar que aquele investimento est� dentro dos interesses do governo, o que ajuda a atrair investidores estrangeiros e nacionais.

"Temos a miss�o de tornar o dinheiro � disposi��o do BNDES cada vez mais eficiente, de forma a reduzir o pre�o final para o tomador, mas nunca onerando o Tesouro Nacional."

Sobre as estrat�gias para conseguir fazer isso, ele mencionou instrumentos como capta��es internacionais que, somadas �s dom�sticas, podem permitir um mix para oferecer uma taxa de juros menor.

Segundo Abreu, nos anos 1990, o banco de fomento fazia um desembolso anual da ordem de 2% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos anos 2000, esse valor chegou a 4%, e hoje est� em 0,7% do PIB.

"N�s entendemos, em princ�pio, que 4% � um exagero. Talvez n�o tenha espa�o para isso. Mas, talvez, voltar ao que foi o papel hist�rico [do banco] de 2%, possa ser um bom indicador", afirmou. "Mas, volto a afirmar, sem que haja nenhum tipo de subs�dio do Tesouro, porque o Tesouro n�o tem espa�o fiscal para isso", acrescentou.

O evento tamb�m teve a participa��o de Nat�lia Dias, nomeada diretora de mercado de capitais do BNDES. De acordo com ela, o aumento do desembolso deve ocorrer de forma complementar a outros instrumentos.

Uma das maneiras, ela disse, � usar mecanismos —como coinvestimento em fundos— onde o banco de fomento usa sua expertise de an�lise para atrair recursos privados.

Prioridades do BNDES

Abreu disse que a nova diretoria do BNDES ainda est� definindo qual ser� o planejamento para a gest�o, mas que j� h� alguns pontos priorit�rios onde a institui��o pretende atuar.

Um dos focos ser� o que chama de reindustrializa��o. Segundo o diretor, o Brasil j� chegou a ter 27% do PIB baseado na atividade industrial, valor que hoje � de cerca de 11%.

"� important�ssimo sermos um pa�s exportador de produtos agr�colas, mas trazer o Brasil para um n�vel de industrializa��o mais adequado est� dentro das nossas prioridades" afirmou.

O diretor ainda listou outras medidas, como o apoio que o banco pretende dar a projetos de infraestrutura, ponderando que o modelo preferido ser� o de parceria com a iniciativa privada. "N�o faz sentido o BNDES atuar em �reas onde o mercado de capitais se resolve sozinho. A nossa ideia n�o � competir, jamais. � trabalhar em coopera��o com o mercado financeiro."

Outro ponto de aten��o da nova gest�o ser� o fomento � transi��o energ�tica. Segundo Dias, o Brasil tem boa capacidade de alavancar fundos para financiar projetos de impacto socioambiental —e o BNDES pode ajudar nisso.

Os diretores destacaram que a prioridade de reindustrializar o Brasil caminha ao lado da constru��o de uma agenda verde. Um exemplo disso s�o os projetos de hidrog�nio verde, que j� est�o no radar do banco de desenvolvimento.

Segundo a diretora, executivos do banco se reuniram com membros do governo alem�o nesta segunda (30), que demonstraram muito interesse em tirar do papel as iniciativas de hidrog�nio verde no Brasil.

"Definitivamente � uma pauta em que conseguimos conciliar as duas agendas: a transi��o energ�tica e investimentos para produ��o", disse.