entrada de uma das lojas americanas

Loja no Nova America Mall, no Rio: estado tem maior n�mero de unidades e terceirizados est�o sendo desligados

Mauro Pimentel/AFP

A Americanas, uma das maiores varejistas do pa�s, que entrou em recupera��o judicial no �ltimo dia 19, come�ou ontem os cortes de pessoal. As demiss�es come�aram no Rio de Janeiro, sede da companhia, que foi fundada em 1927 por imigrantes americanos.

A pr�xima etapa deve ser S�o Paulo, onde est� concentrado o maior n�mero de lojas e CDs (centros de distribui��o) da varejista. Os cortes, neste primeiro momento, devem envolver funcion�rios indiretos, mas tamb�m ser�o estendidos ao pessoal contratado em regime CLT.
Em outras pra�as, onde existem menos pontos de venda, como em Porto Alegre, por exemplo, as demiss�es j� atingem funcion�rios com menos de um ano de casa. Procurada, a Americanas negou, por meio da sua assessoria de imprensa, que haja demiss�es. Disse que “apenas interrompeu alguns contratos de empresas fornecedoras de servi�os terceirizados”.

Uma dificuldade adicional para os cortes � que, na pressa em apresentar a sua recupera��o judicial, para n�o ter receb�veis bloqueados por bancos credores, a Americanas n�o incluiu os funcion�rios no processo. Ou seja, o valor devido aos trabalhadores dispensados n�o poder� entrar no processo de recupera��o judicial e dever� ser pago normalmente pela empresa. A varejista soma cerca de R$ 43 bilh�es em d�vidas com credores. S�o cerca de 45 mil funcion�rios diretos e aproximadamente 60 mil indiretos.

O Sindicato dos Comerci�rios do Rio de Janeiro afirmou que, at� o in�cio da tarde, n�o havia recebido informa��es sobre demiss�es na Americanas. Ao lado de centrais sindicais, a entidade anunciou a realiza��o de um ato em defesa dos trabalhadores da rede. A manifesta��o est� prevista para sexta-feira, na Cinel�ndia, no Centro do Rio. Na segunda-feira, representantes de sindicatos comerci�rios de v�rias regi�es do pa�s se reuniram com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, para debater os efeitos da recupera��o judicial da Americanas sobre os trabalhadores do setor.

“N�s j� temos conhecimento que as demiss�es come�aram, mas a empresa n�o se comunica e deixa os funcion�rios aflitos, em estado de apreens�o”, disse Nilton Neco Souza da Silva, representante dos comerci�rios da For�a Sindical e presidente do Sindicato dos Empregados no Com�rcio de Porto Alegre.

N�s j� temos conhecimento que as demiss�es come�aram, mas a empresa n�o se comunica e deixa os funcion�rios aflitos, em estado de apreens�o

Nilton Neco Souza da Silva, presidente do Sindicato dos Empregados no Com�rcio de Porto Alegre


Fechadas

Os cortes devem ocorrer, principalmente, devido � necessidade de fechamento de lojas. Os n�meros s�o incertos, mas existe a expectativa de que ao menos 30% dos pontos de venda fechem as portas, a fim de reduzir os custos fixos com aluguel e pessoal.

O �ltimo balan�o da varejista, referente ao terceiro trimestre de 2022, indicava uma rede com 3.601 pontos de venda, incluindo as franquias do Grupo Unico (Imaginarium, Puket, MinD e LoveBrands) e da Local (que, junto com as lojas BR Mania, integravam a joint venture Vem Conveni�ncia, desfeita pelo grupo Vibra no �ltimo dia 23). Esses pontos, por�m, n�o est�o envolvidos na recupera��o judicial.

Mas a rede de hortifr�tis Natural da Terra (79 lojas), comprada pela Americanas em novembro de 2021, est� no processo de recupera��o judicial. Al�m delas, as lojas que podem ser fechadas pertencem ao formato tradicional Americanas (1.017 pontos) e ao modelo Americanas Express (783 pontos). Juntos, os dois formatos somam quase 1,3 milh�o de metros quadrados.

A Americanas tamb�m come�ou a convocar executivos em cargo de ger�ncia e diretoria para o trabalho presencial (eles trabalhavam remotamente desde o in�cio da pandemia). A empresa conta com a impopularidade dessa medida para fazer com que os executivos pe�am demiss�o – o que vai onerar menos a companhia, uma vez que s�o cargos de mais alto sal�rio. Permaneceriam no home office apenas os trabalhadores da �rea administrativa na fun��o de analistas.